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---Iris--- (24/04/2018 , terça-feira)

Já no intervalo da tarde, sinto os meus batimenos cardíacos a ganharem mais e mais força com o passar do tempo. Tenho medo que o Jack traia a minha confiança e vá com eles.

-A Caroline vai.- o Jack sussurra e eu olho em volta.

Praticamente todos os prisioneiros estavam estranhos , a combinar algumas coisas ou a andar ás voltinhas.

-3 , 2 , 1.- o Jack aperta a minha mão e logo vejo o portão a abrir e quase todos os prisioneiros a sair desesperados.

-Filhos da...- ouço um guarda sussurrar enquanto corria com uma pistola na mão e eu deito a minha cabeça no ombro do Jack.

-Tens a certeza que não queres ir?- o Jack pergunta e eu noto que ele estava com muita vontade de sair.

-Jack , se queres ir , vai.- olho-o nos olhos.

-Se não fores eu não vou e ponto final.- ele responde com firmeza.

Olho para o portão , ainda aberto e suspiro quando o vejo fechar.

-Tarde demais.- sussurro.

-Conseguiram fugir todos.- ouço um guarda gritar.- Procurem.- ele continua e corre para dentro da prisão.

-Vocês , sabem para onde é que eles foram?- um outro guarda pergunta-nos.

-Não , senhor.- respondo com clareza.

-Depois vamos fazer-vos algumas perguntas. Voltem para a cela.- o guarda ordena e assim o fazemos.

Entro na minha e o Jack entra na dele , apenas estavam 4 presos aqui, a contar connosco.

-Metade deles já foram apanhados, aposto.- o Jack ri.- Ainda bem que não fomos , eles alugaram dois ou três aviões para viajarem até Espanha.- o Jack sussurra e eu arregalo os olhos. Espanha é bastante longe daqui.

-Sabes Jack, eu tenho fé , pela primeira vez , que vão encontrar o verdadeiro assassino da Emily. Se eu saísse agora , ía estragar tudo.- admito e o Jack passa pelo buraco e senta-se ao meu lado.

-Bem pensado.- ele fala.- Iris , preciso se te contar uma coisa , mas promete que mesmo assim não me vais abandonar.- o Jack suspira e eu assinto , com medo do que ele me vai contar.- Eu não estou aqui só por ter problemas com a polícia.- ele continua e eu arregalo os olhos. Pensava que ele não me ía mentir , mas enganei-me.- Eu..eu matei o meu pai.- ele soluça e eu afasto-me dele.

-Por-porquê?- pergunto.

-O meu pai , era bipolar. Ele matou a minha mãe durante uma discussão e quando me ía matar a mim , eu defendi-me e...aconteceu.- o Jack conta e eu engulo em seco. Ele chora descontroladamente e eu aproximo-me dele de novo.

-Porque é que não me contaste?- pergunto , com a cabeça encostada à parede. Este Jack realmente é uma caixinha de surpresas e pelos vistos não são boas.

-Eu tinha medo que...que ficasses com medo de mim.- ele responde e eu engulo em seco.

-E devo ficar com medo de ti?- pergunto.- Sai da minha cela.- peço e sinto as minhas mãos trêmulas.

-Eu nunca te vou fazer mal Iris , eu juro.- ele sai da minha cela.

-Como é que queres que eu acredite em ti? No meio de toda esta gente , perdi o poder de conseguir confiar nas pessoas.- sento-me na minha cama. Vejo que o Jack ficou enervado e isso deixou-me nervosa. Parte de mim consegue confiar nele mas a outra parte está em dúvidas. Ele matou o pai dele...

-Eu sou tão estúpido.- ele dá um murro na parede e eu salto de susto.- Iris , eu continuo o mesmo Jack de à minutos atrás. Eu nunca te quis magoar , eu gosto de ti. O que aconteceu com o meu pai foi por legítima defesa , eu vi-o matar a minha mãe bem em frente aos meus olhos.- ele chora e eu sinceramente, percebo.

Tentava fazer o mesmo se vi-se o meu pai a tirar a vida à minha mãe. Imagino a dor que o Jack sentiu , imagino e preferia morrer a ver essa cena.

-Eu ainda tenho que cumprir 10 anos aqui.- ele admite entre soluços e eu deito-me sem nada responder.

-Tenho muito em que pensar Jack, podes por favor , fechar?- pergunto , referindo-me ao buraco que nos permitia comunicar.

Faz-se silêncio e tudo o que me veio na cabeça foram os momentos que passei com ele até agora. Muitos deles envolvem lágrimas, mas não por causa dele , isso faz com que eu ganhe mais confiança nele , mas não a 100%.
Nunca me tratou de maneira agressiva e muito pelo contrário.

-Não te afastes de mim Iris , és a única que me resta.- ouço-o chorar do outro lado e suspiro.

-E só estás a ser assim porque não tens mais ninguém.- ponho as cartas na mesa.

Não recebo qualquer resposta e sinto-me um pouco traída quanto a isso.

-Isso não é verdade.- ouço-o sussurrar do outro lado e apresso-me a abrir o buraco novamente.

-Não é verdade? Então porque é que estás mais atencioso comigo desde que a Mady morreu?- grito.

-Porque eu estou frágil.- ele sussurra e logo sinto que está a mentir.

-Não , não estás. Tu és odiado aqui dentro, estás a usar-me para nunca ficares sozinho.- falo num tom elevado.

-Porquê? Porque achas que não sei defender-me? Tu fazes-me rir.- ele ri ironicamente.

-Porque precisas de um ombro amigo e só me tens a mim.- bato com o pé no chão.

-Eu acho que te estás a referir a ti. Tenho muitos conhecidos aqui quem podem vir a tornar-se meus amigos , já tu não tens ninguém.- ele responde de braços cruzados e eu tento arranjar na minha cabeça uma resposta em minha defesa. Nada me ocorre.- Eu estou contigo, apenas porque gosto da tua companhia. Não sou interesseiro.- o Jack continua com mais calma e eu sento-me de novo , perto dele. Apenas separados por uma parede.

Olho para o rapaz sentado também e dou um leve sorriso.

-Desculpa , por te ter escondido coisas importantes.- ele pede e eu assinto apenas.

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Prison | Jack.G Onde histórias criam vida. Descubra agora