3 anos e meio depois
O som de guitarras e baterias parecia ressoar por todo o ambiente enquanto a gritaria, os braços levantados e o suor devido a agitação do show eram características bem presentes da cena. A banda tocava loucamente seu hit mais famoso e o vocalista animava toda a plateia com seu entusiasmo. O rapaz mais próximo do palco pulava loucamente agitando as mãos e sentindo vez ou outra acertar a cabeça de algumas das outras pessoas presentes. Mas ele não se importava, ninguém se importava. A única coisa que estava em sua mente era o som dos instrumentos e o refrão que ressoava cada vez mais alto.
E mais alto...
E mais alto...
Não parava nunca!
Em meio a isso, seus olhos se abriram e quando imaginava que ia encontrar o vocalista para cantarem juntos a parte que mais gostava, se deparou com o marrom escuro do teto de seu quarto. Era apenas um sonho.
O barulho da música de fato estava alto por todo o local e ele logo localizou a origem do som ao pegar o celular que estava, equivocadamente, embaixo de seu travesseiro. Antes de encontrar o brilho exagerado da tela do aparelho, coçou os olhos de forma preguiçosa, sem ao menos levantar a cabeça da cama, desligando rapidamente o despertador e visualizando a seguinte informação em números brancos e destacados: 08:32.
― Merda! ― exclamou em meio a um salto rápido da cama, deixando os pés enrolados na coberta e quase caindo com o corpo inteiro no chão gelado. Abriu a porta de forma desajeitada e correu para o banheiro na tentativa de colocar um pouco de pasta de dente na boca, para eliminar o mau hálito. Assim que conseguiu bochechar o líquido mentolado, uma voz feminina e estridente ressoou pelo andar de baixo da casa:
― Dylan! Por que você ainda não desceu? Hoje você não trabalha pela manhã? Dylan... ― Pouco antes de completar a frase, os passos começaram a serem ouvidos subindo as escadas, fazendo o garoto cuspir o mais rápido possível a pasta de dente e se livrar do pijama amassado. Ele voltou a correr para o quarto, abrindo as gavetas com uma leve fúria e pegando as primeiras roupas decentes que encontrava. No momento em que tentava ultrapassar a cabeça pelo buraco da blusa sem sucesso, devido à pressa, a voz feminina chegou ao quarto ― você está atrasado de novo? Quantos empregos você tem que perder para aprender a acordar na hora? Dylan, está me ouvindo? Você já tem vinte anos e ainda faz esse tipo de coisa...
Ajeitando alguns fios de seu cabelo que iam até a altura do pescoço, pouco acima dos ombros, ele respirou fundo e ignorou os avisos, apressando-se para colocar os tênis que estavam jogados na parte de baixo de sua cama. Assim que ela abriu a boca para continuar o sermão, ele correu até o corpo esguio da mulher e sutilmente depositou um beijo no topo de seus cabelos loiros, que faziam um grave contraste aos fios extremamente pretos que ele mesmo possuía.
― Mãe, a gente conversa depois tá? Acho que estou atrasado hoje. ― Após finalizar a frase com um sorriso simpático, lançou uma piscadela para a mãe, que revirou os olhos entendendo a ênfase errada na palavra "hoje" e correu escada abaixo, mantendo esse mesmo ritmo ao chegar na rua.
Ao longo do caminho, Dylan agradeceu mentalmente por não morar a mais de um quilômetro de seu trabalho ou chegaria extremamente atrasado, apesar que um atraso de 40 minutos já poderia ser considerado um motivo para demissão, ele só tinha que encontrar uma maneira de amansar o Sr. Davidson assim que chegasse na lanchonete. Em seu interior, desejava que Sarah e Ryan conseguissem distrair o homem para que ele não percebesse a sua ausência. Afinal de contas, conforme seus últimos avisos, se ele alcançasse três atrasos no mês, era demissão sem conversa. E esse já era o terceiro, contabilizando que o mês não havia passado nem da metade, provavelmente ele não duraria muito nesse emprego.
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Seven Warriors [PT-BR] [Yaoi/BL]
RomanceO reino do céu está em pânico pois Arthur, seu guerreiro mais perigoso e responsável pela morte de 500 humanos, escapou da prisão celestial e encontra-se foragido. Aqui da Terra, Dylan, um jovem que sempre achou que levava uma vida normal, se vê em...