Without You - Herophine {CONCLUÍDA/DEGUSTAÇÃO}

OBSESSÃO

JOSEPHINE.

Acordo às cinco da manhã com meu despertador tocando. O dia ainda nem amanheceu mas meu pai me obriga a acordar mais cedo todos os dias para o "momento da meditação". Isso era uma grande besteira. Nós tínhamos que nos reunir na sala e escrever num papel qual era nosso desejo. No dia seguinte, tínhamos que ler esse papel e falar o que fizemos no dia anterior para aquilo se realizar. Repetia-se o processo incessantemente. Se fosse em qualquer outra família, eu iria julgar como um belo exercício de motivação. Porém meu pai conseguia deixar aquilo maçante.

O sr. Stephen Langford, é advogado, e minha mãe, Elizabeth, também. Incrivelmente, meus pais me criaram colocando na minha cabeça que eu deveria ser atriz. Que piada. Não. Eles queriam que eu fosse mais uma advogada. Porém, não basta ser advogada. Eu tinha que me formar em Stanford, uma faculdade super concorrida da Ivy League nos Estados Unidos da América. Com apenas 16 anos, estou cursando o último ano do ensino médio da melhor escola de Vancouver: British Columbia High School. Sim, eu sou adiantada um ano. Me considero uma das alunas mais inteligentes da escola. Eu poderia até dizer que, quem sabe, da cidade...

Natural da Austrália e habitante deste país do hemisfério norte há cinco anos, porque meu pai se mudou pra cá pois teve que vir defender o caso de um famoso político canadense. Acabou se apaixonando pelo país e um belo dia disse: "Hm, vamos ficar aqui mesmo". Aos 11 anos, que escolha eu tinha? Nem pude me despedir das minhas melhores amigas, Maddie e Sandy. Troquei essa amizade de anos pela amizade de um único garoto. Hero Beauregard Fiennes Tiffin. O britânico morava na casa ao lado há muito tempo. Advinha só, os pais dele também são advogados. As vezes eu me pego perguntando: por que os advogados acham que a profissão deles é a melhor do mundo e que todo mundo deve se formar na mesma coisa? Os nossos pais acabaram fazendo amizade. Nós brincávamos na rua de casa, que era bastante calma inclusive, andando de patinete, patins e skate. Hero não gostava de jogar vídeo games como a maioria dos meninos de 12 anos daquela época.

O irmão dele, Titan, nunca deixava ele ganhar, então ele ficava irritado e preferia ir brincar comigo, deixando sua irmã, Mercy, envolvida com as amiguinhas da escola, das quais ela falava o dia inteiro. Hero era bastante irritante as vezes pois parecia que ele queria competir comigo pra ver quem era mais sabido, quando claramente eu era a mais inteligente. Nós brincávamos de um jogo de adivinhação sempre. Tínhamos que deduzir quem era o culpado de um caso criminoso. Era como o jogo Detetive, porém com outro nome cujo não me lembro agora.

A família Tiffin também é rica. Não tanto quanto a minha, mas é. Eles colocaram Hero para estudar na mesma escola que eu, por influência dos meus pais. Eles argumentaram que aquele colégio tinha o maior número de estudantes aprovados no SAT americano. Aos 13 anos, Hero se tornou meu colega de classe. O ano letivo das escolas canadenses começa em agosto e termina em março. Meu vizinho tinha 13 e eu 12, e essa diferença de um ano era porque seu aniversário é em novembro, o que significa que quando ele fizesse 14 eu estaria 2 anos a frente dele em termos de série escolar. Ele odiava estar atrás de mim.

— Tudo bem que você vai fazer aniversário em Novembro e eu em Abril, você vai ficar sendo mais velho que eu por dois anos durante praticamente 2 meses. — Falei para irritá-lo durante o recreio. Ele sorriu com expressão de deboche.

— Grande merda — Disse indo em direção aos amiguinhos dele. Eu dei de ombros.

Desde que assumimos uma idade mais avançada, eu e Hero não éramos mais tão amigos assim. Agora ele tinha um grupo e eu tinha o meu. Éramos distintos. Quase igual água e óleo.

— Não sei por que você ainda anda com ele, é visível que ele tem inveja por que você é muito mais inteligente — Minha irmã, Katherine, que era de outra escola e já estava indo pro ensino médio, fez a observação ao retornarmos para casa com motorista particular. Eu suspendi as sobrancelhas enquanto mordia a minha maçã verde.