MADRUGADA

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— O que você ficou fazendo antes do santo Shane salvar sua alma? Ficou enclausurada em casa estudando? — Esboço um sorriso, admitindo. Hero me conhece muito bem. — Não acredito que você fez isso! — Ele faz um beicinho debochado, forçando o lábio inferior para baixo.

— Realmente, cheguei a conclusão de que você mudou bem mais do que eu — Confesso, soando mais sincera do que jamais pensei. — Você venceu esse jogo.

— Você precisa saber o que é diversão, mulher. — Hero protesta, revirando os olhos. — E aprender que nem tudo é um jogo na vida.

— Eu sei o que é diversão! — Replico, cruzando os braços.

— Josephine, você perdeu o BV com um menino por obrigação, qual é?! Nunca soube o que era diversão. — Ele rebate, impulsionando os ombros para trás.

Eu era apenas uma pirralha quando aconteceu. Aos 13 anos, quando eu e Hero demos início ao árduo processo de afastamento, houve uma festinha de aniversário de uma amiga em comum. Quando você é adolescente, festas se tornam sinônimos de oportunidade.

Oportunidade de fazer coisas novas, irresponsáveis, de burlar a lei dos adultos, provando algum gole de uma bebida alcoólica horrível, brincar de jogos proibidos para menores de dezesseis e etc. Foi exatamente tudo isso que aconteceu na festa de aniversário de Kenzie. Hero estava presente com o seu grupinho e eu estava com o meu. 

Durante uma brincadeira estúpida e clichê chamada "verdade ou desafio", eu perdi meu BV na frente de umas onze pessoas. O meu vizinho observou a cena, com cara de indiferença. Na época, eu comecei a odiá-lo pois achava que havia uma rejeição rolando ali. Acho que seria bom se eu tivesse perdido o BV com Hero ao invés de perder com Eddie. Foi desajeitado, constrangedor e definitivamente, não foi bom! Molhado demais, eu diria. Me deixou com náuseas, porém, durante todo o fulgor daqueles adolescentes explodindo em hormônios, eu fingi que tinha sido incrível e segui o fluxo da brincadeira sem pestanejar.

Ao ter a cabeça inundada pelas memórias, opto por inverter o jogo, devolvendo a pergunta infâme ao próprio autor.

— E você, disse que ficava com a Khadijha no ínicio da faculdade. Por que não namoraram? Ela não era linda e gente boa?

Hero

Me recordei do dia que acordei e joguei a calcinha de Khadijha no lixo, sem querer. Encontrar uma mulher na minha cozinha de manhã não estava nos meus planos. Ela não era minha mãe, então, não deveria estar ali.


— Você quer que eu volte a noite? — A morena de cabelos cacheados perguntou, antes de sair porta afora.

— Não precisa, vou estudar no apartamento do Gaten — Menti. Dei um beijo na testa dela, e fechei a porta. Ela estava começando a me sufocar. Parecia que queria estar casada.

— Deus me livre — Pensei alto, finalmente sozinho, marchando em direção ao banheiro, com objetivo de tirar o cheiro dela de mim —, eu tenho muito pra aproveitar por aqui.

E assim o fiz. Khadijha aparecia na minha casa de vez em quando, buscando por sexo. Eu dava isso a ela, mas no dia seguinte, ela queria ficar, fazer almoço, fazer janta, limpar minha casa, queria ver filme deitada de conchinha comigo no sofá, quando na verdade isso tudo me deixava sufocado. Eu não queria uma esposa aos dezenove anos de idade. Em um desses dias de melação, ela me obrigou a assistir a primeira temporada de Gossip Girl com ela. Foi a última vez que ficamos juntos. Decidi fingir que comecei a namorar minha amiga, Audrey, só pra Khadijha sair do meu pé.

Without You - Herophine {CONCLUÍDA/DEGUSTAÇÃO}Onde histórias criam vida. Descubra agora