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---Iris--- (02/08/2019 , quinta-feira)

Olho para o lado e como ontem , observo o Jack a dormir e reparo que sou um sortuda. Ele é lindo , tanto por dentro como por fora. Tem uma história que chocaria qualquer pessoa e é incrível o facto de ele ter ultrapassado.

-Outra vez a encarar-me?- ele ri em antes de abrir os olhos.- Já estou desculpado por aquilo?- ele muda o assunto.

-Hm, ainda vou pensar no assunto.- cruzo os braços.- Quem é ela e porque é que nunca me falaste nela?- pergunto curiosa.

-Ela é uma amiga de infância que em antes de eu entrar para a prisão se apaixonou por mim e como eu não estava habituada a isso deixei-me levar. Depois o meu irmão interferiu e afastou-a de mim. Ela nunca teve a decência de ir visitar-me à prisão , e agora chega a dizer que é minha melhor amiga.- o Jack bufa e nota-se a quilómetros a sua frustação. 

-E vocês nunca...- sussurro.

-Não.- ele ri em antes de eu terminar a frase.- Foste a primeira e desejo que sejas a última.- ele beija-me e eu faço o mesmo.

-Outra vez?- a Diana entra no meu quarto com a mesma cara de nojo de quarta-feira e eu só me consigo rir com isso.

-São coisas de namorados.- o Jack encolhe os ombros e eu pego no desenho que a Diana me havia estendido para a mão. No desenho mostra um família, onde está ela , os nossos pais , eu e o Jack , que agora obviamente faz parte de nós.

-Tu não dizias que eu era feio? Porque é que me desenhaste bonito?- o Jack pergunta na brincadeira e noto que a Diana meio que ficou sem resposta.

-Para não estragar o desenho.- a pequena responde e sai do quarto em seguida.

-Isto precisa de ficar num moldura.- respondo assim que ela sai , sem tirar os olhos do desenho.

Por trás do desenho há uma frase que me fez rir por causa dos erros ortográficos, mas que aqueceu o meu coraçãozinho.

"Gosto muinto di voses ,
o Jack e feiu" 

Mostro a parte de trás do desenho ao Jack.

-Porra a tua irmã precisa de óculos.- ele gaba-se e eu cruzo os braços.

-Olha que eu acho que ela tem razão.- encolho os ombros.

-Não gostas de mim é?- ele pergunta a fazer beicinho e eu reviro os olhos.

-Nem sei o que isso é.- faço-me de desentendida e logo sinto o corpo dele sobre o meu , a fazer-me cocegas.

-Jack...pára.- respondo ofegante.

-Só paro quando disseres que eu sou o amor da tua vida.- ele sorri e eu tento afastá-lo mas sem sucesso.

-Tu...és...o amor...da minha vida.- falo por fim e ele larga-me.- Mentira.- deito a língua de fora e reparo que o Jack desta vez ficou um pouco magoado.- Estava a brincar amorzinho.- atiro-me para o seu colo e ficamos ali um bom tempo abraçados.

-É tão bom estar aqui contigo , sem grades a separar-nos.- ele sussurra enquanto me aperta e eu beijo o seu pescoço.

-É mesmo. Mas melhor mesmo era conseguirmos arranjar um apartamento para morar-mos juntos. Estou farta de viver ás custas dos meus pais.- bufo.

-Tenho que arranjar um emprego. Mas tenho medo de ninguém me aceitar por não ter cumprido todos os anos na prisão.- ele responde com uma expressão distante.

-Pelos vistos não sou a única que pensa negativo.- cruzo os braços. 

-Eu só penso às vezes , tu não.- ele tenta defender-se e eu acabo por concordar com ele.

(...)

À minha frente está o novo parque de diversões da minha cidade , depois de muitos pedidos , finalmente concordei com o Jack e viemos conhecer.

-A vida é feita de coincidências.- uma voz feminina que logo conheci fala atrás de nós e eu viro-me para encarar a Millie , que está com um rapaz.

-Que é que estás aqui a fazer?- o Jack fala para o rapaz que riu com a sua pergunta.

-O mesmo que tu , só se estiveres aqui para matar alguém , aí já não estamos a pensar no mesmo.- o rapaz sorri falso e eu amarro-me ao braço do Jack , num sinal de calma.

O rapaz é moreno e tem cabelos castanhos escuros, um pouco parecido com o Jack , diria eu.

-Não me vais apresentar a minha cunhada?- o rapaz fala agora com os olhos postos em mim e eu arregalo os olhos ao perceber que ele é o irmão do Jack. O rapaz que lhe escreveu aquelas  atrocidades. 

-A partir do momento em que não queres saber de mim , já não te reconheço como minha família.- o Jack responde e reparo que ele está muito frágil e emotivo.

-Se tivesses um irmão como tu , agirias da mesma maneira que eu. Ninguém quer um criminoso na família.- o irmão do Jack ri e eu sinto que agora é o momento perfeito para intervir.

-Criminoso? Não o vejo como isso. Depois de o conhecer, reparei que ele é uma pessoa muito boa apesar de tudo. Já tu , não me parece que sejas , porque as pessoas boas não abandonam a própria família , nunca.- cuspo.

-Arranjaste uma rapariga mesmo parecida contigo.- o irmão do Jack ri e eu engulo em seco.

-Se isso era para me afetar , esquece. Para mim isso foi um elogio.- puxo o Jack pela braço até a um lugar distante do local.- Estás bem?- pergunto ao moreno à minha frente que está abalado com a aparição do irmão.

-Não , nunca pensei vê-lo outra vez.- ele baixa a cabeça.- Obrigado por me teres defendido , eu...eu não conseguia falar.- ele gagueja a última parte e eu acaricío o rosto dele com a minha mão.

-Ele não sabe o que diz.- tenro acalmar o Jack que está com a respiração acelerada.

-Mas e se ele tem razão? Eu sou mesmo um criminoso , o meu lugar não é aqui.- ele senta-se num tronco de árvore e eu repito o seu gesto , com as minhas mãos em cima das dele.

-O teu lugar não é na prisão, tu podes ter feito asneiras mas quem e que não faz?- olhos nos olhos , respondo.

-Eu nem sei como te agradecer.- ele abraça-me inesperadamente e eu aperto-o com força.- Foi quando te conheci , que comecei a conhecer-me melhor.- ele sussurra no meu ouvido e eu sinto os meus olhos marejados com as palavras dele.

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Prison | Jack.G Onde histórias criam vida. Descubra agora