5: Não corra atrás de mim - parte um

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Apenas três dias tinham se passado e todos perceberam que havia algo de muito diferente com Dylan. Logo após o sonho no campo florido, com o gato de rua e a flor prateada, ele foi socorrido pela sua mãe em seu quarto em meio a alguns gritos enquanto seu corpo ardia em febre. Por mais que já tivesse percebido que a situação tinha sido apenas um sonho, ele tinha ficado levemente perturbado com a sensação de realidade. Aquele local, aquela silhueta, tudo parecia real demais e ninguém conseguia tirar isso da sua cabeça. Por mais que estivesse assustado, ele sabia em seus sentimentos que aquele homem não queria fazer mal, porém, toda a situação o trazia calafrios.

As pessoas ao seu redor começaram a notar que algo tinha acontecido quando no dia seguinte ele tinha chegado pelo menos quarenta minutos antes do horário de abertura da lanchonete e esse padrão se manteve pelos dois dias seguintes. Dylan estava com dificuldades para dormir, pois sempre que entrava em um sono mais profundo, algumas imagens desfocadas e a mesma sensação ruim o acometia em sonhos. Parecia que ele precisava entender o contexto, se lembrar de onde conhecia a silhueta, saber que local era aquele e nada vinha em sua mente. Essa sensação de impotência o trazia medo e quase o sufocava e por isso ele estava evitando ao máximo pegar no sono.

― Você deve estar doente. ― A voz rouca de Ryan ecoou pela lanchonete vazia ao ver Dylan debruçado pelo balcão, as olheiras estavam cada vez mais aparentes. O cabelo escuro estava mais rebelde do que o normal e os fios da frente se perdiam em sutis curvas até a altura do queixo, a parte de trás estava presa em um pequeno rabo de cavalo. Apesar de pontual, ele estava completamente desleixado e poderia assustar alguns clientes.

― Hm... ― murmurou sem nem ao mesmo dirigir o olhar ao amigo que já se prontificava a sua frente, o encarando com os olhos atentos. Parecia realmente procurar outros sinais de doença em Dylan.

― O que está acontecendo com você?

― Falta de sono. ― respondeu sério e direto mal separando os lábios.

― Falta de sono? Mas você dorme em qualquer lugar! Já te encontrei dormindo no estoque pelo menos umas cinco vezes! Não caio nessa.

― Mas eu estou falando a verdade. ― pela primeira vez desviou os olhos escuros em direção a Ryan, respondendo sem ânimo.

― O que está realmente acontecendo?

Dylan suspirou lentamente e deu a volta no balcão para ficar de frente ao amigo, com isso, seu olhar se direcionou a floricultura em frente a lanchonete. Ela tinha ficado fechada pelo últimos dois dias. Será que Adrien apareceria hoje? Sacudiu a cabeça lembrando das palavras de Sarah de que "isso não era da sua conta". Então, perguntou em um tom mais baixo do que o usual:

― Você já teve sonhos ruins?

― Pesadelos? Acho que todo mundo já teve.

― Não pesadelos... em pesadelos somos perseguidos por monstros, morremos, nossa mãe morre, enfim, realmente coisas ruins acontecem. Eu estou falando de sonhos em que nada realmente ruim acontece, mas você se sente estranho, como se aquilo realmente mexesse com seus sentimentos, porém, de uma forma ruim.

― Como assim? ― Ryan parecia realmente confuso e Dylan mostrou uma face de frustração.

― Deixa pra lá, não consigo explicar... Deve ser loucura da minha cabeça mesmo! Enfim, eu vou parar de pensar nisso! ―Forçou um sorriso e tentou se recompor o máximo que conseguia. ― Mudando de assunto, será que Adrien desistiu mesmo das flores?

Ryan levou o olhar ao estabelecimento em frente a lanchonete e levantou os ombros levemente, não sabendo a resposta para aquela pergunta. Antes que pudesse continuar, Dylan foi cortado por uma voz feminina que chegava da cozinha naquele instante:

Seven Warriors [PT-BR] [Yaoi/BL]Onde histórias criam vida. Descubra agora