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---Iris--- (02/05/2018 , quarta-feira)

-Isto é para si , foi o diretor que mandou.- um dos guardas entrega-me para a mão uma capa com folhas dentro assim que eu chego à cela , depois de ter dado um banho que me soube pela vida , pois o Jack ativou a água quente de novo.

Pego na capa que me entregaram e sento-me na cama , para poder ver com mais calma.

-Que é isso?- o Jack entra na sua cela ainda com o cabelo a pingar.

-O diretor mandou um guarda entregar-me.- abro a capa e passo os olhos lentamente pela primeira folha.

Nada do que eu já não soubesse.
1°-A arma do crime foi encontrada no meu carro.
2°- Uma roupa ensanguentada foi encontrada também.
3°- Eu estava com ela quando tudo aconteceu.

Para mim , o 2° item é totalmente desnecessário, é normal que a minha roupa tenha ficado repleta de sangue depois de tentar socorrer a Emily.

Viro a folha e aí sim , há coisas que não sei.
O

Henry , foi preso por assaltos, como já era previsto e , a polícia teve que inspecionar a casa dos pais da Emily.
Em casa , encontraram algumas provas contra ele e a meu favor. Foram encontradas mensagens trocadas com o Thomas que demonstram que ambos estavam a planear algo , algo muito mau.
Depois , os brincos que a Emily usou no dia do crime , foram encontrados numa caixa escondida por baixo de papéis que falavam sobre homicídios.

-Isto é grave.- sussurro quase num tom inaudível.

-O que é?- o Jack pergunta e eu olho para a última página.

-Vou a tribunal outra vez , dia 10 deste mês.- conto depois de ver essa informação no final da última folha e coloco a capa a meu lado.

-Isso é bom princesa.- ele sorri.

-Eu sei , mas posso ficar com a mesma pena e depois não há nada a fazer. A lei daqui implica apenas um julgamento enquanto estamos aqui.- abafo o meu rosto nas minhas mãos.- Tenho medo Jack, pode correr tudo mal.- sussurro.

-Pode , mas também há aquela possibilidade que tu descartas sempre.- ele cruza os braços e eu encolho os ombros.

-Estou preparada para tudo.- respondo e logo soa o toque para irmos para o refeitório.

-Hoje são almôndegas.- o Jack dá alguns pulinhos no ar e eu franzo as sobrancelhas.

-Gostas de neve e de almôndegas , os teus fetiches são estranhos.- rio enquanto caminhávamos até ao refeitório.

-Também gosto de ti , realmente estranho.- ele goza e eu reviro os olhos com o seu comentário.

A fila ainda está pequena e isso fez com que tivessemos os nosso tabuleiros muito rapidamente.

-Dá-me as tuas.- o Jack faz beicinho e eu nego.

-Tenho fome Jack.- argumento e dou uma trinca numa das almôndegas. Eca , comida fria.

-Hm , comida fria é a melhor.- o Jack fala com um ar desejoso e eu solto uma gargalhada.

-Tu és estranho.- falo entre pausas.

(...)

Depois de terminar a minha refeição, volto para a cela e olho novamente para os papéis que me foram entregues.

Algo me diz que não vou conseguir com estas novas provas. Sinto que não são suficientes.

-Tu pensas demais.- o Jack sussurra.

-Tenho que pensar. Pensar faz bem.- coloco a capa por baixo da cama e deito-me na mesma.

-Já soubeste? Ouvi dizer , quando fui tomar banho , que a prisão vai encher. Vão transferir alguns prisioneiros de outra prisão para aqui.- o Jack conta e eu assinto.
Um leve medo toma conta de mim. Medo de tudo.

-Vão chegar novas raparigas , já estou a ver a cena.- sussurro a última parte e ouço o Jack a rir , o que me irritou um pouco.

-Não sabia que eras ciumenta.- ele goza.

-Eu não disse isso por causa de ciúmes , tenho medo que elas fiquem a não gostar de mim, apenas isso.- minto.

Verdadeiramente , bem lá no fundo , estou com um pouco de receio. Sei lá , não é difícil uma rapariga ocupar o meu lugar.

-Eu conheço-te , já sei que estás com receio que algo aconteça entre nós.- ele fala , acertou em cheio.- Mas eu não te condeno, se pensas que eu não estou também , estás completamente enganada. Tenho medo de te perder de todas as maneiras.- o Jack admite e eu sinto-me surpreendida com as suas palavras.

-Já me conheces bem hm?- baixo a cabeça e mordo o lábio.

-E tu também , melhor que ninguém.- ele pisca o olho.

-Jack? Desculpa por estar sempre a tocar neste assunto , mas tu não disseste que tinhas um irmão?- mudo de assunto depois de alguns minutos em silêncio e vejo a expressão do Jack mudar.

-Eu tenho. Mas acontece que ele nunca acreditou em mim.- o Jack engole em seco.- Ele não apareceu sequer no julgamento. E quando soube que fui preso , mandou-me isto.- o Jack retira uma carta que estava por baixo do seu colchão e entrega-ma para a mão , sem que os guardas vissem.

Olho para o papel em antes de começar a ler o enorme texto que lá está escrito. Nota-se que é uma letra à pressa , totalmente bagunçada e sem qualquer critério , o irmão do Jack talvez tenha escrito isto no calor do momento.

Olá "irmão" , quem diria hm? Tu aí e eu aqui. Não sei se te posso chamar irmão, nunca te considerei como tal. Depois do que fizeste ao nosso pai , não te perdoo. Sempre soube que irias parar a um lugar desses no futuro , sempre soube que não tens talento e digo , ainda bem que não saí a ti nesse aspeto. Estou a estudar , e sempre que quiser desistir , vou lembrar-me de ti pois não quero acabar da mesma maneira que tu. Os crimes que cometeste , deveriam dar prisão perpétua para ti. Assaltos , vendas de drogas e um assassinato, no momento que cresceste comigo , já sabia. Nunca mostraste qualquer vontade de estudar , nunca falaste em futuro , porquê hm? Já sabias? Tenho agora ainda mais vergonha de dizer que tenho um irmão, e que ele és tu.
Ficamos órfãos, por tua causa. As pessoas olham-me torto na rua , como se me julgassem , mas eu vou provar que não sou a minha família. Despeço-me aqui. Vou ser alguém Jack , coisa que não foste.

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Prison | Jack.G Onde histórias criam vida. Descubra agora