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---Iris--- (26/04/2018 , quinta-feira)

São neste momento 15:00 da tarde , as minhas mãos tremem e eu rezo para que a minha família me venha visitar.

-Eles vêm Iris , não fiques assim.- o Jack tenta acalmar-me mas só piorou a situação.

-Menina Iris , tem uma visita.- um guarda chama-me passado algum tempo e eu sorrio. Finalmente vou vê-los.

Caminho pelos corredores juntamente com um guarda que segurava firmemente o meu braço até à sala de visitas que era perto do telefone.

O guarda abre-me a porta para eu passar e assim que vejo os meus pais corro para abraçá-los.

-Filha , como te tens aguentado?- o meu pai pergunta assim que nos sentamos e eu baixo a cabeça.

-Nos primeiros dias foi difícil, agora nem tanto.- encaro os meus pais.- E vocês? Como têm andado?- pergunto.

-Com muitas saudades tuas filha , a Diana não pára de falar de ti.- agora foi a vez da minha mãe falar.

-Tenho muitas saudades vossas também.- suspiro e junto as minhas mãos com as dos meus pais.

-A casa não é a mesma sem ti.- a minha mãe chora e eu acaricío as suas mãos com os meus polegares. Vê-los assim parte-me o coração em mil pedacinhos.

-Eu juro que sou inocente.- mudo de assunto e reparo que o meu pai não tinha tanta certeza disso.

-Então como é que a arma do crime apareceu no teu carro?- o meu pai pergunta.

-Eu não sei , mas eu não fiz nada.- engulo em seco e tento com todas as minhas forças não começar a chorar.

Instala-se um leve silêncio que dizia tudo. Ambos não acreditam na minha inocência.

-O Jack , nunca te fez mal pois não?- a minha mãe pergunta.

-Não, ele é boa pessoa.- respondo e reparo no olhar desconfiado do meu pai.

-Ele é um criminoso , não acredites nele. Ele pode ter segundas intenções contigo.- o meu pai responde e eu penso seriamente no que ele me diz.- Ele pode estar a ser a melhor pessoa do mundo , mas lembra-te que ele está aqui por alguma razão.

-Eu sei , pai.- respondo ainda cabisbaixa.

(...)

Eu e os meus pais falamos durante mais algum tempo mas o toque soou , o que deu fim ao tempo de visitas.

-Cuida-te , filha.- a minha mãe abraça-me e o meu pai faz o mesmo em seguida.

Novamente dentro da minha cela , posso perceber que o Jack não está nos seus melhores dias , quando o vejo desenhar , num dos cantos da sua cela.

-Tu? A desenhar?- pergunto com os olhos semicerrados.

-O melhor desenho que já fiz na minha vida.- ele ri sem tirar os olhos do papel e eu espreito pelo buraco para ver o desenho.- Não tão cedo.- ele afasta o papel da minha visão e eu reparo que ele estava a desenhar uma rapariga. Notei pois vi uns cabelos longos no desenho.

-Oh , mostra-me.- choramingo.

-Quando acabar talvez to mostre , mas tens que ter calma.- ele pisca o olho e eu sento-me no chão , virada para a cela dele.- Como correu a visita?- ele pergunta ainda sem tirar os olhos do papel.

-Mais ao menos , algo me diz que eles não
acreditam na minha inocência.- apoio o meu rosto nos meus braços que estavam nas beiras do buraco que mostrava a cela do Jack.

-Eles bem lá no fundo sabem, a maneira com que fazes as coisas e pensas nelas , não te entrega como uma assassina. Acredita.- ele responde , agora com os olhos postos em mim.

Ele volta o olhar para o papel e rasbisca mais algumas vezes até terminar.

-Não te rias da minha falta de talento.- ele olha uma última vez para o papel em antes de mo entrar para a mão e assim que o vejo arregalo os olhos. Um desenho perfeito, cada detalhe é incrível.

-S-sou eu?- pergunto e ele assente afirmamente.- Está lindo , Jack. Obrigada.- sorrio , totalmente emocionada.

-Não chores , o desenho não pode ficar molhado.- ele ri e eu faço o mesmo , deixando a vontade de chorar de lado.

-Desde quando é que desenhas assim?- pergunto e vejo-o aproximar-se , sentando-se em seguida à minha frente.

-Assim mal?- ele ri.- Eu desde que sou pequeno que gosto de desenho , mas não era uma coisa que fazia constantemente.- ele encolhe os ombros.

-Eu também era um bocado assim em relação ao canto , a diferença é que eu estava sempre , metida no meu quarto a espantar os vizinhos com a minha voz.- rio e ele faz o mesmo.

-Canta para mim , por favor.- ele súplica e uma vozinha na minha cabeça diz-me para eu o fazer.

-Não te quero espantar a ti.- cruzo os braços.

-A tua voz é tão fofinha , de certeza que não cantas mal.- ele faz beicinho e eu tento não olhar muito para ele. Com aquela carinha vou acabar por começar a cantar e não é essa a minha intenção. Tenho vergonha , nunca cantei para ninguém de "fora".- Os guardas não estão aqui , era uma boa oportunidade.- ele insiste e eu acabo por ceder.

-Só uma música.- suspiro.

Tento pensar numa música e a primeira música que me aparece na cabeça é talvez , a mais difícil e exigente que já cantei perante a minha família.
É das Little mix , a minha banda preferida. Chama-se Love Me or Leave Me e cantá-la aqui em frente ao Jack vai ser um grande passo para ultrapassar a vergonha que sempre tive de cantar.

-Não olhes para mim por favor.- peço e baixo a cabeça em antes de soltar a minha voz.

{N/A: o vídeo que está na mídia é para vocês conhecerem melhor a voz da Iris (Madison Beer)}

Começo a cantar e o Jack não me encara , isso agrada-me.
O meu coração quase sai do meu peito à medida que canto e estalo os meus dedos repetidamente para ter algo de fundo.
Sentia falta de cantar assim.

Quando acabo, o olhar do Jack direciona-se para mim e eu sinto um leve medo preencher o meu corpo por completo.

-Iris , tu cantas muito bem.- ele carrega com a voz na palavra "muito" e eu sinto um sorriso formar-se no meu rosto , por total impulso.- A tua voz...- ele tenta acabar a frase mas desta vez fui eu que não o deixei. Pela primeira vez , beijei-o por minha iniciativa.

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Prison | Jack.G Onde histórias criam vida. Descubra agora