Será que era pedir muito um pouco de paz?
Assim que entramos no carro Francisco foi nos dando dicas de como seria nossa vivência em Gramado. Fiquei calada mas ao mesmo tempo curiosa porque nosso querido pai não pode nos buscar no aeroporto mas me mantive quieta durante todo o percurso.
— Vocês já estão matriculados na escola que as meninas estudam – Francisco disse, se referindo á mim e aos gêmeos. Ambos continuamos calados, só Antenor que esboçou alguma reação ao balançar a cabeça. As meninas que ele se referiu eram as filhas do meu pai com a minha madrasta que eu nunca vi, brincadeira, já tinha visto ela algumas vezes por vídeo-chamada. Não consigo considerá-las família. Elas não são minha família, apenas possuem meu sangue. — Você já sabe qual faculdade vai escolher para continuar seu curso de Medicina, Joaquim?
— Não.
— Mas você tem que pensar nisso.
— Eu sei – balbuciou.
E isso foi o único diálogo que tivemos durante duas horas de viagem.
Chegamos em Gramado marcava exatamente 02:40 da manhã. Não me pergunte qual era distância do Rio para chegar até aqui porque eu sinceramente não saberia como lhe responder, sou péssima quando o assunto é viajar e contar tempo, quilômetros ou coisa parecida.
Passamos por uma praça que continha luzes por todos os lados, por ser de madrugada não havia ninguém na rua. Gramado parecia ser uma cidade pequena e calma, de acordo com a minha pesquisa tinha um pouco mais de trinta mil habitantes. E isso, para quem vem do Rio de Janeiro, é uma cidade muito pequena. As casas eram totalmente diferentes dos modelos que vimos no Brasil em si, ali em Gramado parecíamos estar em outro país. Outro tipo de cultura. E um frio da peste. Gente, sou carioca, acostumada com quarenta graus rachando na minha cuca. Chegou a vinte graus eu já estou preparada para o inverno do polo norte, oras!
Entramos em um condomínio fechado, conforme Francisco foi passando com o carro pude ver mais casas com o mesmo modelo das anteriores que havia visto porém mais modernas e bonitas. Todas eram grandes e todas tinham o modelo de casas americanas. Sério, aquilo ali era algo totalmente diferente do que eu estava acostumada a ver.
O carro parou em frente as duas últimas casas da rua, inclusive eram as maiores, e eu sai da minha fantasia ao ter que retirar os fones de ouvido, infelizmente.
— Vocês não precisam pegar as malas agora – disse, ao sair do carro. — Amanhã eu não trabalho, então não usarei o carro de manhã. Vocês podem pegar amanhã pela manhã.
— Tudo bem – respondi dando de ombros. Tanto faz pegar minhas malas de manhã ou de tarde, eu não as desfaria tão cedo.
Todos saíram do carro com expressões de cansados, além do luto todos nós precisávamos de uma boa noite de descanso. Fiquei ao lado de Joaquim e entrelacei meu braço ao dele, Francisco nos olhou rapidamente. Estranho. Afonso e Antenor também permaneceram ao nosso lado. Era como se tivéssemos formado uma barreira e ninguém romperia aquilo.
Peço perdão a todos que tentariam se aproximar, só estávamos nos protegendo de futuras perdas.
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O Que Dizer De Você
Teen FictionLara Lis não sabe mais o que fazer, depois da morte de sua mãe se vê perdida ao ter que ir morar com seu pai e sua nova madrasta. Sendo a única mulher entre quatro irmãos ela percebe que terá que vencer todos os seus medos e enfrentar essa nova fase...