Josephine
Após quebrar um dos meus porta retratos num ataque de raiva por causa daquele imbecil de cabelos castanhos penteados caprichosamente com gel, eu adormeci, e quando me dei conta, o despertador tocava me informando que infelizmente eu teria que me levantar para ir ao escritório. Quando eu voltei para Vancouver, feliz da vida, pensei que finalmente eu ia ser absolutamente completa com um emprego incrível, fazendo o que eu nasci para fazer. Porém, isso tudo virou um martírio por causa dele, num ponto que eu estava até considerando ir embora para Austrália, para viver com a minha irmã, Katherine.
Minha mãe preparou café da manhã antes de sair. Assim que desci as escadas, senti o cheiro de panquecas, mas evitei comê-las pois não queria vomitar na cara do Hero quando ele fizesse a primeira gracinha do meu lado. Desfilo pelo corredor indo em direção ao escritório, como sempre, e vejo Hero através do vidro, encostado no balcão da recepção, gargalhando feito um imbecil. Ao abrir a porta, escuto os risos de Selma, altos demais inclusive.
— Bom dia — Cumprimento os dois, sem vontade.
Tento passar direto pra ir sem tardar ao meu posto de trabalho, mas Hero me intercepta.
— Opa, hoje você escolheu um modelito digno de um filme pornô.
Não consigo olhar para ele sem disparar uma careta. Ele lança um olhar para Selma, que olha para nós dois, cobrindo a boca com a mão, segurando a risada. Acho que eu era o motivo das gargalhadas antes de entrar. É bem a cara do Hero dizer algo do tipo: "Quer apostar quanto que eu vou deixar ela sem graça quando entrar?". Parece que ele não mudou tanto assim, porque ao perceber a minha análise silenciosa, Hero também ri em seguida, colocando a mão sobre meu ombro, para acalmar meu nervosismo evidente.
— Calma, era só uma piada mulher — Justifica-se, ficando quase tão sem graça quanto Selma
Opto por omitir a resposta que eu havia desenvolvida na minha mente. Sorrio, girando os calcanhares, saindo de perto dos dois, que continuam rindo feito hienas. Entro no escritório, empesteado com o perfume de Hero, deixando a porta aberta na tentativa de me livrar do cheiro masculino exagerado. Com certeza, ele borrifou seu perfuminho medíocre em cada canto desse lugar.
Sento-me na cadeira de couro, em frente a minha mesa. Cruzo as pernas, endireitando minha coluna. Por um breve momento, me pergunto se vou precisar começar a vir para o trabalho mal arrumada, ou se todos os dias serei alvo de alguma gracinha. Realmente eu tenho escolhido modelitos um tanto impressionantes. Mais um dia de saia lápis, dessa vez, rosa malva. A camiseta social está com dois botões abertos, revelando um pequeno trecho da pele do meu colo, na medida certa, obviamente.
Há um belo e delicado colar pendurado em meu pescoço, contrastando com meus cabelos loiros ondulados, que hoje estão soltos, na altura dos seios. Meu salto é um pouco alto demais, tanto que hoje quase no mesmo nível de Hero. Ao ouvir as conversas do lado de fora cessarem, eu abro a pasta de processos que tenho de protocolar. Desdobro as pernas, cruzando-as novamente, na tentativa de ter a melhor posição e postura. Agito a cabeça dispensando essas ideias imbecis e sem nenhum propósito. Não há ninguém que eu queira impressionar aqui.
Hero entra na sala e fecha a porta. Em silêncio, ele tira o paletó e pendura em sua cadeira. O rapaz se senta e começa a digitar, calado até demais. Estranho a atitude dele de permanecer quieto, sem ouvir música, e sem nenhuma piada por alguns minutos. É o momento perfeito para analisá-lo.
O senhor Fiennes-Tiffin está imóvel, concentrado. Com a expressão séria, a linha da mandíbula dele fica mais marcada, suas maçãs do rosto, mais evidentes, seus lábios, mais... magnéticos. Os cabelos dele estão sempre perfeitos, tem um charme todo especial, apesar de eu achar brega o uso de gel em pleno século XXI. O jeito que os olhos dele se movem fitando para a tela, sorrateiramente, evidenciam o quanto ele é um profissional de respeito, apesar de tudo, eu preciso reconhecer que sim, é verdade. E ele vem me provando isso, dia após dia. Pra piorar, constato que ele é lindo. Mais lindo que o cara do bar, que me presenteou com uma tequila. Hero é cheiroso, e elegante. Me pergunto com quem ele aprendeu a escolher bons ternos, e devo admitir que sua fragrância espalhada pela sala, me deixa excitada. Ele é um completo e verdadeiro idiota mas no momento em que abre a boca todos os seus aspectos positivos caem por terra.
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Without You - Herophine {CONCLUÍDA/DEGUSTAÇÃO}
FanfictionJosephine Langford é uma garota prepotente e arrogante que consegue tudo o que quer através dos seus esforços desmedidos. Verdadeiramente insuportável, sempre quer ser a melhor em tudo o que faz e não aceita ser colocada em segundo plano. Parte de s...