Twenty-one

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- Isso é impossível. - Disse como uma sobrancelha arqueada.

Bufei, mas foi Amora quem respondeu.

- É possível. Sei que parece loucura mas você precisa...

- Amora! - Exclamei interrompendo-a. - Não podemos! Você não tem ideia do quanto eu quero ir la e matar aquela vadia antes que tudo aconteça! - Segurei seus ombros e olhei dentro de seus olhos. - Se a maldição não for lançada, você não existirá...

- Não me importo! Não preciso existir se isso significa a felicidade dos nossos pais.

Só em pensar naquilo, meu coração pareceu se parti em pedaços...

- Então não pense em você! Pense em nossos irmãos que não existiram! Tia Claire, o Steve! Em mim que ficarei apodrecendo naquele maldito orfanato! Pense em Andy que continuará naquela maldita casa com aquele cara que se diz pai dele!

Algo nos olhos dela pareceu acender.

- Não... - Murmurou. - Ah meu Deus...  - Ela colocou as mãos no rosto e negou com a cabeça. - Eu não acredito no que está acontecendo.

Respirei fundo e puxei seus braços e passei os meus por seu corpo.

- Eu sei Morie... - Murmurei. - Vamos só encontrar uma forma de ir-mos embora  tudo bem?

Ela assentiu devagar e só então me lembrei que não estávamos sozinhos.

- Vocês são loucos? Nada do que vocês dizem faz sentido . - Disse Joran.

Naquele momento eu desejei não ter dito revelado que eramos filhos de sua Khaleesi. Tenho certeza que agora ele não vai nos deixar em paz e quanto antes nós sairmos daqui melhor.

Amora me encarou também procurando por uma desculpa.

Respirei fundo.

- A essa hora já é tarde demais, em poucas horas Drogo vai cair do cavalo e o pesadelo de Daenerys começará. - Expliquei. - Ela precisará de você pro que vem vindo. A proteja e não saia de perto dela em hipótese alguma. Você precisa cuidar dela mais do que nunca.

Ele nos encarou desconfiado.

- Qual é. - Murmurou Amora. - Nós só queremos ir embora desse pesadelo!

Joran olhou dela pra mim para nossas mãos unidas.

- Podem ir embora, mas se eu vos voltar a ver, me deixar confuso não irá adiantar.

- Não era nossa intensão. - Disse Amora dando de ombros.

Puxei sua mão na direção oposta a ele e quando já estávamos longe o suficiente pensamos em como sair dali.

- Talvez... Precisemos falar com a bruxa.

- Não! - Exclamei. - Isso está fora de questão.

Ela bufou.

- Então nunca sairemos daqui. - Murmurou chateada.

Eu precisava pensar, não podia deixar que ela fossa ver a Mirri sei lá das quantas. Ela é louca e a existência de qualquer tipo de perigo envolvendo a Amora estava fora de questão.

- Precisamos pensar do inicio. - Murmurei pensativo. - Como nós viemos parar aqui de inicio?

- Aquela lança estranha estava enfeitiçada. - Respondeu pensativa. - Eu nunca havia conseguido ativa-la até hoje. Você pode ter sido a chave de tudo.

Neguei.

- Não é possível, eu não tenho nenhum tipo de poder, você sabe.

Amora franziu o cenho e passou a mão pelos cabelos estressada.

Depois pegou a lança e a observou meticulosamente.

Já estava cansado daquilo, só queria ir embora, ver meu filho e dormir um pouco depois de um longo banho.

Levantei a mão para pegar na lança enquanto resmungava.

- Isso é tão estr...

E aconteceu de novo.

Primeiro o susto, depois o clarão, depois tudo escuro e um lugar diferente.

Mas esse lugar era ainda mais estranho, a única luz ali presente era a que estava iluminando a mim e a Amora.

- Hora hora hora... - Ouvi aquela voz novamente, a voz que esteve presente por anos em meus pesadelos. - Até que enfim uma visita, a quanto tempo não vejo rostos diferentes. - Não conseguíamos vê-la, mas sua voz era mais que percetiva. - Eu vos conheço... Você é o bastardo da Dama prateada e do grande cavaleiro. - Disse com ironia. - Mas você está diferente, seus olhos não eram verdes da ultima vez. Sinto que teve haver com magia. Sua magia... - Acredito que agora ela se direcionou a Amora. - Diria que foi sua primeira vez, foi sem querer... não foi? - Aquilo já estava me angustiando, precisamos sair dali mas Amora parecia vidrada. - Se você tem magia naquele mundo de tecnologias e cavalos com rodas, então só pode ser filha de Daenerys e Drogo... Estranho, podia jurar que os primeiro que usariam o Satur seriam seus pais, mas o tempo aqui não é exatamente percetível sabem? - Rosnei, eu queria que ela parece de falar, eu queria sair dali. Mas minha voz não saia e Amora vidrada me deixava nervoso. - Hhmmmm... Vocês são uma família rápida. - Murmurou pensativa. - São mais férteis do que eu pensava. - Eu travei. Quer dizer, eu já estava travado, mas aquela afirmação me deixou desorientado. Já Amora, pareceu acordar de um transe e me encarar com s olhos arregalados. - Vocês não sabiam... - Disse com humor. - Não teriam como descobrir, na verdade é muito recente, recente o suficiente para os métodos humanos não conseguirem detetar.

- Como...

Ela gargalhou do murmúrio de Amora.

- O feitiço que eu usei só poderia ser concretizado por um casal que se amam verdadeiramente e estejam a espera de um fruto desse amor. - Disse com nojo. - Foi feito exclusivamente para seus pais, eu queria que eles vissem novamente aquela cena e não pudessem fazer nada para mudar.

- A SUA... MORIETUR!

A explosão de Amora foi o suficiente para que eu voltasse a raciocinar.

Logo após o feitiço ser lançado, ela caiu gritando mas antes que ela chegasse ao chão eu a segurei. Enquanto a gargalhada da bruxa explodia pelo lugar.

- O espartilho... o espartilho... - Repetiu rapidamente e eu entendi.

Abri o espartilho do vestido e me assustei ao ver a linha marcando suas costas, desde o pescoço até o inicio de suas nádegas. Ela respirou aliviada ainda fazendo careta de dor.

- Eu não posso morrer aqui bobinha. - Voltou a falar. - Vejo que andou lendo meus livros...

- Vamos sair daqui, tudo bem? - Finalmente encontrei minha voz.

Ela assentiu e pegou a lança, passei meus dedos por entre os seus e aquilo voltou a se repetir.

Mas antes a bruxa tinha algo a falar.

- Cuidado queridinha... a magia tem sempre um preço...

Fechei os olhos e abracei os ombros de Amora com cuidado. Quando voltei a abri-los, já estávamos de volta aquele quarto, nus. Amora se permitiu chorar enquanto eu a levava pra cama e a deitava de barriga para baixo e deixei sua cabeça em meu peito.

Nos enrolei e me permiti chorar também.

The ProblemOnde histórias criam vida. Descubra agora