Deveria ser um conto de fadas

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O sol mal havia dado as caras para o mundo e já tinha um homem se levantando da cama. As costas doendo, o corpo cansado, até parecia que tinha corrido uma maratona. Era quase certeza que estava começando a ficar gripado. Se arrastou até o banheiro e esvaziou a bexiga, sacudiu a cabeça de leve a fim de acordar de vez, lavou as mãos e jogou um pouco da água morna no rosto removendo com os dedos o sebo nos olhos. Apanhou a escova de dentes, bem lento com preguiça até de começar a pensar no que fazer em seguida.

A moça resmungava enquanto seu corpo se espreguiçava na cama, ela ainda dormia, sonhando com alguma coisa, comida, talvez. Sua boca fazia um barulho como se saboreava alguma coisa muito gostosa, e a garganta mandava para o fundo a comida imaginária junto com a saliva.

— Acorda, ursinha. — falou Matt de forma carinhosa ao pé do ouvido da namorada. — Vai acabar se atrasando para sua aula.

— Quando o inverno acabar, eu levanto. — Resmungou tentando voltar ao sonho.

— Mal chegamos no verão. — Ele beijou o pescoço da dorminhoca. Ela deu um sorriso bobo e abriu os olhos para encará-lo. — Vamos, ursinha. Levanta, vai se atrasar.

— Quer comer o que antes de sair? — Disse ainda entre os resmungos.

— Não precisa, eu vou comer quando chegar no trabalho. — Matt se afastou para deixar a moça se levantar, pegou suas coisas e enfiou dentro da mochila como de costume.

— Vamos sair hoje à noite?

— E pra onde?

— Acho que naquele bar que nos conhecemos. Vai ser legal passar um tempo com meus amigos. O que você acha?

— Mais tempo com seus amigos, você quis dizer. — Ela o olhou com cara de desanimo, era verdade que passavam mais tempo com seus amigos do que sozinhos. — Pode ser, eu venho buscar você depois do expediente?

— Claro. — Sorriu. — Se acha que passamos tempo demais com meus amigos, podemos sair com os seus de vez em quando.

— O que acha de ser somente você e eu?

— Mas... nem é tanto tempo assim que ficamos acompanhados.

— Se for importante pra você eu faço um esforço, mas vou confessar que não gosto dos seus amigos, principalmente o você sabe quem.

— Voldemort não faz parte da minha roda de amigos. — brincou.

— Quem? — Ele estreitou as sobrancelhas tentando se lembrar se já ouviu aquela palavra antes.

— Ah, esquece é um personagem de um livro. — Matthews jogou a mochila em um ombro e saiu do quarto depois de beijar a namorada.

Um som familiar invadiu o ambiente, Matthews voltou ao quarto para apanhar o celular que estava esquecendo em cima da mesa de canto e olhou para tela, sem atender apertou o botão lateral do aparelho e assim que o toque cessou colocou-o no bolso.

Um olhar de curiosidade e desconfiança invadiu os olhos de sua amada, mas o homem preferiu ignorar, não queria fazer nenhum questionamento que pudesse gerar alguma discórdia.

— Tenho que ir. — Ele a beijou novamente nos lábios e partiu.

Diana se levantou de forma preguiçosa e arrumou suas coisas, tomou o café da manhã lentamente e saiu sem pressa. Por incrível que pareça sua mente estava vazia, nenhum pensamento perturbador, nada de bom e nem ruim aquela manhã. Parecia um robô no modo automático, programada para viver aquela vida de estudante. Colocou os fones de ouvido e aguardou o ônibus com destino a Oxford.

As aulas não estavam sendo chatas como de costume, e nada de empolgante acontecia. Seus sentimentos eram inexistentes. Fazia tempo que não se sentia daquela forma.

A Perfeita Arte de Ser MulherOnde histórias criam vida. Descubra agora