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– Sê sincera comigo – começo por dizer

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– Sê sincera comigo – começo por dizer. – Já aconteceu algo entre ti e o Rick?

Annaleah olha para mim, em choque. – Como sabes disso?

Eu rio-me. – Não é muito difícil de perceber, Leah.

– Terminou há muito, quando decidimos deixar este mundo para trás. De qualquer modo, não há necessidade de retornar a algo que não era bom para nenhum dos dois.

– Acho que o Rick não partilha da tua opinião – digo, com a certeza das minhas palavras. A forma como ele olha para ela, ou como lhe fala ou mesmo os seus pequenos gestos. É impossível não perceber que ainda existe ali sentimento.

Annaleah encolhe os ombros, como se não quisesse saber. No entanto, sei que as minhas palavras lhe provocam algo.

Perdida na conversa, continuo cegamente a seguir Kai e Rick que assumem a liderança do nosso pequeno grupo. Em nosso redor, tudo começa a ficar escuro. Rick disse que eram somente três quarteirões, mas sinto como se já tivesse percorrido uma milha.

As sombras rapidamente pintam os prédios abandonados de solidão. Não me provocam medo, de todo, mas a minha pele arrepia-se de alguma forma. Há algo naquele silêncio que me incomoda. Somente se ouve os nossos pés a embaterem no asfalto. Há algo de errado. O meu coração dispara pelo alarme.

Um vulto surge à minha frente como que vindo do céu, sem provocar qualquer barulho. O meu instinto dispara e a toma o protagonismo. A minha mão agarra de imediato no cabo da minha espada e empenha-a. Dou um passo para trás, protegendo com o meu corpo Annaleah, afim de obrigar quem quer que seja a entrar no campo onde há o mínimo de luz. Quando identifico os olhos negros, iguais aos meus, o meu sangue gela. Kakois.

Vejo mais quatro vultos a aproximarem-se. Sem pensar duas vezes, ataco o que mais perto de mim se encontra. O ar que me envolve parece não existir. Acontece sempre que uma arma se encontra na minha mão e o kakoi dentro de mim liberta-se. Sei instintivamente o que fazer. É como se o resto do mundo não existe, apenas eu, a minha arma e a minha presa. Não há lugar para dúvidas ou momentos de hesitação.

Sem qualquer dificuldade, consigo vencer e a minha espada enterra-se no peito do kakoi. Não tenho sequer tempo de verificar se realmente o mato, pois um grito agudo faz-me perder a concentração. Procuro a origem da perturbação num frenesim desenfreado.

– Annaleah! – Clamo.

Não a encontro em lado algum. Mais ao fundo da rua, vejo Kai e Rick a lutarem, ambos com um kakoi. Continuo a averiguar a situação o melhor que posso através das sombras e encalces da rua abandonada. Os kakois não são mais do que quatro, à nossa medida. Pelo menos, esse foi o número de vultos que conseguiu identificar. Matou um, outro encontra-se com os rapazes. Então onde estão os outros dois?

Então vejo um relance do seu cabelo loiro. Um kakoi agarra-a no cimo de uma carcaça de um carro velho, a poucos metros de mim. Sem pensar, corro na sua direcção.

Filhos das RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora