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---Iris--- (25/04/2018 , quarta-feira)

Abro os olhos por causa do som de fundo , uma sirene que nunca ouvi começou a soar e quando me levanto percebo que muitos dos reclusos que ontem fugiram já estavam de volta ás suas celas.

-Caros prisioneiros, hoje anuncio que todos menos os quatro que aqui ficaram , estão de castigo e não será leve. As penas aumentaram 6 anos e , todos os dias até acabar o próximo mês , vão limpar o refeitório , a própria roupa e não vão poder frequentar o intervalo. O que fizeram não vos trouxe nada de bom , espero que pensem sobre isso.- a voz do diretor é ouvida nos altifalantes e eu suspiro. Ainda bem que não fugi.- Ah , e a comida será servida na vossa cela , isto para os que tentaram fugir.- e dito isto acaba o discurso.

-Já soubeste?- o Jack sussurra e eu franzo as sobrancelhas.- A Caroline conseguiu escapar , com os outros 10.- ele continua e eu encolho os ombros.

-Algo me diz que não vão conseguir ir muito longe com isso.- admito depois de me espreguiçar.

-Anda , vamos para o intervalo.- o Jack sorri e eu acompanho-o depois dos guardas fazerem a chamada.

Quando chegamos , arregalo os olhos ao ver a neve que cobria todo o terreno.

-Oh meu deus , que lindo.- o Jack atira-se para o chão e eu caio , não no chão mas sim na gargalhada.

-És muito tolinho.- gozo.

-Eu nunca tinha visto neve , é tão macia.- ele fala e eu rio ainda mais quando percebo que ele não está a brincar , ele está mesmo encantado com a neve.

-Tenho motivos para ter ciúmes dela?- aponto para a neve e cruzo os braços em seguida.

-Claro, olha como ela é linda e macia.- ele ri e eu tento fazer uma cara triste.

O Jack continua a fazer palhaçadas e eu logo sinto algo gelado bater fortemente contra o meu rosto.

-Meteste-te com o fogo.- berro na brincadeira e pego num pedaço grande de neve.

-A neve é melhor.- ele deita a língua de fora e eu atiro-lhe o que tinha na mão contra o rosto.- Mas é gelada.- ele treme de frio e eu atiro-lhe neve novamente.

-Meninos , aqui não é o parquinho.- o guarda que nos estava a guardar grita e eu sento-me no banco gelado da mesa do costume.

O Jack senta-se ao meu lado e eu observo as outras duas pessoas que aqui estão. Dois rapazes , um pouco solitários. E talvez por isso não ficaram a saber do que iria acontecer.

-Sabes Iris , nunca vi este sítio tão sossegado.- o Jack suspira.

-Imagino. Nem de noite costumamos ter silêncio.- sussurro.

-Mesmo , não têm respeito por ninguém.- ele responde e eu assinto.- O teu pai , quando esteve comigo , pediu-me para te entregar isto.- o Jack retira algo do bolso e eu sinto de imediato as famosas lágrimas a escorrem pelo meu rosto.

-A minha irmãzinha.- sussurro a olhar para o desenho que tinha nas minhas mãos.

O desenho mostra quatro pessoas , eu , os meus pais e a minha pequena irmã.

-Tenho tantas saudades deles.- soluço e sinto os braços so Jack em volta dos meus ombros.

-Uma família tão linda.- o Jack suspira e beija a minha testa.- Não te preocupes , eu sinto que vais sair daqui muito em antes de terminares a tua pena.- ele assegura e eu nego.

-O meu pai, foi simpático para ti?- pergunto a medo. O meu pai nunca falou em nada de positivo quando se referia a prisioneiros e dúvido que tenha sido agradável para o Jack.

-No ínicio foi um pouco severo , mas quando percebeu que eu só te quero ajudar não negou a minha ajuda. Se ele não gostasse de mim, eu entendia.- o Jack responde e eu dou graças a deus por o meu pai ter sido simpático para ele.

-Eles nunca imaginaram que eu algum dia viesse parar aqui. Desiludi-os.- baixo a cabeça e encolho-me por causa do frio.

-Eles sabem que és inocente Iris.- o Jack responde e abraça-me de lado , o que me fez ficar melhor em relação ao clima.

Nunca fui uma pessoa de demonstrar amor. Nunca me apaixonei por ninguém desde que me considero gente e o Jack está a fazer-me sentir coisas que são desconhecidas para mim. Nunca ninguém falou comigo com tais intenções, os rapazes procuravam-me para saber onde estava a Emily e pouco disso passava.
Eu estou a apaixonar-me na prisão, isso assusta-me muito.

-Sentes-te melhor por as outras terem sido executadas?- o Jack pega nas minhas mãos e eu encolho os ombros.

-Talvez , fico mais aliviada. Mas essa não é a minha maior preocupação.- suspiro.- Eu só quero sair é daqui.- deito a minha cabeça no ombro do Jack , como já é habitual.

-Quando sairmos daqui , vamos ficar juntinhos não vamos?- ele pergunta e eu sorrio com a pergunta inesperada.- Vou levar um pedacinho de neve para nos acompanhar.- ele ri.

-Eu gostava de sair daqui contigo.- sorrio ao imaginar.

-Tu sais primeiro que eu.- ele aperta as minhas mãos.- Prometes que vais esperar por mim?- ele pergunta e eu encaro-o.

-Vou , claro que sim.- sorrio.

-A primeira coisa que vamos fazer juntos , vai ser ir á Antártida ver neve.- ele atira-se novamente para o chão cheio de neve e eu rio tanto que me começa a doer a barriga.

-Vamos fazer um anjinho.- deito-me ao lado dele e fecho os olhos com força quando a neve gelada entra em contacto com o meu corpo.

O toque para voltar para as celas soa e eu berro mentalmente por ouvir o toque para voltar para as celas novamente.

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Prison | Jack.G Onde histórias criam vida. Descubra agora