CHAI

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Jaipur - Rajastão 4:55pm

Selma deixou tudo previamente acertado para que nossa estadia aqui, em Jaipur, seja tranquila. Um homem alto, moreno, de bigode e cabelos escuros nos esperava com uma placa escrito "Tiffin e Langford", em frente ao desembarque internacional. Ele nos cumprimentou, cordialmente, falando um inglês carregado de sotaque. Logo, nos conduziu para uma van que nos levará até o hotel em Mirza Ismail Road, chamado Umaid Bhawan. Josephine permaneceu calada na maior parte do tempo, evitando entrar em assuntos pessoais. Em episódios aleatórios, comentava sobre as peculiaridades da paisagem, ou reclamava do trânsito.

- Boa tarde - Estendendo meu passaporte para a moça tipicamente vestida em trajes coloridos, na recepção -, check-in para três diárias reservadas no nome de Hero Fiennes-Tiffin e Josephine Langford.

Vejo seus olhos negros averiguando a reserva através da tela do computador.

- É um quarto duplo?

- Não! - Jo intervém, sem hesitar, com certa histeria na voz. - Individual, por favor. Inclino-me na direção da loira, prestes a cochichar em seu ouvido.

- Certeza?

Ao invés de me dar uma resposta mal educada, como costuma fazer, recebo silêncio em troca. Um rapaz moreno, parecido com a moça da recepção, veio para nos ajudar a levar as malas aos quartos, localizados no mesmo corredor. Eu, trouxe apenas uma bagagem pequena, que foi despachada por comodidade. Já a exagerada da Langford, trouxe uma maior do que o necessário. Sorrio agradecendo a funcionária cordial, seguindo o jovem chamado Lamar, até o elevador, observando todo o ambiente, durante esse percurso. O hotel é extremamente típico, tem referências culturais por todos os lados; os azulejos decorados poluem um pouco o visual, deixando o ambiente com muita informação, mas mesmo assim, faz eu me sentir num filme de Bollywood. Atravessamos uma grande espécie de sala, com o teto todo decorado com pinturas de flores azuis, vermelhas e verdes. Há um ventilador de teto enorme, várias luminárias clássicas penduradas, sofás verdes com estampas brancas, um espelho enorme e retangular, emoldurado em madeira escura, e vários enfeites de elefantes por toda parte. Nem 30 segundos foram necessários para chegar ao nosso andar.

Quando a porta de aço se abriu, eu visualizo um longo corredor acarpetado, com várias portas. O quarto de Langford fica de frente para o meu. Lamar coloca a bagagem da loira para dentro do cômodo, e eu apenas o agradeço, dando uma gorjeta ao pegar no puxador retrátil da minha pequena mala. Eu e Josephine ficamos parados no corredor, num silêncio profundo, ouvindo os passos do rapaz, até o elevador. Assim que ficamos sozinhos, vejo seu olhar incerto sobre o meu.

- Você quer sair mais tarde pra conhecer a região ou vai descansar? - Pergunto, antes que se tranque no próprio quarto.

Josephine hesita em responder, mas acaba não me surpreendendo.

- Acho que vou ficar no meu quarto descansando um pouco, obrigada.

- Tudo bem. Até amanhã, Josephine.

- Até amanhã, Hero. - Despede-se com um sorriso fraco, sumindo atrás da porta de madeira.

Eu sou explorador. Eu havia dormido bem no voo noturno então, só queria trocar de roupa e descobrir a magia da vizinhança agitada. Logo que sai na rua do hotel, me deparei com uma vaca. Eu ri sozinho pois sempre via isso nos filmes e achei que era um exagero da produção colocar vacas andando pelas ruas, como se fossem cachorros. Porém, era totalmente comum. Mais alguns passos em direção a descida da rua, contabilizei mais duas vacas. Uma preta e uma rajada. Os indianos são agitados. Eles andam rápido, não esperam os outros atravessarem as ruas, dirigem uma espécie de moto misturada com carro, gritam com os animais, as crianças correm na frente dos adultos, vendem coisas nas calçadas...É um verdadeiro choque cultural.

Without You - Herophine {CONCLUÍDA/DEGUSTAÇÃO}Onde histórias criam vida. Descubra agora