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---Iris--- (13/06/2018 , sexta-feira)

~1 mês depois~

Neste momento , estou arrependida e num sufoco completo.
Distanciei-me do Jack e nunca mais lhe dirigi a palavra , ele tentou mas eu nunca cedi. Sinto saudades de tudo o que fomos , saudades desnecessárias , porque eu podia  dizer-lhe que me arrependo , mas sou um bocado orgulhosa demais para fazer tal coisa. Ele provavelmente não sente saudades , arranjou amigos novos e eu só tenho ficado com a Ellie.
Os meus pais não têm faltado ao horário das visitas e sempre que perguntam pelo Jack eu apenas encolho os ombros.

Franzo as sobrancelhas ao ver todas as raparigas, exceto a Ellie , a olhar para a minha cela e sinto-me intimidada com isso.
Sinceramente, até já estava a demorar que isto acontecesse.

-Guarda , acho que aquela reclusa roubou o colar que os meus pais me ofereceram.- uma das raparigas aponta para a minha cela e eu arregalo os olhos. Em que momento é que eu peguei no colar de alguém?

-Temos que revistar.- um dos guardas abre a minha cela e eu levanto-me da minha cama.

Cruzo o meu olhar com o do Jack , que olhava para mim também. Durante este mês , consegui perceber com mais detalhes o que sinto por ele. Porque sempre senti que só vimos realmente quando perdemos.

O guarda remexe no lavatório e dentro dos produtos de higiene , depois quando passa a mão por baixo do colchão , retira de lá um colar.

-Eu juro que não fui eu.- sussurro e olho para a cela do Jack , sei que a pessoa que mais tem motivos para o fazer é ele , mas não consigo acreditar.

-Lá fora ajustamos contas.- a rapariga a quem pertence o colar grita e eu encolho-me na minha cama.

-Esperava tudo de ti , menos isso.- ouço o Jack rir.

-Achas mesmo que fui eu?- pergunto, tentando não mostrar muito interesse na primeira conversa que estamos a ter em 1 mês.

-Eu sei lá , de ti já não espero nada.- ele encolhe os ombros e eu limito-me ao silêncio.

O toque para o intervalo da tarde soa e sinto os meus batimentos cardíacos a acelerar a cada passo que dou. Lá vou eu fazer uma visitinha à enfermaria.

-Então , o que fazia o MEU colar na tua cela?- a rapariga loira aproxima-se de mim e eu dou alguns passos para trás enquanto ela se aproxima.

-Eu não sei , mas eu não os pus lá , juro.- sussurro com as poucas forças que me restam na voz.

-Foi um passarinho que o foi pôr lá?- ela empurra-me violentamente e eu caio de costas no chão.- Podias admitir princesa.- sinto um enorme impacto doloroso contra o meu rosto e coloco a mão no mesmo. Ela deu-me um murro , bem forte. E as dores que estou a sentir são muito perturbadoras. No que me meteram...

No momento que vejo o punho dela a chegar mais perto do meu rosto pela segunda vez , sinto o meu corpo ser arrastado pela relva.

-Eu ainda não acabei.- ela resmunga e eu levanto o meu rosto e com a visão turva, consigo enxergar o Jack.

-Não tens nada para acabar , fui eu que pus lá o teu colar de merda.- o Jack cospe e eu franzo as sobrancelhas.

-Os meus punhos encaixam na tua cara também.- vejo-a a aproximar-se do Jack e quando lhe ía atingir o rosto , ele pega de imediato na sua mão.

-Encaixam?- ele revira os olhos e num gesto repentino empurra a rapariga.- Estás bem?- ele pergunta-me e eu assinto , ainda fragilizada com o murro.

-Vocês os dois , trabalho comunitário já.- um guarda aparece perto de nós e eu engulo em seco. Não consigo imaginar o Jack com esta rapariga , num espaço fechado , sem estarem aos amassos.

-Anda Iris, é para nós.- o Jack ajuda a levantar-me e eu sinto a minha cabeça à roda assim que piso o chão.- Se não estiveres bem para trabalhar , eu posso fazê-lo.- ele sorri e eu encolho os ombros. Não fico tão triste ao saber que vou finalmente poder estar com ele sozinha. Pensava que o guarda tinha-se dirigido para ele e para a outra rapariga.

Depois de me sentir melhor , caminhamos até ao refeitório, que como sempre não está 100% arrumado.

-Já faz tempo hein?- o moreno atira e eu baixo a cabeça.

-É , verdade.- suspiro e sinto uma enorme vontade de saltar para os braços dele , e fingir que durante este mês estivemos bem.

-Sabes , pensei que nunca me ías deixar , mas enganei-me.- ele começa por varrer o chão sujo da cantina.

-Não foi opção minha , se não me tivesses mentido eu continuava contigo.- passo um pano molhado pelas mesas grandes e velhas.

-Passou um mês , um mês sem falarmos. Já basta para eu aprender não?- ele pousa a vassoura e aproxima-se de mim.

-Eu arrependi-me.- admito , uma coisa que me custou a sair mas que é necessário.

-Eu também.- ele continua a aproximar-se e quando sinto o seu calor, o meu mundo volta ao normal.

Quando os nossos corpos estão quase colados , ele envolve-me num abraço e eu sinto de imediato , lágrimas a escorrerem pelo meu rosto magro.

-Eu amo-te Iris , não quero que me deixes.- ouço-o sussurrar e sou apanhada de surpresa.

-E-eu também te amo.- pela primeira vez , digo tais palavras a algum rapaz.

-Namoras comigo?- sinto o seu coração palpitar com muita força e não penso nem duas vezes na minha resposta.

-Sim.- desfaço o abraço e beijo-o. Um beijo calmo e muito intenso.

-Este mês foi o mais entediante que já vivi , juro.- ele ri assim que nos separamos e eu faço o mesmo.

-No dia a seguir de discutirmos , eu já estava arrependida , só sou orgulhosa de mais e não tive coragem para te dizer.- baixo a cabeça e encaro os meus pés.

-E fizeste-me esperar um mês? Só por isso merecias que eu fosse embora.- ele goza.- Nunca mais me faças isto.- ele beija-me a testa e eu sorrio.

Pensava que era impossível ser feliz aqui , mas ele continua a provar-me o contrário a cada dia que passa.

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os capítulos diários voltaram!!
espero que gostem <3

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