Uma dor que não abandona

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A maior parte das pessoas que circulavam o local eram vizinhos curiosos e repórteres. Gente curiosa desesperados para ver a desgraça, mas incapazes de fazer algo útil para ajudar.

Havia muito sangue espalhado, a roupa rosa manchada e o rosto desfigurado pela queda. A polícia chegou para averiguar a situação depois de quatro ligações ao departamento de emergência. Naquele momento, não se poderia fazer absolutamente nada, os policiais olharam para o estado do cadáver e seus corações se partiram ao meio. A vítima, uma menina de 3 anos, havia caído do décimo terceiro andar. Seu corpo se encontrou com o jardim rígido de grama sintética, não que uma grama mais fofa pudesse evitar o pior, porém talvez, só talvez pudesse deixar seu rosto reconhecível.

A babá, uma jovem de 19 anos, estava em choque, mal conseguia falar. Suas mãos trêmulas sobre as pernas confirmavam seu estado, ela era atendida por uma psicóloga, ainda usava as luvas amarelas de borracha, molhando toda sua calça leg. O rosto suado e as lágrimas borrando por inteiro sua maquiagem.

— A babá estava lavando a louça na hora do acidente, ela diz que não viu nada, não prestou atenção quando a criança foi até a janela da sala. — dizia um policial ao outro, situando o novo agente sobre o ocorrido.

Ela lavava a louça, a luva e a água que escorria de seus braços podiam comprovar, quando um dos vizinhos tocou a companhia lhe contando o ocorrido. Até então ela não tinha se dado conta do desaparecimento da criança.

— Eu a deixei brincando na sala com o irmão. — dizia ela, trêmula. — Eu.... Eu não percebi.... Eu pensei que ela estivesse na sala. — chorava a mulher ainda mais.

Os pais da criança foram noticiados, o pai apareceu primeiro para saber do ocorrido e se desesperou ao ver o corpo de sua garotinha. Os legistas já haviam isolado todo o perímetro do acidente e trabalhavam para saber o que de fato havia acontecido.

— As janelas estavam todas fechadas. — tentou dizer a jovem. — Eu deixo sempre fechados, só o da cozinha estava aberta, porque aqui dentro é muito quente. Eu não sei o que aconteceu.

Os gritos do homem eram ouvidos dos andares anteriores, ele culpava a babá pelo acidente.

— Você matou minha filha! — gritava o homem em desespero — Matou minha filha, desgraçada assassina! Matou minha filha!

Ele tinha de ser detido, os policiais tiveram de manter o homem longe da jovem, pois seu sofrimento era tanto que a raiva lhe tomou conta.

Levaria um tempo até os legistas conseguirem uma conclusão do caso, os médicos forenses averiguaram o apartamento e o local da queda, além do depoimento dos pais da criança com o da babá.

Mesmo depois de uma semana após o acidente, a imprensa ainda fazia cobertura no local, noticiando qualquer novidade sobre o caso de Ana Elisa.

"O caso Ana Elisa ainda segue sendo investigado. Os pais da garotinha de 3 anos, Manoel Alberto de Castro e a mãe, Ana Cristina, deram seus depoimentos na polícia nesta quinta-feira.

Em depoimento o casal explica que vinha notando que a filha sofria agressões da babá, e que seu comportamento estava diferente.

A jovem de 19 anos, Gleisy de Santana Santos, trabalhava na casa do casal como babá há 9 meses, e nega todas as acusações. "

"Em nota da polícia forense esclarece que não há indícios de que as crianças sofriam maus tratos e tudo leva a acreditar que tenha sido um acidente, mas que a possibilidade de um crime não é descartada e a investigação segue sem solução. "

— Uma ova que eu respeito o luto desses dois, são irresponsáveis. — Reclamava um morador em entrevista. — Esses dois são irresponsáveis, sim. Eles sempre foram avisados que os apartamentos tinham de ter tela de proteção por causa dos filhos. Três gatos da família morreram caindo da janela, eles foram advertidos três vezes sobre isso, não tomaram nenhuma providência.

A Perfeita Arte de Ser MulherOnde histórias criam vida. Descubra agora