Laços de Sangue.

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O sol estava cada vez mais quente, o rabo de cavalo já havia sido trocado por um coque e mesmo assim nada aliviava aquele calor imenso, nem parece que eu morava meses atrás no RJ.
Finalmente viro a esquina da rua onde moro. Meu corpo, em especial meus pés, clamavam por descanso.
Eu tinha perdido o ritmo de correr, geralmente eu fazia isso com o Eric e já faz tanto tempo que eu parei, na verdade foi ele que me convenceu a começar a correr.

Meu relacionamento com Eric Benson nunca foi daqueles normais, pra começar a gente mal se conheceu e ja estávamos namorando; nos quase nunca nos víamos ; Ele só conheceu minha família formalmente 7 meses depois do início do nosso namoro; apesar de eu sempre chamar ele pelo nome, ele nunca me chamou pelo nome. Só me chamava de Fadinha .
Por eu sempre deixar os dias dele mais alegres, oque isso provavelmente era mais uma mentira; nosso namoro sempre foi a base de mentiras e finjimento.
Depois da traição eu cheguei a conclusão de que foi algo bom para mim.
Não por ter que ouvir da boca da Diaba ruiva que eu sou chifruda pelo o resto da minha vida, mas por ter me livrado daquele relacionamento estranho que nos tínhamos.
Eric era, até quando eu o conhecia, um garoto magrinho, skatista e que não tirava o boné da cabeça por nada. Sempre com suas blusas extremamente largas e suas calças 4 números maiores, ele encantava todas menininhas da região.
Até hoje quando paro pra pensar sobre isso não acho nenhuma qualidade nele que eu possa ter me interessado, aquele fim "trágico" do meu namoro, foi na verdade, uma grande libertação.

Finalmente havia chegando a minha casa, a julgar pelo carro a família Melchet não haviam ido embora. Não fazia diferença mesmo.

Logo quando eu entrei todos ali presente me olhavam estranho, como se tivessem visto um alienígena.

- Gente, vocês nunca viram alguém suada e extremamente com calor não?- Pergunto e logo todos desviam seus olhares.

Subo as escadas e vou direto para meu quarto. O mesmo está trancado, mas que merda!

Começo a bater e ao entorno que não sou "atendida" a força dos murros vai aumentando.

- Micaelaaaa- grito.

Continuo a bater.

- Abre essa porta. - Meus murros já estavam fazendo maior estrondo no andar de cima.

Até que ela abre.

- Mas que merda Micaela, porque vc trancou esse quarto.

- Não queria ser incomodada.

- Não quer ser incomodada, compra uma casa no meio do nada e vai morar, aqui é minha casa e esse é meu quarto, cadas coisas. - Digo e ela bufa me fazendo revirar os olhos.

- Não maah, não por você. - Quando ela termina eu entro.

- Onde você estava?- Me pergunta.

- Nem minha mãe se incomodou ou me pediu satisfações, vc vai?

- Foi uma pergunta boba Maelle, para de ser grossa comigo.

- Que eu saiba, o quarto ao lado te pertence. Porque habita o meu? - tiro os tênis.

- Aquele quarto é sinistro, juro ter visto um espírito lá.

- O único espírito lá é o seu, larga de ser fresca.

- O único espírito que vc saiba. - Reviro os olhos com seu último comentário.

Entro no banheiro e tomo meu banho, aproveito pra lavar meu cabelo.

Saio e já entro para meu closet, vestindo a roupa mais fresca que eu encontrei. Rasteirinhas e pronto, frescor garantido.
Saio do closet e coloco meu celular pra carregar, na escrivaninha que o coloco vejo um envelope rosa, endereçado a mim.

- Foi você que o deixou aqui? - Digo e o mostro o envelope a mica.

- Não mesmo, eu até o vi, mais tava destinado a você então nem mexi.

Estranho.
O abro e começo a ler, era apenas uma frase.
Claro que tinha sido a tocha humana que havia deixado, reconheço os garranchos dela.

Vou tomar meu café, o levando em minhas mãos.

- O que tá escrito!?- Pergunta Micaela logo atrás de mim.

- Nada de importante.

- E é de quem?- Faz mais uma pergunta.

- De uma pessoa menos importante ainda. - Falo por fim , ela se cala.

Quando chego lá em baixo o deixo nas mãos de Hugo, ele como pai tinha direito de saber que a tocha humana me deixou um bilhetinho.

- Encontrei no meu quarto. - Digo e vou para a cozinha procurar algo para comer.

Faço um café da manhã bonito de se ver, aquilo devia estar delicioso.
Me sento e quando vou comer surge alguém me atrapalhando. ARRRGG

- Eai. - Mais que inferno, era Marlon.

- Você não conversa nunca comigo, e quando conversa é me atrapalhando comer. - Dou a primeira garfada nos meus waffles recém preparados.

- Não conseguia conversar com você, me sentia culpado. - Fala e se senta na mesa.

- Não conseguia ou não queria? - falo mas não olho em seu rosto.

- Eu sempre suguei toda a culpa de Katherine, e isso me impedia de falar com você.

- Se é assim porque está falando agora?.- continuo sem olhar.

- Nada, nem devia estar aqui mesmo. Fui- diz se levantando e caminhando lentamente.
Eu conhecia aquela estratégia.
Ele se faz de vítima e supõe ir embora só para eu pedir para ficar, sorte a dele que eu não caio nessas neras.

Permaneço calada e ele então se vira, tirando satisfações por eu não ter caído do seu joguinho emocional.
Sem querer solto um sorrisinho involuntário por minha tese estar certa.

- Não vai me pedir pra ficar? - Indaga.

- E por que eu pediria?- Dessa vez olho em seu rosto.

- Eu sou seu irmão Maelle!- abaixo o olhar novamente.

- Não, você não é.

- Temos o mesmo sangue, dado por nosso querido e amado Felipe. - Debocha.

- Temos os mesmos laços sanguíneos e mesmo assim somos completos estranhos um para o outro.

Minha mãe chega tão repentinamente , que não dá tempo do Marlon me responder.

- Visita pra você- Eu olho e aponto um dedo pro meu busto, perguntando mentalmente se era eu que ela estava se referindo.
Ela confirma com a cabeça e eu apenas saio da cozinha deixando Marlon sozinho com os seus pensamentos.

Eu, antes até pensava em um dia conversar e até poder ser amigo do Marlon por ele ser meu primo.
No passar do tempo eu vi que ele não era aquela pessoa que poderia ser meu amigo um dia, agora com essa história de lações de sangue e irmandade. A convivência parece que piorou.

Continua.... ❤️^_^🌼

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Per(feito) Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora