9: Eu já gostei de alguém - Parte um

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Dylan não conseguia esquecer toda a situação envolvendo Adrien. Todo o estresse de salvá-lo da floresta, lidar com seus ferimentos, perdê-lo, procurar por ele na cidade inteira e depois reencontrá-lo completamente bem e sem uma única cicatriz não entrava na sua cabeça. Ele sabia que algo grave tinha acontecido para ele ter aparecido naquele estado e sabia que algo claramente estranho, talvez até sobrenatural, tinha ocorrido para ele estar sem nenhum arranhão algumas horas depois. Isso o assustava muito.

Ele queria fazer muitas perguntas a Adrien, oferecer ajuda e entender de fato o que estava acontecendo. Porém, após a conversa que tiveram, o loiro nunca mais apareceu pelo bairro. A loja estava fechada há pelo menos 10 dias e ninguém tinha algum contato com ele ou com a família. Ele não podia ir na polícia reportar o desaparecimento pois havia um aviso na porta da floricultura informando que Adrien estava de férias e retornaria após o início da primavera. Restava apenas a Dylan esperar que ele aparecesse em algum momento na semana atual.

Outra coisa que o estava deixando preocupado era o gato que tinha escapado dele no mesmo dia que encontrara Adrien na floresta. Ele nunca mais tinha visto o animal por ali, então provavelmente ele não tinha resistido aos ferimentos. No dia seguinte do incidente ele tinha resolvido explorar a floresta para ver se o encontrava, se tinha como ajudá-lo ou até mesmo se achava seu corpo, para dar a ele um fim digno. Mas suas buscas foram em vão e por mais que ele tivesse ido o mais longe possível, não encontrou nada que levasse ao animal. No fundo ele torcia que ele tivesse conseguido sair da situação bem, por mais que fosse improvável.

― Você vai me contar o que aconteceu? ― A voz suave de Katy ressoou pela cozinha silenciosa, alcançando a atenção de Dylan que estava parado e perdido em seus pensamentos, enquanto seu bacon com ovos esfriava na sua frente.

― O que quer dizer? ― Levantou os olhos para a mãe, tentando desmanchar a tensão que estava carimbada em seu rosto momentos antes.

― Eu sou a sua mãe e te conheço mais do que qualquer pessoa nesse mundo. Eu sei quando tem algo de errado com você, Dylan. ― falou com a voz serena enquanto olhava o rapaz a sua frente.

Katy ou Katherine Rockefeller era uma mulher muito doce, raramente levantava a voz para alguém, mesmo que Dylan aprontasse alguma, como um bom adolescente. Ela apenas o repreendia, porém, nunca xingava ou exagerava no tom de voz para a bronca. Era muito difícil convencer as pessoas de que ela era a mãe de Dylan, pois eles não se pareciam em nada, nem na personalidade, nem na aparência.

Dylan tinha os cabelos escuros, na altura do pescoço e alguns fios faziam leves curvaturas, o que o deixava com uma aparência despojada. Seus olhos eram tão escuros quanto seus cabelos e aparentavam um brilho e vivacidade que eram raros de se ver. Já Katy tinha os cabelos loiros e cacheados de uma forma clássica, como se ela fosse uma princesa. Seus traços eram delicados e combinavam perfeitamente com os olhos claros, cor de mel, que tinha. Era muito difícil convencer que ela era mãe de Dylan não só pelo visual mas também pela idade, ela aparentava ter no máximo 30 anos, ou seja, era impossível ter um filho de 20. E não importava o quanto ela falasse que tinha na verdade 39 e que tinha engravidado cedo, algumas pessoas ainda duvidavam.

Outra coisa que também era muito diferente entre os dois era a personalidade, enquanto Katy era tímida, serena e mais calma, apesar de ter um jeito firme quando necessário, Dylan era extremamente extrovertido, porém, parecia sentir todos os sentimentos a flor da pele, fossem eles de alegria ou de raiva, ou seja, era um rapaz explosivo em vários sentidos. Mesmo apesar de tão diferentes eles se davam muito bem, conviviam e conviveram muito bem sozinhos e juntos, pelo menos até onde Dylan conseguia se lembrar. Assim, Katy conseguia perceber de longe quando algo não ia bem com o filho.

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