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            Foi eu colocar o meu pé naquele salão que todos os olhos pairaram sobre mim e meus irmãos. Confesso que fiquei assustada, apertei o braço de Joaquim e ele riu discretamente. Ridículo. Parecia que eu e meus irmãos tínhamos virado atração para todas aquelas pessoas.

— Aqui vocês vão conhecer todos os nossos amigos e sócios – meu pai disse todo animado.

Fiquei olhando para ele e imaginando o que ele deveria pensar sobre tudo aquilo e sobre nos expor daquele jeito, mal havíamos chegado na cidade e nem tínhamos ainda nos acostumado com toda nossa rotina nova e ele já nos jogava em um churrasco com toda a elite de Gramado.

Me poupe...

Posso estar sendo um pouco mimada, talvez? Mas é que eu realmente não esperava logo no primeiro mês ali conhecer toda aquela gente que eu não sabia de onde tinha vindo, aliás, sabia sim, tinham vindo do famoso berço de ouro.

Não julgue as pessoas sem conhecê-las Lara Lis.

Pude ouvir a voz da minha mãe ecoando no meu subconsciente.

Afastei aqueles pensamentos e foquei em sorrir para todos como uma boneca em liquidação que quer logo ser comprada.

— Oi Elton. Tudo bem? Esses são seus outros filhos? – uma mulher bem vestida e toda pomposa pergunto se aproximando de nós e tocando nos ombros de Joaquim. Hum, já não gostei daquilo.

— Sim – meu pai sorriu. Tentei não revirar os olhos, tentativa falha. — Esses são Antenor, Afonso e Joaquim – apontou para os meninos — e essa é minha filha, Lara Lis.

— Oi queridos – sorriu para os meninos — oi querida.

Todos falaram um ''oi'' uníssono e eu tentei não deixar minha voz sair de maneira forçada mas novamente não consegui.

             Ás vezes penso que eu tenho um defeito muito grande por não conseguir conter minhas expressões faciais. Eu sou muito do tipo: se eu gosto, eu amo. Se eu não gosto, eu odeio. E é claro que tem a parte da indiferença, aquelas pessoas que não fedem e nem cheiram para mim.

— Raul daqui a pouco está chegando – a mulher continuou — perdão, nem me apresentei para vocês. Meu nome é Aurora.

— Aurora possui a maior fábrica de cigarros de toda Gramado, meninos. Inclusive admiro muito ela como empresária e me espelho muito na mesma.

Eu poderia estar muito doida mas senti algo errado e estranho ali.

— Onde está seu marido e seu filho?

— Raul já está a caminho com Miguel, eles ficaram até mais tarde na empresa pois agora estamos treinando o Miguel para que ao terminar o colégio ele já possa assumir a empresa como braço direito do pai.

Todo mundo naquela cidade tinha um filho chamado Miguel? Porque não era possível, né.

           Me tranquilizei em saber que não era o Miguel que eu imaginava porque aquele garoto não tinha responsabilidade nem com as suas próprias coisas imagina com a empresa dos pais, né?

— Katarina como você está linda, meu amor! – a tal Aurora disse indo abraçar Karina e essa foi minha deixa para sair daquele monte de pessoas que foram se amontando ao nosso redor.

Fui até a mesa do buffet procurando algo gostoso para comer e alguma bebida, de preferência alcoólica, para que eu pudesse ter forças para chegar viva até o final daquele evento.

— Olá senhorita. Posso perguntar quantos anos você tem para que eu possa lhe servir uma bebida alcoólica?

Eu encarei aquele garçom com a maior cara de c* do mundo e o fuzilei com o olhar, coloquei uma coxinha na boca, terminei de comer e quando estava prestes a respondê-lo senti uma presença ao meu lado.

O Que Dizer De VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora