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---Iris--- (08/04/2018 , quinta-feira)

Depois de passar quase a noite inteira , a conversar com o Jack e com a Mady sobre como é a vida aqui , acabei por adormecer.
Hoje , quinta-feira , é dia de visitas.
Tenho saudades dos meus pais , mas tenho medo. Medo que eles me abandonem ao saber que supostamente têm uma filha assassina.

-Vais receber visita de alguém?- pergunto á Mady que estava a fitar o teto.

-Talvez , da minha irmã.- ela suspira.- Ela costuma vir quase sempre.- sorri.

-Eu já nem me lembro da última vez que recebi visitas.- o Jack ri do outro lado.

Não imagino doze anos da minha vida sem puder ver os meus pais, isso deixa-me extremamente triste e com vontade de fugir daqui e provar a minha inocência.
Talvez eles se tenham esquecido que sou filha deles.
Os meus pais desde que os conheço, são muito severos no que se trata a crimes.
Sempre disseram que não acham bem as visitas na prisão e , que se tivessem um filho aqui não o íam visitar. Como nunca passaram por isso , podem mudar de ideias. Eu sei que eles me amam muito , coisa normal vinda de uma família.

É nos entregue o almoço , desta vez com mais comida e isso abriu-me um sorriso.
Pode parecer estranho , mas pela primeira vez em muito tempo sinto-me com fome.

-A coisa que eu mais sinto saudades é da comida do Mc'donalds.- a Mady suspira a olhar torto para o tabuleiro que nos foi entregue.

-Eu sinto saudades da comida da minha avó. Era muito melhor que a do Mc.- rio ao lembrar-me dos pratos deliciosos que a minha avó fazia.

-Eca , a comida tem queijo.- a Mady empurra a bendeja para um lado distante da cela.

-Como é que consegues não gostar de queijo?- o Jack pergunta.

(...)

Aqui estou eu novamente , sentada na mesma mesa de sempre , com o mesmo receio de sempre.

-Hoje não me mandas embora.- o Jack senta-se à minha frente e eu salto de susto com a sua atitude repentina.- Calma , eu não mordo.- ele goza e eu reviro os olhos.

-Porque é que elas matam todas as raparigas que aqui entram?- sussurro para que só apenas o Jack ouça e olho de relance para as raparigas que se concentravam no seu jogo de cartas.

-Para se sentirem mais poderosas talvez.- o Jack fala no mesmo tom a encarar as raparigas também.- Elas qualquer dia , quando esta prisão não aceitar mais mulheres , vão matar-se umas ás outras.- ele continua e eu arregalo os olhos.

-Pobre Mady.- suspiro.

-A Mady também não é nenhuma santa. Já se envolveu em dois casos dessas mortes , mas saiu sem consequências.- já deu para perceber que ninguém aqui é santo.

-Que crimes é que elas cometeram para estar aqui?- pergunto curiosa , realmente já deu para perceber que sou muito curiosa.

-Uma delas , a loira , sei que foi porque violou o afilhado pequenino durante alguns anos.- o Jack fala e eu fico totalmente boquiaberta. Não sabia que eram crimes assim tão graves. Só consigo imaginar o sofrimento da criança e isso assusta-me.- A mais morena pelo que dizem matou cerca de cinquenta pessoas num ataque terrorista.- ele continua. Estou em choque.

-E a Mady? Foram mesmo assaltos?- pergunto desconfiada.

-Não só assaltos , também causou a morte de algumas pessoas. Da mãe por exemplo , mas ela diz que foi um acidente.- ele continua e eu sinto algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

-Como é que ela teve...coragem?- pergunto, totalmente chocada com o que acabei de ouvir.

-És mesmo muito sentimental , agora acredito que és inocente.- o Jack cruza os braços sem tirar os olhos de mim e eu limpo o meu rosto.- A ruiva sardenta está aqui porque maltratava animais constantemente para seu próprio prazer.- ele continua e eu faço-lhe um sinal para parar. Acho que já ouvi o suficiente.- Depois tem a outra loira que numa reunião de amigos , os matou e torturou...- ele tenta acabar a frase mas eu impeço-o , colocando a minha mão sobre os seus lábios.

-Pára , vou ter pesadelos com isso.- peço , sem brincadeiras.

-Ok babe , eu páro.- ele levanta as mãos em forma de rendimento e eu dou-lhe um pontapé por baixo da mesa.

-Iris , por favor.- sorrio falso.

-Ok , babe Iris.- ele faz troça de mim e eu cerro os punhos.- Ui que medo.- ele continua e eu tento evitar rir mas é mais forte que eu e acabei por soltar uma gargalhada.

-Olha os pombinhos.- uma das raparigas , a loira oxigenada, apoia-se no ombro do Jack e eu engulo em seco assim que vejo todas caminhar até nós. A Mady está lá também.

-Saiam , galinhas.- o Jack retira a mão da loira do seu ombro.

-Esfolamos-te em três segundos.- a mesma pisca-lhe o olho.- Queremos a miúda.- ela exige e eu encolho-me.

-Eu também quero muita coisa.- o Jack dá de ombros.

-Só queremos conversar com ela.- a Mady assegura e eu franzo as sobrancelhas. Que eu saiba não tenho nada para conversar com elas.

Levanto-me lentamente e sigo-as até à mesa delas.

-Então, temos uma proposta para te fazer.- a ruiva fala assim que elas se sentam. Mantenho-me de pé.- A Mady sugeriu que te juntasses a nós.- ela continua e eu nego imediatamente.

-Querida , se não te juntares a nós escreve que te vamos fazer a vida num inferno , enquanto a tens claro.- a loira fala com um sorriso amedrontador.

-Não quero.- falo com firmeza e logo sinto um pontapé contra a minha barriga , o que me fez cair no chão a gemer de dor.

-Meninas parem.- ouço a Mady gritar e a tentar separá-las de mim.

Elas continuam a pontapear-me e , quando estou quase a ficar inconsciente, ouço um barulho ensurdecedor. Os polícias que estão a vigiar apreceberam-se da situação e atiraram para perto de nós.

Sinto as mãos do Jack pegarem no meu corpo assim que as raparigas pararam de me dar pontapés.

-Vocês são lixo.- o Jack atira em antes de ir embora , comigo ao colo.

-Eu não pertenço aqui.- sussurro com as poucas forças que tenho.

-Não fales , é pior.- o Jack fala num tom autoritário e eu permaneço calada.- Tenho que pedir aos guardas que te levem à enfermaria.- ele continua e eu faço-lhe um sinal de negação.

-Não é preciso.- respondo , com dificuldade.

Ele senta-se , ainda comigo ao colo , na mesa em que estávamos à minutos atrás.

-Tu é que sabes.- ele encolhe os ombros e eu saio do seu colo , sentando-me ao seu lado.- Se elas continuarem assim , vão ser de certeza executadas.- ele continua , com um sorriso no rosto.- Já estão a demorar.

O toque soa e isso obriga-nos a voltar para a cela.
Os guardas acompanham-nos e num abrir e fechar de olhos ja estávamos presos de novo.

Atiro-me para a cama e logo sinto uma dor enorme em todo o corpo.
Estou a deixá-las brincar demasiado.

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Prison | Jack.G Onde histórias criam vida. Descubra agora