Frio como pedra

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A hora do encontro noturno com a bela donzela estava chegando e Matt pronto para sua noite quente acontecer. Ele caprichou no visual, apesar de não ter muito o que mudar, usou o perfume que ela havia comprado só para lhe agradar, não era de seu costume usar aquele tipo de perfume, ainda mais vendo o preço pela internet, porém queria mostrar seu agradecimento. Colocou suas melhores roupas, tudo para impressionar a jovem dama.

Chegou dez minutos antes do combinado, como estava adiantado resolveu escolher uma bebida do bar. Ele poderia buscá-la na república, mas ela achou melhor não, pois o local era apenas para mulheres. Não entendeu o intuído da desculpa, não era como se fosse entrar na casa feminina sem permissão, mas respeitou o espaço da garota. Achou melhor aguardar sua convidada chegar antes de pedir uma mesa. Queria que fosse bom para ela, portanto deixaria que ela escolhesse o melhor espaço.

Observou bem o ambiente e percebeu que era perfeito para casais, sem o incômodo de crianças. Um restaurante bar próximo ao porto de Londres, música clássica ao vivo, cantado por um pianista idoso de terno e gravata, sua voz rouca e cansada lembrava clássicos filmes românticos. Os garçons também vestiam ternos e os que serviam as mesas sempre passavam com um pano branco no braço esquerdo. Os pratos em sua maioria eram frutos do mar, e tinha certeza que seria do agrado da jovem, uma vez que ela expunha em seu facebook que adoraria experimentar.

Os minutos se passaram sem nem se dar conta. A moça estava quinze minutos atrasada. Normal, se tratando de uma mulher que se preocupa com a aparência e precisa de todos os apetrechos femininos. Odiava atrasos e ficar esperando era uma das coisas que mais odiava na vida, mas aquele dia seria especial então resolveu perdoar mesmo antes da desculpa que provavelmente ouviria. Pediu alguns petiscos para beliscar enquanto aguardava sua convidada mais um pouco. O cheiro da comida exalava longe e Matt já sentia seu estômago reclamar.

Lá se vai mais alguns minutos e nada da jovem Diana aparecer. Matt resolveu enviar uma mensagem de texto a ela, mas 10 minutos mais tarde e nenhuma resposta. Tentou ligar, mandar e-mail, SMS, deixou mensagem na caixa postal e nada. Lá se vai duas horas de atraso.

— O senhor quer pedir uma mesa? — questionou o garçom.

— Ahn, não, ainda não. Estou aguardando alguém. — falou o rapaz sem graça. Na certa o garçom já sabia do furo, mas Matt ainda estava esperançoso.

Conhecer Diana abriu as portas para Matt ter interesse por aprender sobre outras culturas, e a internet é um meio de informação incrivelmente extenso, apesar de ter muitas informações erradas. Algumas pesquisas sobre o Brasil, aprendeu com o depoimento de um americano, e que Matt pôde confirmar, brasileiros nunca respeitam o relógio. Chegar atrasado em compromissos é como ritual do país, então já era um motivo perfeito para perdoar a moça.

O garçom fez um aceno de cabeça e se retirou, deixando Matt com o coração pesado como se todos os presentes olhassem para ele.

Matt não sabia se ficava preocupado temendo que algo ruim tivesse acontecido, ou se a moça lhe deu um furo. O atraso seria justificável com um retorno de suas mensagens, mas nem isso ele tinha. Ainda estava tentando ser otimista e acreditar no surgimento repentino da mulher com uma desculpa perfeita para o atraso.

— Senhor. — chamou o garçom novamente. — O restaurante fecha em breve. O senhor gostaria de comer algo?

— Ah. — Matt olhou para o relógio em seu pulso. — Não, obrigado. Já estou indo embora.

O garçom lhe lançou um olhar de pena e saiu de sua presença.

Foram quatro horas de espera. O restaurante fecharia em 20 minutos e nada da bela donzela aparecer. Matt nunca ficou tão frustrado em sua vida. Mandou uma última mensagem a moça lhe informando que estava indo pra casa, não mencionou seu desgosto, sua dor, raiva ou qualquer sentimento que tinha aquele momento. Voltou para casa de estômago cheio de petiscos e bebida e o coração partido pela humilhação. Para sua sorte, Diego não estava em casa para lhe fazer questionamentos e zombar de seu fracasso. Passou a noite sozinho em frente à TV, olhou algumas vezes para o celular na esperança de receber pelo menos um pedido de desculpas, mas nada aconteceu.

A Perfeita Arte de Ser MulherOnde histórias criam vida. Descubra agora