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---Iris--- (10/04/2018 , sábado)

Abro os olhos e sinto a minha cabeça explodir ao mesmo tempo. Talvez por ter chorado em antes de adormecer.

-Bom dia.- o Jack acena e eu sorrio fraco.- Estiveste a chorar?- ele franze as sobrancelhas e eu limpo os meus olhos , tentando disfarçar.

-Ainda não acredito que elas se foram.- sussurro a encarar o teto.

-Elas quem?

-A Mady e a Emily , a rapariga que eu supostamente matei.- respiro fundo.

-Vocês eram muito amigas?

-Inseparáveis.- admito e desvio o meu olhar do teto para encarar o Jack que estava sentado na cama , com os braços apoiados nos seus joelhos.

-E sabes quem a matou?- ele pergunta. Provavelmente ele é a única pessoa que acredita na minha inocência.

A pergunta dele é confusa para mim. Tudo aponta que quem a matou foi o namorado , mas no momento do tiro ele não estava dentro do país.

-Não sei. É uma história complicada.- admito.

-Encontraram a arma do crime?- ele pergunta.

-Sim, no meu carro.

-Wow , que mistério.- ele arregala os olhos.- Pronta para treinar?- ele desvia o assunto e eu levanto-me da cama depois de me espreguiçar.

Treinei horas seguidas , fizemos pausas para descansar e até contar piadas. Hoje , senti-me mais forte. Senti que se quiser consigo derrotá-las uma a uma.

-Tu vais conseguir.- o Jack dá alguns pulinhos e eu rio com isso.

Ontem em antes de adormecer , o Jack disse-me que há um telefone na sala de visitas , que cada prisioneiro pode frequentar uma vez por semana.
Sinto falta da voz da minha mãe , da minha verdadeira melhor amiga.

-A cada dia que passa , sinto mais vontade de tentar fugir daqui.- admito e o Jack parece surpreso.

-É assim tão mau passar os dias comigo?- ele faz beicinho e eu rio.

-Não , não é mau de todo.- encolho os ombros.- Quando te ouvi pela primeira vez pensava que eras diferente.

-Como?

-Arrogante, que nunca deixa o seu tom irônico para nada.- rio ao lembrar-me.

(...)

Fiquei a saber , que aos fins-de-semana os intervalos são maiores , e isso facilita-me , pois quero ligar à minha mãe.

Sinto um leve receio em antes de digitar o número dela no pequeno telefone.
Os meus dedos tremem quando vejo que está a chamar.

**ligação**

-Estou? Quem fala?- a voz suave da minha mãe faz-se ouvir e eu sorrio ao ouvi-la novamente. A voz da minha irmãzinha também é ouvida no fundo e isso fez-me chorar.

-Mãe.- sussurro e quase que a vejo sorrir quando ouve a minha voz.

-Filha. Está tudo bem?- a minha mãe pergunta do outro lado da linha e eu fungo.

-Não mãe , mas isso não importa. Como é que vocês estão?- pergunto.

-Sentimos muito a tua falta. Iris , diz-me só que não cometeste aquele crime.- ela pede.

-Eu sou inocente mãe. Eu nunca iria fazer uma coisa daquelas.- falo como se fosse óbvio e tento de maneira quase impossível controlar o choro.

-A tua irmãzinha tem perguntado por ti todos os dias.- ouço a minha mãe chorar , e isso foi o que me partiu o coração.

Prison | Jack.G Onde histórias criam vida. Descubra agora