7: E você disse 'conte comigo' - parte um

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 A chuva caía forte na floresta, o impacto da água trazia ainda mais lama para as roupas de Dylan e manchavam o rosto pálido de Adrien, que já estava completamente sujo e jogado nas raízes da árvore. Dylan parecia descrente do que estava vendo e sacudiu a cabeça algumas vezes ao perceber que estava há muito tempo parado na mesma posição. Por mais que estivesse chocado com aquilo ele precisava fazer algo, o ferimento na lateral do abdômen de Adrien ficava cada vez mais vermelho e a respiração descompassada indicava que algo não ia bem.

O único jeito de sair daquela situação e salvar o loiro a sua frente era levá-lo de volta à cidade e procurar um hospital o mais rápido possível, mas eles já estavam muito distantes. Antes que pudesse tomar qualquer decisão, Adrien tossiu algumas vezes e deixou que gotas de sangue escapassem da boca, manchando os lábios. Dylan resolveu que não adiantava calcular os movimentos e rapidamente tentou segurar o corpo de Adrien em um abraço, o deixando sentado mesmo que inconsciente. Então, se posicionou de costas a ele e envolveu os braços dele ao redor de seu pescoço, agarrando as pernas com toda a força que conseguia, pois aquela seria a única sustentação que Adrien teria. Ele respirou fundo algumas vezes, fechando os olhos e se preparando para o peso que sentiria em suas costas ao se levantar, porém, para sua surpresa, conseguiu fazer o movimento sem problemas. Ele se assustou um pouco ao sentir os braços em seu pescoço se firmarem, o que indicava que uma parte de Adrien estava consciente.

Após alguns ajustes do peso em suas costas, ele começou a andar na direção de onde tinha vindo. Por alguns segundos voltou a pensar no gato e que, infelizmente, não teria como salvá-lo, porém, esperava que ele conseguisse voltar para cidade para os donos tratarem daqueles ferimentos que pareciam sérios. No momento ele tentava se focar em salvar o homem em suas costas que pela respiração parecia não estar nada bem. Nos primeiros minutos de caminhada ele se concentrou em andar o mais rápido que conseguia para aproveitar o auge da sua resistência, se preocupando em pular algumas pedras e evitar outras quedas como a que já tinha acontecido.

Muitas perguntas rodeavam a cabeça de Dylan naquele momento e a principal delas era: por que Adrien estava na chuva, jogado na floresta, ferido, vestindo um quimono de luta? Com certeza após vê-lo acordado, essas seriam as primeiras coisas que Dylan iria perguntar. Porque na sua cabeça não fazia sentido algum alguém como ele aparecer numa situação daquelas. Porém, no momento presente, ele tentava se concentrar apenas em mantê-lo vivo.

Após vários minutos de caminhada o ritmo de Dylan começou a diminuir e o cansaço já estava presente em suas pernas. Ele ficou alarmado ao notar que o rosto de Adrien, que descansava em seu ombro, começava a emanar um calor muito forte em seu pescoço e clavícula, indicando que ele estava queimando em febre. Aquele definitivamente era um péssimo sinal. Ele virou a cabeça para encarar as feições adormecidas do outro, na tentativa de verificar o ritmo da respiração, que tinha diminuído drasticamente. Com o movimento, a ponta de seu nariz encontrou com a bochecha de Adrien que, como ele suspeitava, estava extremamente quente. Ele conseguiu notar que o outro ainda respirava, porém, não sabia quanto tempo iria aguentar.

Com a responsabilidade de ter uma vida em suas costas, ele tentou recuperar o ritmo perdido e sentiu seu coração se alegrar ao avistar as luzes que vinham da cidade. Um alívio tomou seu coração naquele momento, principalmente porque com o fim da chuva ele estava começando a ouvir alguns barulhos estranhos no meio do mato e tinha medo que isso indicasse a presença de algum animal mais selvagem por ali.

Para seu azar ele percebeu que não saiu da floresta pelo mesmo local que tinha entrado e aquela região era ainda mais longe do centro da cidade, onde havia o único hospital. Além disso, haviam poucas casas por ali e algumas pareciam abandonadas. Ele correu o máximo que conseguiu até a varanda mais próxima, na tentativa de pôr fim a chuva que caía em sua cabeça e piorava ainda mais a febre de Adrien. A varanda parecia ser feita de madeira velha e podre, mesmo material utilizada na construção da casa, que parecia pequena e sem habitantes. Ele não se preocupou com esses detalhes e com muito cuidado deitou o corpo desacordado de Adrien no chão escuro e seco, observando que mesmo tendo a pele alva, as bochechas dele estavam vermelhas devido a possível febre.

Seven Warriors [PT-BR] [Yaoi/BL]Onde histórias criam vida. Descubra agora