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---Iris--- (30/07/2018 , segunda-feira )

Abro os olhos inesperadamente e ainda assustada e sorrio ao perceber que consegui acordar.
Estive acordada mentalmente durante todos estes dias e sim , ouvi tudo o que o Jack me disse.
Foi uma luta diária , combati com o meu corpo várias vezes e nunca venci , ficava sempre de olhos fechados.

O meu colapso não aconteceu por acaso , lembro-me como se fosse hoje , de ver o Thomas na porta do meu quarto com uma faca na mão. Pareceu-me tão real , que fiquei muito assustada e não conseguí aguentar o susto.

-Quanto tempo é que dormi?- pergunto aos médicos que logo entraram no quarto.

-23 dias.- um dos enfermeiros responde enquanto os outros olham atentamente para o meu registro cardíaco.

-Iris.- vejo a minha irmã a entrar pelo quatro e abro de imediato um sorriso orelha a orelha por vê-la.

-Estás tão crescida.- abraço-a de lado.

Os médicos saiem do quarto e eu sinto algumas lágrimas a cair pelo meu rosto assim que vejo o Jack e os meus pais a entrarem.

-Recupera rápido , estou farto deste lugar.- o Jack ri enquanto se aproxima e eu abraço-o com dificuldade , mas é um abraço apertado , como se ambos precisássemos disto à muito tempo.

-Também queremos.- os meus pais intervêm e eu abraço ambos também.- Vamos deixar os pombinhos em paz , anda Di.- a minha mãe chama a pequenina para fora do quarto e eu sento-me na cama , observando o Jack.

-Eu ouvi tudo o que me disseste.- sorrio e vejo as bochechas do Jack a ganharem uma cor mais rosada , o que me fez rir.

-Que vergonha.- ele tapa o rosto com as mãos.

-Foi muito por causa do que disseste que lutei sempre contra mim mesma para acordar.- entrelaço os nossos dedos e beijo-o.

-Então ainda bem que disse.- ele acaricia o meu rosto.- Tenho dado imenso trabalho aos teus pais , acho que vou pelo menos retirar-me de vossa casa.- ele fala convicto.

-Mas tu não tens sítio para ficar.- respondo confusa.

-Tenho sim , a minha antiga casa. O meu irmão não ficou com ela e a casa está em meu nome.- ele responde e eu suspiro.

-Não te quero longe de mim , mas tu é que sabes.- encolho os ombros depois de ficar em silêncio.

-Eu vou arranjar um emprego , depois logo se vê. Podemos até alugar um apartamento para nós.- ele sorri e eu faço o mesmo. Seria o meu sonho , podes viver com ele sem nada a impedir-nos.

-Avisando que dou pontapés enquanto durmo.- rio e ele faz o mesmo.- Podes-me só dizer quando é que eu saio daqui?- pergunto aborrecida. Estou farta de olhar para estas quatro paredes.

-Se continuares bem , esta semana já estás fora. Mas tens que vir aqui algumas vezes para ver como estás a ir.- ele sorri fraco.- Estás farta de estar aqui não é?- ele continua e eu assinto.

-Sim , isto aqui parece a prisão.- engulo em seco ao recordar os momentos que passei naquele sítio. Se tivesse completado a pena completa , não estava aqui neste hospital. Agora não sei o que preferia.

-Não penses nisso , já saímos de lá e é isso que importa. Agora podemos ser livres , fazer o que quisermos.- o moreno dá alguns pulinhos no ar e eu rio.

-Se estiver dentro da lei.- cruzo os braços.

-Menina Iris , como se sente?- a enfermeira que me tratou em antes de eu ter o colapso pergunta, interrompendo a conversa.

-Bem , um pouco cansada , mas quando vim para aqui estava bem pior.- respondo , tentando mostrar que estou prontíssima para ir embora.

-Amanhã, se tudo correr bem , pela parte da tarde já pode ir embora para casa.- a enfermeira responde e eu tento não mostrar totalmente a minha felicidade.- Tem que ter muitos cuidados em casa , e só regressa ao trabalho daqui a uma ou mais semanas.- ela avisa e eu assinto.- Senhor Gilinsky, o horário de visitas terminou. Amanhã pode vir buscá-la.- a enfermeira "expulsa" o Jack do quarto e eu beijo-o em forma de despedida.

(...)

Já tentei de todas as maneiras adormecer , mas há algo que me impede.

-Olá , Iris.- uma voz masculina faz-se ouvir atrás de mim e quando me viro para encarar o dono daquela voz arregalo os olhos ao ver o Thomas.

Tento alcançar o botão de pedir ajuda aos médicos mas o Thomas impede-me , prendendo as minhas mãos.

-Tiveste saudades minhas?- ele sussurra e eu olho para ele aterrorizada. O que eu vi no outro dia não era de todo uma visão.

-Deixa-me em paz.- sussurro com medo e sem ele perceber clico num botão que havia pedido aos médicos para se alguma coisa acontecesse.

-Vou fazer-te a vida num inferno.- ele cospe e eu encolho-me na cama , com medo.

-Prendam-no.- um médico aparece logo no momento em que o Thomas me ía sufocar com uma almofada.

O medo que tenho sentido preenche todas as minhas ações. Não quero viver com medo , com medo que alguém me esteja a perseguir.

-Vai ser preso de imediato , não precisa de ter mais medo.- a enfermeira que me tem acompanhado acaricia os meus cabelos e eu assinto com um sorriso que logo foi tapado pelas minhas lágrimas.

Vejo o Thomas a ser levado pelos polícias e em antes de ele desaparecer do meu campo de visão, deita-me um olhar aterrorizador.

Tudo o que eu menos quero , é viver com o medo colado a mim.
Se alguma coisa mudou depois dele ser preso? Não , sei que ele não vai descansar , mesmo estando lá dentro.

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Prison | Jack.G Onde histórias criam vida. Descubra agora