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---Iris--- (13/03/2018 , terça-feira )

Novamente no banho, franzo as sobrancelhas ao perceber que a guarda que costuma aqui estar não está desta vez.

Ouço as vozes animadas das raparigas perto da casa de banho e rezo interiormente para que tudo corra bem.

-Olha olha olha , chegou primeiro que nós.- uma das loiras pisca-me o olho e eu sinto o meu estômago dar uma reviravolta com os nervos que estou a sentir.

Todas nos calamos e enquanto passo o gel de banho pelo meu corpo , ainda com cuidado por causa dos hematomas , sinto que o grupo ao meu lado planeia alguma coisa contra mim.

A negra vira-se num movimento rápido e prensa-me logo contra a parede.
O que me vem à cabeça logo é pontapear e felizmente saí com sucesso , pois a rapariga caiu no chão.

-És apenas uma contra seis.- a ruiva aproxima-se de mim.- Nós vamos ser executadas , mas vamos fazer questão de te executar primeiro , não enforcada mas , de uma forma mais dolorosa.- a ruiva acaricia de maneira desafiadora o meu cabelo e eu levanto a minha mão , que foi direta ao rosto da ruiva.

-Aqui não trabalhamos com estalos.- vejo uma das loiras cerrar os punhos e por total impulso , quando eles vêm contra o meu rosto , eu paro-os com a minha mão que lhe agarrou o punho.

Pego nas minhas roupas e quando tento fugir , sinto-me logo em contacto com o chão molhado.

-Ficaste com medinho foi? Pobre Iris.- a negra coloca o seu pé na minha barriga e eu tento levantar-me , mas desta vez sem sucesso.

-Vamos mostrar-te o que vamos fazer contigo.- uma morena puxa-me para um mini compartimento e eu arregalo os olhos ao ver a guarda estendida no chão , com a garganta cortada.

Em estado de choque , visto o meu macacão rapidamente e tento fugir outra vez. Desta vez com mais sucesso , pois consigo alcançar o lado de fora do balneário.

-Onde vais , mocinha?- preensão-me contra a parede gelada do corredor que dava acesso para os quartos e eu gemo de dor ao sentir uma lâmina cortar a pele do meu braço direito.

-Que tal mais um?- uma outra morena que nunca me tinha feito nada faz um corte no meu braço esquerdo e fecho os olhos com força por causa da dor que aquilo me causou.

-Guarda.- grito com clareza e numa fração de segundos , dois guardas chegaram e arregalaram os olhos ao ver os meus braços.

Aponto para a frente e suspiro de raiva ao perceber que elas tinham entrado novamente para dentro do balneário.

-Quem te fez isso?- um dos guardas pergunta e eu engulo em seco.

-Elas mataram a guarda, senhor.- aponto para o compartimento onde a guarda estava estendida.

-Não acredito, Stefanny.- entra no balneário e corre para ver onde a guarda está.

Assim que um dos guardas abre a porta e vê a mulher estendida no chão, cai de joelhos no chão.

-Amor.- ouço-o sussurrar e limpo as lágrimas que caíram dos meus olhos.

-Já , na sala do diretor.- o outro guarda grita e as seis raparigas fazer uma fila e saiem do espaço.

-Foi ela.- uma delas aponta para mim e ouço o guarda que as acompanhava rir.

-Óbvio que foram vocês, agora , a vossa execução será dentro de poucos dias.- o guarda fala de modo autoritário e eu caminho para junto do senhor que acariciava a mão da mulher.

-Sinto muito.- suspiro.

-Ela era tão boa pessoa.- o guarda fala , entre fungos.- Vamos à enfermaria menina , temos que tratar desses cortes.- ele levanta-se ainda a chorar e eu assinto.

(...)

-Jack , elas mataram mais uma senhora inocente.- sento-me encostada ao buraco na parede e o Jack faz o mesmo.

-Já ouvi dizer , a guarda não foi?- ele pergunta e eu assinto.- Tu estás bem? Elas fizeram-te alguma coisa?- ele pergunta e eu puxo as mangas do macacão para cima , revelando os dois cortes profundos.

-Elas vão matar-me da pior maneira possível. Eu não quero morrer.- suspiro e sinto as minhas pernas a tremer.

-Iris , olha para mim.- ele pega na minha mão e eu cruzo o meu olhar com o dele durante alguns minutos.- Tu não vais morrer.- ele fala entre pausas e eu baixo a cabeça.

-Como é que eu tenho a certeza disso?- pergunto.

Neste momento não tenho a certeza de nada. Aqui não se pode simplesmente tentar sobreviver sem qualquer treino , temos que fazer muito por isso. Só de pensar fico assustada. É uma loucura.

-Tens que ter fé.- ele suspira.- Eu não sou muito de religiões, mas quando preciso não consigo deixar de não rezar.- o Jack continua , para minha surpresa. Nunca imaginei o Jack a rezar e saber que ele reza faz-me sorrir.

-Eu sou muito ligada a Deus , principalmente quando estava com a minha família.- admito.- Com isto tudo que me aconteceu, tenho me esquecido de rezar.- bufo.

-Sabes , em antes de entrares aqui, era tudo diferente. Era eu e a Mady , falávamos até adormecermos , isto mais ao menos à seis meses atrás. Depois , um recluso novo veio para aqui e era o Jonhson.- ele faz uma pausa em antes de continuar a contar.- Eu e ele no início até nos dávamos bem , depois de eu descobrir o que ele fazia ás raparigas , instalou-se uma grande inimizade entre nós.

-Então ele , esteve aqui na minha cela?- pergunto e faço uma cara de nojo.

-Sim, esteve mas não demorou muito para sair. Ele tentou sufocar-me enquanto eu dormia.- o Jack conta e eu arregalo os olhos.- É Iris , aqui é uma vida totalmente diferente da que estavas habituada. Aqui vivemos não para morrer , mas sim para tentar viver. É uma batalha todos os dias , mesmo para os mais fortes.- ele suspira e eu por impulso acaricío os seus cabelos macios.

-O que é que chegas ao cabelo para ficar assim tão macio?- rio.

-Amaciador. Sou chique.- ele pisca o olho.

-Tu e a Mady eram muito próximos não eram?- mudo de assunto.

-Éramos, só quando estávamos na cela. Depois ela ía ter com as outras raparigas e às vezes até me falava torto lá fora.- o Jack suspira.- Mas apesar disso, sinto falta dela.

-Desculpa.- baixo a cabeça.- Por te ter tirado a Mady.- fungo e tento não chorar mais uma vez.

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Prison | Jack.G Onde histórias criam vida. Descubra agora