15. Créeme

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“Nossos olhos enganam a nossa mente, fazem-nos ver o que não queremos e acreditar no que na realidade não passa de uma ilusão. Nossa mente só discorda dos nossos olhos, quando a verdade vem à tona.”

Callie Torres

— Callie!

Escutei meu nome ser chamado e me sentei de vez na cama, o que me deu uma baita tontura, olhei para a porta e vi Arizona parada me encarando com uma expressão de raiva e eu diria que até de decepção.

Então notei que eu estava apenas de lingerie na sala de plantão e pra piorar, tinha Penélope ao meu lado tentando tampar suanudez.

Mas, como?

— O-oque faz aqui Penny? - perguntei confusa, minha cabeça doía. Levantei-me da cama — Arizona, não é isso que está pensando... - fui na direção da loira e ela desviou, indo na direção a Penélope que vestia as roupas apressadamente.

— VOCÊ É LOUCA? - a ruiva gritou assim que Arizona deu um tapa em sua cara.

— Você ainda não me viu louca, queridinha - foi pra cima da mulher novamente e eu a segurei pela cintura. — ME SOLTA, CALLIE – gritou.

— Solta o cabelo dela, Ari - pedi tentando separa-las — Sai, Penélope. - pedi para a ruiva quando Arizona soltou seus cabelos.

— Mulher maluca – murmurou saindo.

Terminei de vestir minhas roupas e escutei um soluço vindo de Arizona, a loira estava sentada na ponta da cama, seu corpo tremia por causa do choro forte.

— Amor... - sussurrei.

— Não me chame assim - falou com a voz embargada. — Porque, Calliope? - passou o dorço da mão no rosto para secá-lo — Porque fez isso comigo?

— E-eu não fiz nada...- me interrompeu.

— Não venha com essa pra cima de mim, Callie - disse irritada — Não é a primeira vez que passo por isso, e parece que não será a última, eu devo ter feito algo muito ruim em outra vida - riu sem emoção.

— Ari... e-eu não sei o que aconteceu aqui... eu não lembro - ajoelhei em sua frente e tentei segurar em sua mão, mas a a mesma recusou o contato e se levantou.

Rio debochada — Vai me dizer que ela te dopou, te trouxe para esse quarto e tirou suas roupas?

— Eu não sei..- me interrompeu novamente.

— PARA DE DIZER QUE NÃO SABE, PORRA. - gritou — Como você me aparece quase nua com sua ex na porra de um quarto? E eu te procurando que nem uma boba pelo hospital... - passou as mãos pelo rosto — Querendo te consolar pela perda do seu paciente... Mas pelo que vi, achou alguém para fazer isso. - foi em direção a porta.

Fui em sua frente e bati a porta quando ela abriu, impedindo-a de sair.

— Você está sendo injusta, Arizona - falei irritada.

— Como estou sendo injusta? - perguntou.

— Não está me deixando explicar.

— Então vamos lá, Calliope, se explique - cruzou os braços em frente aos seios.

— Eu disse a verdade, quando disse que não sei o que aconteceu - ela riu — Ari, por favor... Eu estava acabada por ter perdido meu paciente... - suspirei — Eu estava anotando o prontuário do paciente, quando ela chegou, me oferecendo um café e... - a loira me interrompeu.

— Para, para, para... - suas mãos espalmaram em minha frente — Não vem usar o que eu disse agora a pouco como explicação, Callie. Isso é ridículo.

— Mas é verdade, Arizona por favor... - segurei-a pelos braços — Eu jamais te trairia, meu amor... muito menos com a Penélope... acredita em mim. - encostei nossas testas. — Olha nos meus olhos, amor... - nossos olhares se encontraram.

Com nossos rostos próximos, levei meus lábios até os dela, unindo-os em um selo leve, mostrando para Arizona que eu a amo... Quando nos separamos vi algo que quebrou meu coração, o olhar triste de Arizona, uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

— Ari... acredita em mim... eu amo... - segurei as palavras quando ela me interrompeu murmurando um “Não, Calliope”, desvencilhou-se dos meus braços e saiu da sala me deixando sozinha. — ...Você.

Arizona Robbins

Tanto na medicina quanto na vida, aprendemos que ao estancar um ferimento ele para de sangrar. Parece tão fácil, comprimir, enfaixar e pronto, o sangue para de correr da ferida.

Quando temos uma ferida emocional, dizem que: “O tempo cura.”

Então desde pequena aprendi que quando alguém me fere, eu não devo apenas esperar por um pedido de desculpas, eu tenho que esperar que o tempo a cicatrize.

As pessoas possuem cicatrizes. Em todos os tipos de lugares inesperados. Como mapas secretos de suas estórias pessoais. Diagramas de suas velhas feridas. A maioria de nossas feridas podem sarar, deixando nada além de uma cicatriz. Mas algumas não curam. Algumas feridas podemos carregar conosco a todos os lugares, e embora o corte já não esteja mais presente há muito, a dor ainda permanece.

O que é pior, novas feridas que são horrivelmente dolorosas ou velhas feridas que deviam ter sarado anos atrás, mas nunca o fizeram?

Talvez velhas feridas nos ensinem algo. Elas nos lembram onde estivemos e o que superamos. Nos ensinam lições sobre o que evitar no futuro. É como gostamos de pensar.

Mas não é o que acontece, é?

Quando achamos que estamos medicados e que nada e nem ninguém poderá nos ferir novamente, a vida nos mostra que muitas vezes estamos errados.

E que nessas vezes, um outro alguém, pode reabrir uma ferida antiga, uma ferida até então “curada”.

Ao sair da sala de plantão, minha cabeça girava em uma confusão caótica, eu não sentia o chão sob qual eu pisava, os corredores do hospital pareciam não ter fim.

Flashes dos momentos vividos há minutos atrás a cada piscar dos meus olhos.

Eu não podia acreditar que isso estava acontecendo comigo novamente, não com Calliope.

— Drª. Robbins, a senhora está bem? - escutei alguém perguntar — A senhora está pálida.

— Eu... - tentei me apoiar em algo.

— CHAMEM UM MÉDICO!

Foi a última coisa que eu ouvi.

“Como explicar à consciência que isso foi culpa minha?
Como dizer ao coração que você não voltará?
Deixar meus olhos saberem que eles nunca te verão?
Como explicar para minha boca que você não vai beijá-la?

E não é que eu morra por não ter seus beijos
Mas viver sem isso é como viver sem motivo
E se você soubesse como é doloroso o processo
De esquecer seu corpo, isso destrói meu coração

Acredite em mim um pouco mais, eu te imploro
Porque você me deixou e eu não mereço esse castigo

É que sinto um frio terrível (frio terrível)
Eu nem sei como te dizer (como te dizer)
Com você, eu me sentia invencível
Você me ama, mas de que isso me serve

Se você não está aqui?
No melhor momento, você vai embora
Eu só peço uma oportunidade para te mostrar
Que o nosso amor é verdadeiro”

Xxxxxx
Tô adorando essa vibe desmaio kkk Arizona vai desmaiar também SIM.
Mas ela é de sofrimento mexxmo.
até logo
Xoxo

A LatinaOnde histórias criam vida. Descubra agora