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Annaleah, sentada à sua frente no salão, enquanto jantam, reclama incessantemente sobre o que aconteceu na reunião – portanto, agora ela tem uma opinião –, no entanto Kai não a ouve

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Annaleah, sentada à sua frente no salão, enquanto jantam, reclama incessantemente sobre o que aconteceu na reunião – portanto, agora ela tem uma opinião –, no entanto Kai não a ouve. Perdido nos seus pensamentos, não consegue deixar de reviver o momento em que Imogen os deixou na sala. Talvez seja para o melhor ele manter-se afastado, como já tinha constatado. Porém, custa demasiado continuar o seu dia a saber que Imogen está para lá de fula com ele. Precisa de a encontrar e explicar-lhe porque tomou aquela decisão, porque a está a colocar deliberadamente em risco. É um efeito colateral sobre o qual ele não tem qualquer controlo.

– Estás a ouvir-me? – Leah chama a sua atenção.

Ergue os olhos do prato de comida onde ainda mal tocou e procura o azul líquidos os olhos que conhece há mais de uma década. – Desculpa, estava distraído.

– Estavas a pensar na atitude da Imogen?

Estão juntos há tantos anos, mas ainda assim surpreende-se de todas as vezes em que Leah parece saber exactamente o que ele está a pensar. É incrível a conexão de irmãos que têm, embora não partilhem realmente o mesmo sangue.

– Ela vai perceber, se lhe explicares com cuidado. Já sabes que ela é um pouco temperamental – a rapariga diz-lhe com um sorriso no rosto.

– Um pouco? Não sei onde ela foi buscar um feitio assim – retorque.

– Dá-lhe tempo e põe-te na perspectiva dela. Imagina estares rodeada de todas estas pessoas que odeiam o Estado e tudo o que dele advém e tu seres exactamente a personificação desse ódio. É normal que ela esteja mais exaltada e que tenha reagido mal, ainda para mais quando acha que não estamos do lado dela.

Kai olha a irmã com ternura. – Desde quando és mais sábia do que eu?

Annaleah solta uma pequena risada. – Desde sempre, irmãozinho. Somente não tinhas tido coragem para admitir.

Com o encorajamento de Leah, levanta-se e deixa o salão para trás. Espera que Imogen encontre-se no quarto, senão não fará ideia de onde possa estar.

O nervosismo volta a atacar de uma forma que Kai desconhece. Até agora, nunca ficou nervoso por causa de nenhuma rapariga, à excepção dela. A razão fala-lhe e puxa-o para a direcção contrária. Neste momento, deveria estar a dirigir-se para outro local menos para aquele onde ela se encontra. Com os seus pensamentos concordou em manter-se afastado. Não pode dar-se ao luxo de perdê-la antes de reaverem Aidan. Talvez seja uma atitude um pouco egoísta da sua parte, contudo até que ponto estar parado à porta do quarto dela à espera que haja a oportunidade de beijá-la outra vez também não o é?

Bolas para isto.

Os nós dos seus dedos embatem na madeira da porta. Os segundos entre o momento em que espera e ela abre a porta são excruciantes. As ideias arrastam-se-lhe como lesmas desnorteadas. O quê? Que raio de comparação, Kai. Estás pior do que pensava, o seu inconsciente condena.

Filhos das RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora