Adeus

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O telefone toca insistentemente no meio da noite, enquanto o casal assistia a TV abraçados um ao outro. Fazia tempo que não tinha um momento tão íntimo entre os dois. Os anos de casados deixou tudo no automático e a família já não era tão íntima quanto antigamente.

A mulher atendeu o telefone que soava alto no ambiente silencioso.

— Alô — falou a mulher gentil. — É a senhora Block, pois não.

Ela franziu o cenho confusa e olhou para o marido, James por sua vez estranhou a postura da mulher e questionou de forma silenciosa quem era ao telefone. Hilary posicionou a mão no ar, pedindo que o marido esperasse pela informação.

— Desculpe, tem que haver algum engano. Meus filhos estão em casa... O que? Acidente?

As palavras ditas e mais a expressão de espanto de sua esposa, fez com que James saltasse do sofá para os quartos de seus filhos, na esperança de um trote maldoso, mas notou a ausência de dois adolescentes, que deveriam estar com as caras nos livros.

Hilary estava mais pálida do que já era, seus olhos ficaram ressecados de pavor, mas logo foi sendo hidratado pelas lágrimas inevitáveis. Seu garoto havia dado entrada no hospital da cidade logo após um acidente de carro. Ela, crente que seu menino estivesse trancado no quarto, ainda emburrado pela discussão que tiveram mais cedo.

O casal Block chegaram ao hospital encontrando a filha chorando nos corredores sendo consolada por alguns amigos.

A mãe abraçou sua filha e ambas choraram, enquanto James tentava entender o que havia acontecido questionando os demais adolescentes que estavam presentes.

— Eu não sei, senhor Block. — falou o adolescente. — Só ficamos sabendo do acidente quanto o Clark disse, não estávamos perto, eles estavam apostando corrida.

O sangue de James ferveu na hora que ouviu sobre a corrida, mas não poderia sair gritando e agredindo todo mundo, pois sabia que não era a primeira vez que seu filho se metia com rachas pela estrada. Ele só pôde tentar confortar sua mulher e filha e esperar que o médico dissesse o que seria de seu filho rebelde.

— Quem são os pais do garoto? — questionou um homem com um uniforme azul e touca da mesma cor. Ele segurava uma pasta fina cor amarela, onde continha todas as informações do paciente. O homem estava sério e olhava atento ao grupo de pessoas que aguardavam na sala de espera.

— Somos nós. — Se prontificou, James. Hilary se juntou ao marido depressa, se aproximaram do médico agoniados e tensos querendo notícias. — Como está o meu filho?

— Imagino que os senhores já sabem que o rapaz se envolveu em um acidente. — Afirmou o médico, e o casal apenas acenou positivo. — O garoto chegou ao hospital com um traumatismo. Ele bateu a cabeça no painel do carro na hora do choque, causou um trauma cerebral. Tivemos que o induzir ao coma para proteger o cérebro. Ele está instável agora, mas não fora de perigo, está internado na UTI e ficará de observação, dependendo de como ele responder ao tratamento vamos tirá-lo do coma.

— Podemos vê-lo? — Hilary chorava.

— Ainda não, senhora. Seu filho está passando por cuidados no momento. Podem ir à recepção para fazer a ficha dele e questione a recepcionista o horário de visita. — Orientou — Seu filho ficará bem, estamos cuidando dele. Com sua licença, preciso tratar de outros pacientes. — Finalizou o médico e saiu da presença do casal.

James se direcionou a recepção enquanto sua esposa andava de um lado para o outro preocupada. Um outro casal entrou às pressas e se encontrou com os Block.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. — falou Hilary abraçando a filha que ainda soluçava de tanto chorar.

Os pais de Beatriz receberam a ligação da polícia, Suhaila e seu marido correram o mais rápido que puderam. Chegando ao hospital, encontrou o punhado de amigos e Hilary que ainda consolava a filha nos braços.

A Perfeita Arte de Ser MulherOnde histórias criam vida. Descubra agora