NAMORANDO

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Josephine

Meu coração ainda estava acelerado. Hero demonstrou vontade, assim como eu. Ou então, eu possa estar considerando a possibilidade de estar maluca. Não é algo que eu considere fazer, óbvio, minha raiva dele ainda se sobressai diante de toda essa vontade de beijá-lo.

— Senhorita Langford? — Selma dá um passo empurrando a porta, timidamente. Eu me levanto com as pastas nos braços, sendo surpreendida por um abraço suave da secretaria.

— O senhor Tiffin acabou de me contar a novidade — Sem se afastar de mim, ela cochicha, como se fosse algum segredo, que nem eu mesma sei. —, fico muito feliz por vocês, cuida dele, ele é um rapaz de ouro.

Forço para deixar seus braços, inclinando-me para trás, procurando seus olhos.

— Selma, do que você está falando? — Meu tom de voz irritado consegue deixá-la confusa.

— O senhor Hero acabou de me dizer que vocês dois estão... — A mulher cobre a boca, como se estivesse prestes a proferir palavras preciosas recém tiradas de um baú. — namorando!

Assim que a escuto, sinto meus músculos enrijecerem. A irritação percorre meu corpo, minhas veias, assim como a adrenalina de pensar na possibilidade de que Hero está constantemente tirando uma com a minha cara, e eu não posso fazer absolutamente nada, a não ser pedir por respeito. Selma encara a minha expressão enfurecida, como se estivesse perdida num tiroteio, enquanto eu, me viro de costas, marchando com pressa até a sala do desgraçado. Seu excesso de confiança advém do cargo que ocupa, mas nenhuma hierarquia vai me impedir de colocá-lo sem seu lugar quando o assunto for pessoa.

Escancaro a porta da nossa sala, de uma vez, deparando-me imediatamente com a sua figura cínica. Tiffin está sentado, imóvel, olhando pra tela do computador, se fazendo de idiota. Ele espicha o pescoço pra mim, segurando o riso, até que eu me aproximo de sua de sua mesa, exalando indignação. Coloco as mãos sobre a superfície, apoiando-me para inclinar meu corpo para frente. A atmosfera entre nós é carregada, densa. Ele está a deriva da minha explosão, mas parece não se preocupar o bastante.

— Com todo respeito, senhor Tiffin, mas se você quer respeito, tem que me respeitar. — Analiso sua expressão endurecendo ao passo que me escuta. — Eu não tô te dando moral aqui dentro pra você chegar na secretaria e falar que namora comigo, você é meu chefe e eu sua subordinada, essa é a única relação que eu vou ter com você na minha vida, então por favor, apenas pare.

Ao invés de me pedir desculpas, ele ergue uma sobrancelha. Aquela que é marcada por uma pequena falha. Sua expressão é de deboche, o que atiça em mim, uma vontade de esmurrá-lo.

— Tudo bem, se você quer assim, eu respeito. Não brinco mais com você. — Ele afirma, gradativamente elevando seu tom de voz, até soar firme novamente. — Agora vai lá e pega um café pra mim, por gentileza Langford.

— É sério? — Pergunto, inconformada com o nível de desrespeito. Fazendo-se de sério, ele vira a cadeira giratória em direção ao monitor.

— É. Sem açúcar. Dois sachês de adoçante. Tô tentando manter a forma.

Eu respiro fundo, na tentativa árdua de manter a seriedade. Se eu abrir o dicionário e procurar a palavra Idiota, certamente encontrarei uma foto de Hero Beauregard Faulkner Fiennes-Tiffin na definição.

Aciono a cafeteira, e enquanto vejo o líquido preto sendo despejado vagarosamente na xícara, posicionada no suporte, penso diversas vezes em cuspir dentro, mas acho que eu seria pega pelas câmeras do Hall. Ao entrar de volta na sala, percebo que ele puxou a minha cadeira pro seu lado, e imaginei que quisesse que nós trabalhássemos juntos no recolhimento de dados de casos com a mesma denúncia. Já é parte do plano de defesa em execução. Por mais que eu tenha sido a melhor aluna, é péssimo reconhecer que ele manda melhor do que eu aqui. Ele quem comanda toda operação. Antigamente Hero era um garoto perdido nos baseados, nas más influências e nas bebidas, hoje vejo ele totalmente diferente. Tento ao máximo voltar ao normal, reorganizando meus pensamentos para colocá-los trabalhando a todo vapor a favor do meu trabalho.

Without You - Herophine {CONCLUÍDA/DEGUSTAÇÃO}Onde histórias criam vida. Descubra agora