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Quando me sinto saciada com o alcance da água quente, seco-me e visto um par de calças de ganga e uma sweatshirt preta

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Quando me sinto saciada com o alcance da água quente, seco-me e visto um par de calças de ganga e uma sweatshirt preta. Estão-me ambas largas, claro, pois devem ser peças que Annaleah roubou a Kai para compor um pouco melhor o meu desfalcado guarda-roupa. Estou a secar o cabelo quando a voz de Tessa a falar com alguém me sobressalta.

– Como estás, biscoito? – Reconheço de imediato a voz. Kai.

Acabo de secar o cabelo, atirando-o em cascata pelas costas. Pego na mochila e na toalha molhada e volto para junto de Tessa. Ele não dá logo por mim, por esse motivo encosto-me ao muro e mantenho-me quieta a observar ainda a uma distância considerável.

Está agachado de mão dada com Tessa a falarem sobre algo baixo. O sorriso no rosto da miúda é inegável. Kai tem uma fã.

No fim, a menina dá-lhe um abraço e olha para mim. Levanta-me o polegar e sai do balneário a correr. Kai fica a vê-la ir-se embora, só depois olha para mim. Não consigo não ficar nervosa. Ele está em tronco nu, com as mesmas calças pretas com que chegou aqui. É a segunda vez que o vejo desta forma e mesmo assim não consigo abandonar o pensamento de que há algo nele, algo que me atrai irredutivelmente.

– Como está a tua perna? – Questiona querendo encerrar o silêncio que se gerou em redor de nós.

– Preciso de descansar. Depois tudo ficará melhor.

Ele anui e aproxima-se de mim. – Isso é algo mesmo... vosso? Curarem-se a uma velocidade absurda?

Entro em choque. O Kai quer saber mais sobre os kakois? Não consigo decidir bem como me sinto em relação a isso. Geralmente, ninguém faz questões pela pura curiosidade.

– Desculpa. Foi indelicado da minha parte perguntar – avança aquando não respondo. – É só que há tanto que não sabemos sobre vocês... quero dizer, sobre os kakois.

Abano a cabeça. – Não há problema.

Kai parece tranquilizar-se com as minhas palavras.

– E sim, eu regenero muito mais rápido. – Vejo a curiosidade despertar no seu olhar. – Basta-me uma noite ou duas de sono e estou como nova.

Durante algum tempo, não diz nada. Continua a perscrutar-me sem sequer mover-se. Começo a entrar em pânico com a situação. Talvez não devesse ter-lhe contado nada. Tola sou eu porque achar que ele genuinamente interessa-se sobre isto porque interessa-se sobre mim.

Incomodada pelo ar pesado que se multiplica, dou um pequeno sorriso e lentamente afasto-me. Estou a chegar à saída quando ele, por fim, fala:

– Isso é... extraordinariamente útil.

Olho para trás, surpresa. – Acho que isso é a última coisa que imaginei que fosses responder.

Ele encolhe os ombros franzinos. – Não é nenhuma mentira.

Filhos das RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora