CAPÍTULO QUARENTA E SEIS

2.1K 166 18
                                    

    A vida seguiu seu curso maravilhosamente bem após nosso casamento. Alec e Magnus seguiram a deixa e também uniram-se em matrimônio; e logo depois tornaram-se pais de um lindo menininho feiticeiro cujos pais mundanos haviam abandonado. Max Rafael Lightwood-Bane apavorou-se com a enorme família que formávamos e, apesar de ter assumido Isabelle e eu como suas tias de imediato, retraiu-se a princípio. Até que meu pequeno Tavvy arregaçou as mangas e praticamente o obrigou a ser seu novo melhor amigo, o que acabou com todas as inseguranças de Max. Pouco tempo depois Jace pediu Clary em casamento, o que fez Jocelyn ter uma crise histérica de choro… Movida pelos hormônios, uma vez que descobriu que estava grávida de uma garotinha encantadora que veio a se chamar Amália Fairchild Garroway. Emma e Julian, cada vez mais, aproximaram-se um do do outro, algo que não passou despercebido por mim e por Jem. Nós sabíamos que o fato de eles serem Parabatai traria sérias complicações, mas, no que dependesse de mim, o mundo estaria livre para que os dois vivessem aquele novo amor. Não demorou muito para que Mark se apaixonasse e para que Aline e Helen se casassem. A união das duas se deu poucos dias antes do luau na praia no qual festejamos outro casamento, desta vez de Bartolomeu Velasquez e Maia Roberts.
    Quando uma linda fadinha órfã de nome Sherazade, com longos cabelos cor-de-rosa, e um bebê Nephilim chamado Jeremy vieram acrescentar à família Lightwood-Bane, dei a todos a notícia de que os Landway também receberiam um novo integrante. Willian Natanael Landway Carstairs, como um bom neto de Raziel, veio ao mundo trazendo consigo uma energia vital que fez estremecer as paredes do Instituto. Com meus cabelos brancos e os olhos castanhos do pai, meu menino foi banhado pela primeira vez em sua vida nas águas abençoadas da gruta sob a biblioteca, quando Jem o apresentou aos avós, o oficial e todos aqueles que consideravam-se como tal. Do quarto onde eu estava, tão distante do Lago, eu sentia a presença de Raziel, Miguel, Gabriel, Rafael e todos os outros Anjos. Suas almas estavam em êxtase por conhecer meu filho. No dia em que nasceu, Will recebeu as bençãos de seus ancestrais angelicais.
    O destino quis que ele fosse mais parecido com o pai do que comigo. Seu sangue estava em equilíbrio em uma proporção semelhante a de Jace e Clary e, no futuro, suas Runas seriam negras como eram para qualquer Caçador de Sombras. Mas ele seria forte, teria o poder de portar diversas de minhas Marcas. Em suas costas, no local onde eu possuía um grande par de asas brancas e prateadas, Will possuía um sinal de nascença no formato exato de uma pena. Meu filho não poderia voar, ou prever o futuro. Ele não conseguiria abrir portais e nem identificar demônios pelo cheiro. Mas ele, por si só, era um milagre. Will era a maior prova existente de que o Criador, por mais poderoso e grandioso que fosse, olhava para cada um de nós com olhos piedosos e amorosos. Porque se, há 1.327 anos, aquele Deus benevolente não tivesse permitido que uma criança fruto de um pecado vivesse, seis crianças órfãs jamais saberiam o que era uma família; um feiticeiro de pupilas verticais teria permanecido parado no tempo enquanto seu amor envelhecia sozinho; um homem restaurado teria passado o resto de sua vida preso ao passado; um rapaz de belos olhos azuis nunca teria aprendido o que era amar com desprendimento alguém que necessitava desesperadamente de amor. Se aquela criança não tivesse sido salva, o mundo teria caído em uma noite eterna frente às sombras do Inferno. Se o pecado de um Anjo não tivesse sido perdoado, aquele ser que era uma mistura perfeita entre James e eu não viria a se tornar um menino amoroso que encantava espíritos por onde quer que passasse, nem um jovem lindo de sorriso fácil que enlouquecia a todos nós com suas proezas dignas de serem contadas por bardos, nem um homem cuja honra e fé guiavam cada passo. Se a piedade de Deus e o afeto dos Anjos não tivessem me mantido viva, eu jamais teria segurado nos braços aquele que era meu milagre pessoal enquanto olhava nos olhos do homem que eu amava mais do que a mim mesma.
    E, sem Jem, Alec, Magnus, Jace, Simon, Isabelle, Clary, Jocelyn, Luke, Helen, Aline, Mark, Emma, Julian, Livvy, Ty, Dru, Tavvy, Amália, Max, Sherazade, Jeremy e Will, uma certa mulher Semianjo jamais teria entendido o sentido por trás da palavra “viver”. E jamais teria vivido.



"Ainda que falasse as línguas dos homens e dos Anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, nada seria."
Coríntios 13

Os Instrumentos Mortais - Cidade dos Anjos Renascidos (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora