Capítulo 18.2 - Raelene

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Raelene havia passado a noite em uma cela fria e escura. Fraca, a única coisa que haviam lhe dado para beber era uma água aparentemente suja. Não conseguia se mexer, porque não sentia as pernas. Viu-se com as roupas molhadas, por não conseguir controlar a urina. E ainda poderia ser pior.

Ouviu passos e pensou que finalmente ela seria poupada daquele tormento. Não entendia bem onde estava nem porque deveria morrer. Pensava muito em Artur, se ele teria tido o mesmo destino que ela, ou algo mais assustador. Seu coração de mãe doía mais do que todas as injúrias físicas que já sofrera até agora.

Um guarda abriu a porta da cela. Era o mesmo que a havia encaminhado para a tal execução. Ele destrancou as grades e dirigiu-se a ela com um sorriso maldoso. Ergueu-a por um braço, o que havia sido machucado pela agulha do soro. Ela gritou.

- Cale a boca, mulher. Você vai morrer de qualquer maneira mesmo.

- JOEL! - chamou uma voz - JOEL! DEIXE ISSO POR UM MOMENTO! 

- O QUE? - replicou o guarda, e jogou Raelene no chão novamente, irritado. 

O barulho de botas pesadas chegou até a cela, e a mulher viu outro guarda junto à entrada.

- Emergência. Capturaram uns garotos e querem o alto escalão presente durante o interrogatório. Essa aí - ele apontou para Raelene com desprezo - pode morrer mais tarde. Ou, se preferir, mande outra pessoa levá-la para o Abate. E, se tiver alguma observação, anote na ficha dela.

O guarda de nome Joel cuspiu aos pés de Raelene, que se encolheu. Ela foi deixada sozinha de novo, trancada, e em uma posição extremamente desconfortável, mas em sua mente, algumas palavras ecoavam sem parar.

"Capturaram uns garotos..."

*

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