A Perfeita Arte de Ser Mulher

O arrependimento

Matthews virou na rua a esquerda após ser liberado pelo semáforo. Estava próximo ao seu destino. A rua de casas iguais, era escura e a iluminação fraca vinha dos postes espalhados pelos quarteirões. Rua tão limpa e organizada quanto nos filmes americanos, com ruas espaçosas, belas casas e jardins bem cuidados. Passou por um playground há dois quarteirões antes de sua casa. Os brinquedos foram todos reformados, pois a última vez que tinha passado um tempo com Bran, estavam todos quebrados. Alguns adolescentes daquele lugar não passavam de vândalos que destruíram tudo o que viam, ainda mais para deixar as crianças magoadas ou fazê-las chorar.

Talvez, só desta vez, as ameaças de Matt tenha dado frutos, pelo o tempo que passou longe os brinquedos ainda estavam todos inteiros, sinal de que os adolescentes aprenderam alguma lição.

Os lotes eram separados por cercas pequenas de madeira nas laterais, e totalmente aberto na frente, apenas para denominar os limites de uma propriedade e outra, além de também ser uma decoração para os jardins, não havia grades ou portões, nada de muros. Uma pequena estrada de pedra levava até a entrada e aos lados forrados com gramado verde. Em algumas casas as pessoas colocavam uma árvore pequena, apenas para deixar diferente do restante do bairro, as cores também eram diferentes. Os jardins floridos com variações de espécie de flores. Até parecia uma competição para deixar o lar mais bonito e chamativo.

A casa de Matt era simples, a fachada era num tom cor rosa salmão, escolha de Jamile, tinha uma varanda feita de madeira envernizada. Também tinha um jardim e várias flores coloridas. Matt nunca soube o nome de nenhuma delas, mas reconhece o cheiro quando elas florescem na primavera. Quase nunca voltava para casa, estava sempre trabalhando, quando era hora de voltar, passava a maior parte do tempo na casa de Diego, ou ia visitar a irmã em outra cidade, às vezes passava na casa dos pais para abraçar a mãe e ver que ela envelhecia mais um pouco todas as vezes que estava de volta. Já não visitava aquele lugar um pouco mais de dois anos, mal se lembrava de como era antes de partir, mas percebeu que o jardim permanecia sendo muito bem cuidado.

Ao chegar à casa, a luz do lado de fora já estava acesa, sinal de que ele era esperado. Ainda pelo lado de fora foi capaz de ver a mulher na sala fazendo alguma coisa que ele não conseguiu saber o que era, pois a cortina atrapalhava um pouco sua visão. Matt parou em frente ao imóvel e ficou ali parado por alguns minutos, pensando se deveria mesmo apertar a campainha e entrar no local.

Tudo o que queria aquele momento era estar ao lado de Diana, e depois se entrelaçar com ela debaixo dos cobertores, sentir o sabor de sua pele macia, acariciar seus cabelos bem cuidados. Rir de suas piadas e beijar seus lábios, saber como tinha sido o seu dia, mas ele estava ali, e precisava resolver seus problemas. Interrompeu seus pensamentos pervertidos e voltou a realidade, suspirou fundo e olhou novamente pela janela em direção a casa. Quase deu partida no carro e voltou a Londres para o encontro com os amigos de sua namorada, que infelizmente furou contra sua vontade.

Pegou o celular e algumas sacolas no banco do carona, suspirou fundo e bateu a porta do carro, trancou o veículo com a chave automática. Jamile soube que ele havia chego, pois olhou em direção a janela assim que ouviu o barulho do carro sendo trancado automaticamente.

Ele caminhou até a porta de entrada e a mulher já estava ali parada esperando que ele entrasse.

— Está tudo bem? — Ela franziu o cenho e cruzou os braços, quando Matt passou direto por ela e foi em direção a cozinha.

— Estou bem. Cadê o Bran? — Questionou. Colocou as sacolas em cima da mesa, tirou a jaqueta moletom e deixou por cima do encosto da cadeira, virou para a mulher e aguardou uma resposta.

— Está dormindo. Ele estava com febre hoje mais cedo, dei banho, remédio e o coloquei para dormir.

— Ele está melhor? O que o médico disse? — perguntou ainda num tom preocupado.