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Miranda desviou o olhar do olhar da morena e seguiu para a poltrona sentando-se, pegou a taça de vinho e levou aos lábios voltando a encarar a cidade.

— As meninas parecem cansadas.

— Eu notei — Disse sem olhar para a morena.

— Poderíamos fazer um piquenique com elas amanhã a tarde.

— Se elas quiserem — Circulou a boca da taça com a ponta dos dedos.

— Eu estou tentando ter uma conversa com você, Miranda, você poderia ao menos me olhar?

— Engraçado você querer conversar agora — Disse e a olhou — Eu passei o dia tentando conversar, não só hoje como os dias anteriores e você só me respondeu quando foi satisfatório responder ou quando nossas filhas estavam por perto, você viu outra mulher me beijar e evitou o assunto, chorou nos meus braços e no dia seguinte me evitou como se nada houvesse acontecido, eu passei dias planejando essa viagem e escutei que eu uso objetivos para conquistar no lugar de pequenos gestos — Andrea sentia às lágrimas caírem — Eu passei os últimos dias fazendo pequenos gestos pra você, Andrea, na verdade eu passei os últimos seis anos fazendo isso, mas nos últimos dias você preferiu evitar tudo o que eu fiz, as flores em cima da sua mesa, os cafés da manhã com tudo o que você mais gosta de comer, preparei uma viagem para o lugar que você mais queria ir e com jantares e visitas a lugares que você sempre comentou, eu sinceramente, não sei o que quer de mim, Andrea, não faço ideia, acho melhor você ir descansar, amanhã passaremos o dia com as meninas e durante a madrugada voltaremos para Nova York, isso é tudo.

— Não me trate como suas funcionárias.

— Melhor do que não trata-la, já que como esposa você não se importa — Disse voltando a olhar para a janela e fechou os olhos contendo a vontade de chorar.

.§.

Andrea olhou para as filhas sentadas em sua frente tomando café concentradas, Miranda não estava presente, estava resolvendo tudo para a volta.

— O que querem fazer hoje?

— Passear.

— Aonde querem ir? — As duas ficaram pensativas.

— Ao museu.

— Tudo bem — Disse sorrindo.

— Amanhã podemos ir ao parque outra vez?

— Não meu amor — Disse olhando para Caroline — Iremos voltar para casa durante a madrugada.

— Mais por que?

— Hum... Eu e a mamãe, bom — Tentou pensar em uma forma de dizer.

— Estamos brigadas.

— Miranda! — Repreendeu a mais velha, Miranda não a respondeu ou a olhou.

— Vocês não podem brigar, vão ficar de castigo, eu não posso brigar com a Caro e você não pode brigar com a mamãe.

— Meu bem... — Disse olhando para a filha que tinha o semblante sério e os braços cruzados.

— Façam as pazes ou não vamos falar com vocês.

— Caro — Andrea a repreendeu.

— Não briga com a Caro, mommy, nós estamos tristes com você.

— Só comigo? — Perguntou incrédula — E com a mãe de vocês? Não vão brigar com ela também?

— Estamos de mal das duas.

— Miranda! — Disse encarando a mais velha que apenas ignorou tomando seu café.

.§.

Cassidy e Caroline caminhavam mais a frente dentro do museu sem afastarem-se muito das mães, Miranda tinha o seu olhar atento nas duas que andavam de mãos dadas como se a qualquer momento uma fossem perder-se uma da outra.

Andrea evitava qualquer contato com Miranda, apenas caminhavam uma ao lado dá outra, o silêncio era incômodo, mas nenhuma o desfez, as duas ruivas hora ou outra pensavam em pedir ou dizer algo que achavam interessante para as mães, mas logo recordavam-se de que elas estavam de castigo por estarem brigas e uma comentava com a outra, esquecendo-se das mães novamente.

— Cass, Caro, vamos — Miranda as chamou, as duas ruivas a olharam e caminharam em sua direção em silêncio, entraram no carro sentando-se uma ao lado da outra e cochicando sobre as coisas que tinham visto.

— Sobre o que conversam?

— Você e mamãe já estão de bem? — Cassidy perguntou com a sobrancelha erguida e os braços cruzados.

Andrea olhou para Miranda de canto de olho, a mais velha olhava a cidade passar diante da janela do carro, Andrea voltou a olha-las como se fosse culpada e as duas voltaram a conversar em cochichos.

— Vocês não podem ficar sem falar comigo, eu sou a mommy, lembra? Vocês vão precisar pedir permissão pra mim quando quiserem algo.

— Não vamos querer nada — Caroline disse séria, Andrea revirou os olhos, ambas eram cópias exatas de Miranda quando estava insatisfeita com algo.

.§.

O início da madrugada chegou, Andrea pegou Cassidy nos braços descendo as escadas e a menina tratou de ir para os braços de Mary, assim como Caroline fez indo para os braços de Dinah.

Miranda não dizia nada, mas Andrea revirava os olhos a cada atitude da filhas.

Foram levadas para o aeroporto e logo entraram no jatinho, Cassidy e Caroline foram postas nas poltronas por Mary e Dinah e logo cobertas, as babás ficaram próximas para o que precisassem.

Andrea olhou para Miranda que estava atenta ao lado de fora do jatinho e acomodou-se melhor na poltrona fechando os olhos e soltou o ar com certa força.

Às horas dentro da aeronave passaram-se arrastando-se, ao menos para Miranda que não conseguira pregar os olhos desde que entraram, dormiu bem pouco após voltarem para casa após o jantar, ela suspirou olhando para Andrea que dormia tranquilamente ao seu lado.

Levantou-se com cuidado e seguiu para a poltrona do outro lado, pegou algumas pastas, os óculos e começou a trabalhar, adiantaria assuntos da semana.

Emily havia enviado-lhe durante a tarde, ao atender a ligação da editora e escutar o que ela pedira, a ruiva deu-se conta de que nada estava bem, pois em nenhuma das outras luas de mel, Miranda ligara pedindo tais coisas, muito menos voltava no dia seguinte ao aniversário delas.

.§.

Andrea suspirou abrindo os olhos e a olhou, mais uma vez Miranda estava presa ao trabalho para escapar de uma noite sem sono, sabia que a mais velha raramente perdia o sono, mas sabia que a situação que encontravam-se era o suficiente para não deixa-la dormir.

O que significava que no dia seguinte, algumas pessoas seriam demitidas se não andassem na linha.

Miranda passou a mão na nuca e torceu os lábios enquanto lia um dos textos enviados pela assistente, não percebera que a morena a observava a alguns minutos, arrumou os óculos no rosto e suspirou.

Seus pensamentos faziam sua mente trabalhar a todo vapor e nem ao menos perceber o que ocorria ao seu redor.

Levantou o olhar ao perceber a movimentação da morena e a viu virando-se de costas para si, voltou a olhar para os papéis e assim ficou até não ter nenhum trabalho a ser feito guardou tudo em suas devidas pastas e respirou fundo tirando os óculos e passando as mãos no rosto.

Apoiou a cabeça no estofado e sentiu os olhos pesarem, não protestou, apenas deixou-se levar pelo sono.

A Madrasta 3Onde histórias criam vida. Descubra agora