Um olhar encantador

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Marshall não voltou a biblioteca após o beijo, tampouco mandou mensagem a Diana.

Ao voltar a seu quarto na república pegou April com a cara nos livros pela primeira vez. Era estranho ver a menina festeira estudando, uma vez que passava mais tempo dopada ou em baladas no que realmente se dedicando aos estudos. Talvez tenha sido o alerta dos professores, ou quem sabe os comentários maldosos de familiares fazendo comparações desnecessárias. Ela veio de outro país para mostrar do que era capaz e vacilar não era uma opção se quisesse mostrar a todos do que ela foi feita.

Mais de uma vez ouviu April discutir com os pais ao telefone, e mensagens de primos e irmãos desmerecendo sua capacidade. Diana até mesmo já presenciou uma cena do tipo, quando a sra. Brigston resolveu fazer uma visita surpresa a filha, o que foi uma péssima ideia, sem contar que a mulher pegou April no flagra fumando maconha. Rendeu em uma boa briga e Diana precisou sair para não se envolver. Apesar de ter sido uma situação desagradável ficou imaginando o que seria dela se fosse seus avós a chegar de surpresa e a pegasse na orgia quando foi naquela balada. Aquilo pesou fundo no peito e prometeu a si mesma honrar a confiança de seus amados.

Depois do episódio não imaginou a cena a seguir:

April estava de barriga para baixo em cima da cama, os pés cruzados para o alto, com um livro na mão fazendo anotações no caderno e pesquisando alguma coisa no notebook. Ela usava um short de flanela com ursinhos, blusa de alça vermelha e meias coloridas.

— O que foi? — perguntou ela assim que percebeu que Diana a observava.

— Você, estudando. Isso é milagre.

— Engraçadinha, eu não posso me ferrar nas provas, não darei o luxo de reprovar em nenhuma matéria. Eu tenho um sonho, sabia.

— Tá bom, eu sei. Mas é estranho ver você se dedicar tanto. — falou Diana se sentando em sua cama.

— Não quero que aquela velha duvide de mim nunca mais. — falou April mais para si mesma do que para Diana. — Como foi o seu dia? — perguntou.

— Estranho. — Diana soltou um suspiro, tinha um olhar distante perdida em seus pensamentos.

Pensou se deveria contar a April sobre o ocorrido, elas não eram amigas, mas também não eram inimigas e se depois daquele beijo perdesse seu único amigo, não iria querer ficar sozinha novamente, e deu mais uma chance a April.

— Estranho como? — April se endireitou na cama olhando para Ana com curiosidade.

— Eu estou andando com Carter e...

— Do curso de engenharia? Sei, vocês são inseparáveis. — ela fez uma expressão de desaprovação. — Não é nenhuma novidade, todo mundo comenta.

— Ele me beijou.

— Sério? — comentou ela com cara de nojo voltando a sua posição inicial. — Pensei que ele fosse gay. Eu não sei como você suporta, ele é um babaca.

— Como assim?

— Ele ameaça os caras do curso dele, quero dizer, ele é um dedo duro. Todo mundo naquela faculdade puxa um fumo e alguns usam outras coisas de vez em quando e ele chantageia o pessoal pra conseguir alguma coisa. Diz que vai dedurar pra direção, vai denunciar pra polícia, tem um pessoal que odeia ele.

— Não sabia disso.

— Pois é, ele é um babaca. Não é à toa que todo mundo fala mal dele, pior que todo mundo fala de você também, eu já disse várias vezes que você é legal, só não sabe com quem anda. Nunca ouviu ninguém falar nada?

A Perfeita Arte de Ser MulherOnde histórias criam vida. Descubra agora