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---Iris--- (01/05/2018 , terça-feira)

***5 dias depois***

Os últimos cinco dias foram normais , nada de novo aconteceu , a mesma rotina de sempre , com a mesma pessoa de sempre.

-Menina Iris , o diretor quer falar consigo.- um gurda aparece na minha cela e eu sinto receio. Espero só que a minha família esteja bem.- Não trema , não é grave.- o guarda assegura assim que começamos a caminhar em direção ao gavinete do diretor e eu sinto-me mais aliviada.

-Iris , sente-se por favor.- o diretor fala assim como da outra vez e eu sento-me na mesma cadeira.- Então, chegaram novas provas.- o senhor de barbas começa por dizer e eu sorrio mentalmente ao receber tal notícia.- O irmão da falecida Emily , foi revistado e encontraram no quarto dele coisas que podem vir a levar-te a tribunal novamente.- o senhor continua e eu aperto as minhas mãos.

-Então isso quer dizer que eu posso sair daqui?- pergunto com um sorriso no rosto.

-Pode , como não pode. Não se precipite.- o diretor pede e eu assinto.- Pode voltar para a sua cela.- ele dá-me permissão para sair e eu assim o faço.

Quando volto á cela , reparo que está na hora do intervalo e sigo sempre em frente , em direção do terreno habitual.

-Que é que ele disse?- o Jack pergunta assim que me vê e eu sento-me ao lado dele.

-Encontraram novas provas , no quarto do irmão da Emily. Posso sair daqui mais cedo Jack.- dou um pulinho no ar e olho para o Jack que não demonstrava tanta felicidade como eu.

-Eu estou feliz por ti , mas só não sei como é que vou aguentar não te ver todos os dias.- ele suspira e reparo nos olhos dele que realmente estava triste.

-Calma Jack, ainda não está nada decidido.- sento-me em frente a ele.

-Eu sei que não queres estar aqui e o facto de te ires embora alegra-me nesse aspeto , mas o facto de nunca mais te ver aqui não me deixa nada feliz. Eu apeguei-me muito a ti , muito mesmo.- ele pega no meu rosto com as suas mãos e eu suspiro com o seu toque.

-Mesmo se eu sair , tenho direito a vir visitar-te todas as quintas Jack.- cruzo os braços.

-Ver-te apenas trinta minutos por semana é mais que tortura para mim.- ele fala como se fosse óbvio.

-Em antes de eu chegar tu vivias normalmente Jack , é só voltar aos velhos tempos.- falo da mesma forma que ele.

-Quando não sabia da tua existência era fácil , agora que sei não te quero largar.- ele sorri e eu não resisto em fazer o mesmo.

-Meninos , podem deixar de namorar e ajudar a limpar o jardim por favor?- um guarda dá-nos para a mão alguns materiais de limpar a relva.

-Sim , senhor.- sussurro e começo a fazer o que nos foi pedido.

Sinto as mãos do Jack chocarem contra a minha parte de trás e dou um salto com o seu ato.

-Jack!!- repreendo-o.

-Desculpa , não resisti.- ele ri e eu faço o mesmo, ainda envergonhada.

-Porque é que no início, só me disseste que a tua pena era de mais cinco anos?- pergunto. Desde ontem que essa pergunta não me sai da cabeça e tenho que a esclarescer.

-Eu não sei , para te dizer a verdade. Sinceramente , foi o meu cérebro que me avisou , para te mentir.- ele encolhe os ombros.- E depois de te conhecer melhor , tive medo de te contar e de tu te afastares de mim , como já te disse.- ele continua e eu assinto.

-Quando me contaste, fiquei com um pouco de medo. Mas depois lembrei-me que és o Jack, então...- admito.

-Foi o pior dia da minha vida. Ver o meu pai a espancar a minha mãe.- ele baixa a cabeça e eu suspiro.

-O que tu me contaste sobre a tua família não é verdade pois não?

-Não. A verdade é que vi desde que nasci , o meu pai bêbado a discutir e a bater à minha mãe. A minha mãe fazia de tudo para nos ajudar , mas o meu pai estragava tudo. E muitas pessoas pensavam até áquela dia , que eu era órfão, a minha mãe nunca saía de casa por causa das marcas que o meu pai lhe deixava e o meu pai passava o dia nas boates.- ele fala e reparo nos seus olhos marejados. Vê-lo chorar deixa-me triste , com vontade de o deoxar alegre novamente.

-Desculpa por ter perguntado.- baixo a cabeça , arrependida.

-Tínhamos que ter esta conversa algum dia.- ele encolhe os ombros e eu aproximo-me dele.

-Quando saires daqui , prometo que os meus pais te vão tratar como um filho.- abraço-o depois de limpar com o meu polegar as suas lágrimas.
Vai ser uma tarefa difícil, convencer os meus pais que o Jack é tudo menos um criminoso mau , mas vou fazer de tudo para que eles aceitem.

-Obrigada Iris , és tudo o que eu tenho.- ele abraça-me de volta e beija-me a testa assim que nos separamos.

-Ao trabalho , deixem-se disso.- um outro guarda grita e eu volto ao trabalho.

-Não deixam uma pessoa ser feliz.- o Jack sussurra e eu rio.

(...)

Encaro o teto da minha cela e penso na possibilidade de sair daqui mais cedo do que o que é previsto.

Apesar de ser uma boa coisa , iria ficar com a fama de assassina , mesmo provando a minha inocência. Iria ser difícil arranjar um emprego em que me aceitassem.
E iria ficar sem o Jack , para me alegrar nos maus momentos. Apesar de estar apaixonada por ele , coisa que nunca pensei que aconteceria, ele é meu amigo , e nem qualquer pessoa é assim na prisão. A maior parte faz colegas , não amigos.

-Em que tanto pensas?- ele pergunta e eu suspiro.

-O facto de me ter apaixonado por ti , assusta-me.- admito por total impulso. Já devem ter percebido que muitas das vezes digo coisas que não deveria de dizer né? Ai ai Iris , não aprendes.

-Porque é que te assusta?- ele pergunta surpreendido.

-Porque não vim para a prisão com esse tipo de intenção.- rio.

-Eu também não , mas aconteceu. E ainda bem.- ele pisca-me o olho.- Eu também estou apaixonado por ti.- ele sorri sem qualquer tipo de ironia.

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Prison | Jack.G Onde histórias criam vida. Descubra agora