Capítulo 23-Caminhos da mente

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Cali on:

Fazia um mês que Jacob estava desaparecido, Luc estava cada vez pior, as rachaduras azuis estavam por praticamente todo seu corpo.O curandeiro não deu muito tempo pra ele. As coisas no reino também não andavam muito bem. Caim tinham uma certa inclinação a guerra e embora eu tentasse ,controlá-lo era impossível. Ele declarou guerra ao reino bruxo pela morte de nosso pai e também por não ter executado Jacob já que agora, o garoto era considerado um criminoso em quatro dos seis reinos. Os únicos que se mentiam longe da confusão eram as fadas e os elfos , que como sempre, se consideravam muito acima de toda aquela confusão.

Além de todo o problema externo tínhamos também o problema interno. O inverno rigoroso tem prejudicado muito as plantações e digamos que meu irmão não tem sido muito justo quanto a distribuição do que restava. Caim sempre fora muito elitista e agora que estava no trono posava imponente com sua coroa para os mais próximos, e se mostrava cruel com seu poder recém adquiro para aqueles que não faziam parte de seu "grupinho". O que começou a gerar uma série de revoltas pela população. Os pequenos clãs se agrupavam ficando mais fortes, desafiando o poder do estado e pelo andar da carruagem não demoraria muito para que os grandes clãs se juntassem também a causa.

Caim, parecia cega perante isso. Absolvido em seu próprio ego e no delírio de poder. Se sentia literalmente indestrutível com a coroa. O que me fez lembrar de uma frase que Jacob dissera a algum tempo. Os reis tem a tendência de perder a cabeça. E dado o estado atual de meu irmão, não tardaria para que chegássemos a esse estremo. Claro que eu tentava de todas as formas alertá-lo, mas eu conhecia meu irmão o suficiente para saber que seu orgulho não permitiria que ele enxergasse o óbvio. Mesmo que essa verdade dolorosa estivesse sendo esfregada na sua cara. Eu não podia perder mais ninguém, não conseguiria. Tínhamos perdido nossa mãe a 10 anos em uma disputa interna pelo trono, há um mês perdemos nosso pai, e a queda de meu irmão também parecia iminente, além é claro de meu Omega que estava a um passo do fim.

Eu não entendia exatamente em que ponto tínhamos adquirido toda aquela confusão, ou quando tudo começou a cair como um castelo de cartas, pouco a pouco desmoronando e destruindo tudo o que eu conhecia e amava. E sinceramente não tinha a mínima ideia de como resolveria tudo e rogava a deusa lua todo noite para que alguém me ajudasse, pois não sabia por quanto tempo conseguiria suportar tudo aquilo.

Gabriel on:

Jacob estava preso a um mês, assisti pouco a pouco tudo o que ele era antes desmoronar, se quebrar como uma mascara de vidro. E pra ser sincero, foi horrível.

Quando minha mãe morreu, ou melhor foi morta, tudo que me sobrou foi meu pai que logo me introduziu a ordem. Assim que ele me contou sobre o ideal de bondade da organização e tudo mais fiquei extasiado, senti que faria parte de uma coisa grande e que traria bem ao mundo. Porém, depois de assistir as mais diversas torturas que o lugar proporcionava comecei a repensar esses ideais. Claro que eu tinha um ódio por Jacob, fui torturado por 5 dias. Mas sinceramente, depois do que vi ele passar aqui, começava até me culpar.

Nunca tinha entendido bem o significado de quebrar uma pessoa. Mas agora, eu entendia perfeitamente, porque eu vi acontecer, passo a passo. Primeiro fizemos a tortura física e mesmo assim ele continuava a negar ter roubado alguma coisa e depois passamos para a psicológica. Nos primeiros 4 dias Jacob ainda era ele, sarcástico e irônico mas depois ele foi se apagando, não dizia nada, nem se quer levantava os olhos quando os torturadores chegavam. Apenas chorava, era a única coisa que o via fazer, o tempo todo, a cada segundo, lagrimas e mais lagrimas caiam de seu rosto, podia ser apenas impressão, mas a cada gota que caia, sentia meu peito ser perfurado, porque a única coisa que eu via era dor, dor , dor e apenas dor.

-Gabriel, acabei de sair de uma reunião com o conselho como o garoto não quer dizer, nós votamos e vamos invadir a mente dele.-Disse meu pai

-Invadir? Mas isso é contra as leis primordiais da ordem, além de nós não temos magia e não existi sigilo pra isso.

-Primeiro que as leis estão ultrapassadas e o conselho é absoluto. Quanto ao como vamos fazer isso, vamos usar um objeto sagrado.

-Sabe o risco que isso traz a ele não é? Principalmente pelo estado que o corpo está, ele pode não resistir ao poder do objeto sagrado, além de que é um objeto pura que machucá-lo por ser um usuário de magia negra.

-Não está preocupado demais com esse garoto não?

-Só acho que ele não vale nada morto –Menti

-Mesmo assim, caso ele morra será um problema a menos no mundo para lidarmos. Se apronte faremos isso hoje ainda, quero acabar com isso de uma vez.

-Sim pai.

Jacob on:

Não fazia ideia de quanto tempo estava naquele lugar e sinceramente tudo isso parecia tão irrelevante. Depois da primeira semana tudo se tornou um emaranhado distorcido de sensações, eu não sabia sinceramente o que era real e o que era só uma ilusão. Depois que as torturas mentais começaram a ser aplicadas tudo ficou nebuloso e muito pior. Já tinha matado meus pais de 35 formas diferentes e acredite eu contei e doeu, em cada vez, eu sabia que era tudo uma ilusão mas doeu. Porque no fundo, aquilo tudo era um pouco verdade, meus pais estavam mortos e a culpa era minha, eles estão mortos por eu ser assim, podre por dentro. Eu os matei, não diretamente como nas visões, mas a culpa era minha, só e inteiramente.

Aquela altura eu clamava pela morte, não importava para onde eu iria, só queria acabar com aquilo de uma vez, porque eu não agüentava mais. Meu corpo clamava por isso, minha mente clamava por isso. Minha alma clamava liberdade daquela carcaça moribunda. Mas nunca acontecia, quando estava prestes a morrer, quando a fome me assolava, quando os machucados não se fechavam mais, quando minha respiração ia pouco a pouco falhando, eles me curavam, me concertavam pra quebrar de novo, repetindo esse processo tortuoso dia após dia nessa minha prisão imortal.

Ouço um barulho e vejo Gabriel e seu pai entrando em minha sela branca e sem graça. Até agora não sabia o nome daquele homem, mas clava para que essa fosse a ultima vez que nos vicemos, porque meu único desejo naquele instante era a morte.

-Vamos começar.-Disse ele para Gabriel e de alguma maneira eu senti que o que ele faria agora seria muito pior do que tudo até agora, se é que é possível.

-Espero que não tenha nada a esconder garotinho- Disse e abril seu sorriso ameaçador.Como eu odiava aquele sorriso.

-Desculpe- Disse Gabriel em um sussurro e tudo voltou a ficar escuro.

É galeres esse foi capítulo tenso

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