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---Iris--- (25/06/2018 , segunda-feira)

Abro os olhos lentamente e logo sinto imensas dores nos meus braços e pernas.
Olho em volta e logo me sinto assustada com o que vejo. Estou no meio de um armazém completamente vazio e a minha última recordação é de estar sozinha em casa , a procurar um emprego.

Estou acorrentada , e quando olho em frente vejo um espelho , onde mostra um desastre. Estou completamente cheia de feridas e hematomas.

Ainda sem saber o que aqui estou a fazer, começo a entrar em total desespero.
Não consigo sentir as minhas pernas e sinto-me gelada.

-Olhem só quem acordou.- uma silhueta masculina aparece na minha visão e eu arregalo os olhos quando vejo o Thomas , o ex namorado da Emily.

Logo , algumas memórias anteriores aparecem na minha cabeça.
Lembro-me de estar desesperada em casa , à procura de ajuda pois um intruso entrou lá dentro. Apenas isso.
Pelo que parece o intruso é o Thomas.

-O Henry está na prisão por tua causa.- sinto algo forte contra a barriga e grito com as dores.- E não és só tu que vais sofrer , sabemos do teu namoradinho.- ele sussurra perto do meu ouvido e eu sinto de imediato lágrimas nos olhos quando imagino o que pode acontecer ao Jack.

-Faz-me tudo o que quiseres, mas deixa-o em paz por favor.- falo , passado algum tempo a tentar acalmar a minha respiração e a tentar recuperar a voz.

-Ah , então esse é que é o teu ponto fraco. Bom saber.- o Thomas ri e eu choro tudo o que tinha acumulado nos últimos minutos.

-Tu és um psicopata , porque é que mataste a Emily?- grito , de uma maneira repentina. As lágrimas não param de escorrer pelo meu rosto.

-Ela mereceu. Ah , e um bocado de diversão não faz mal a ninguém.- ele encolhe os ombros, como se estivesse a falar de uma coisa normal e deixa-me sozinha , saindo do armazém.

Desmancho-me em lágrimas e sinto as minhas ancas chocarem contra o chão. Sinto-me fraca , não posso parar o Thomas , neste momento só consigo respirar e chorar.

(...) 30/06/2018 , sábado

5 dias sem comer.
5 dias sem beber
5 dias sem notícias de ninguém.

O sol escaldante que me faz suar a cada dia que passa , travessa a janela do armazém e eu fecho os olhos para não encarar a luz brilhante.
As forças são poucas , quase escassas , e estou aqui à 120 horas , sem comer nada e sem notícias nem aparições de ninguém.
A morte aproxima-se , sinto-a mais presente a cada hora que passa e o meu corpo está a ceder.

Sinto-me frustada por não saber o que se passa com o mundo lá fora , com o Jack e a minha família. Sinto-me culpada por ter deixado o Jack entrar na minha vida, devia ter pensado nas consequências que isso poderia causar , a ambos.

-Uma pessoa pode ser má mas não é tanto.- vejo o Thomas entrar no armazém com um saco de papel na mão e uma garrafa de água na mão.- Que pena que estás a passar por isto.- ele tenta mostrar pena mas no seu olhar só consigo ver veneno puro.

O saco e a garrafa são atirados para perto de mim e o rapaz que havia entrado à segundos atrás , desaparecera em segundos também.

Assim que alcanço a garrafa de água , com as mãos trémulas , bebo a mesma num piscar de olhos , mas logo me arrependo. Não o devia ter feito , vou passar mais e mais dias sem nada para beber. Se é que vou aguentar.

Depois , dou uma trinca num dos pães simples que estava dentro do saco de papel e suspiro de alívio ao sentir algo na minha boca depois de tanto tempo.
O mau paladar que antes era seco , está melhor agora. Sinto-me totalmente esfomeada.

---Jack---

O meu corpo cai sobre o colchão da cela e no meu pensamento só vem uma coisa. Iris.
Depois dos pais dela me virem visitar , a contar o que se passa por fora destas grades que me prendem aqui , senti apenas vontade de desaparecer deste lugar para a trazer de volta para os pais. Podia voltar para aqui na mesma , mas só a quero salvar.
Amo-a com tudo o que tenho, foi a única que fez parecer este lugar um paraíso quando estava perto de mim.

-Olá Jack. Estás a pensar na tua querida amada desaparecida?- a minha cela abre-se num instante e eu levanto-me , assim que vejo quatro prisioneiros à minha frente , sem nada a separar-nos.

-Que é que vocês querem?- pergunto , tentando não mostrar qualquer medo.

-Vingança.- um deles pisca-me o olho e eu engulo em seco.

Recuo alguns passos para trás até chocar contra a parede e logo sinto um punho chocar violentamente contra o meu rosto.

Tento defender-me , mas sou travado pelo resto dos reclusos , que me amarraram as mãos e os pés.

-Conheces-me?- o rapaz que me esmurrou à segundos atrás pergunta e eu limito-me a abanar negativamente com a cabeça. Nunca o vi na vida , não sei o que quer de mim.- Sou o Henry , o irmão da falecida Emily , coitada.- o rapaz que aparenta ter os seus 19 anos sorri de lado e eu tento desprender as minhas mãos.

-Podes fazer-me tudo o que quiseres , mas deixa a Iris em paz.- respondo num tom furioso , e assim que consigo soltar uma das minhas mãos não perco tempo em chocar a mesma contra o rosto do Henry , com toda a força que tenho , sem dó nem piedade. 

-És forte , mas não mais que eu.- o rapaz respondo logo que se recupera do meu ato e assim que tenta atingir o meu rosto , eu impeço-o , pressionando a minha mão contra a dele.

-Isso é o que vamos ver.- com o meu cotovelo atingo o rosto dos dois reclusos que estão ao meu lado.

-Que é que se passa aqui?- um guarda aparece.

-Passa-se que estes quatro prisioneiros entraram na minha cela , por magia.- sorrio falso e limpo o meu nariz que sangra , com o meu polegar.

-Vocês os quatro , para o gabinete do diretor já.- o guarda ordena aos quatro rapazes que logo obedecem.- E tu , Jack , vai tratar desse nariz , parece estar partido.- o guarda sorri fraco e eu assinto.

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Prison | Jack.G Onde histórias criam vida. Descubra agora