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          Eu não estava muito preparada para meu ''primeiro'' dia de aula. A escola que eu havia sido matriculada era particular – por favor, vamos fingir surpresa – e estava lotada de patricinhas loiras e super branquelas.

Nada contra.

           O colégio parecia ser de primeiro mundo, tenho que confessar que tudo ali parecia ser de primeiro mundo. Os alunos iam de carro para escola. Havia estacionamento para eles. Nos corredores possuíam armários. Sim, eu disse armários.

Gente? Eu estou num filme americano e ninguém me disse, é isso?

Nunca no meu país Rio de Janeiro isso seria tão evoluído assim. Estacionamento pra aluno? Mal tinha estacionamento para os professores. Armários nos corredores? A quantidade de alunos ultrapassava qualquer armário que meu antigo colégio poderia ter.

— Estão entregues – Elton, vulgo meu pai, anunciou.

Eu e os gêmeos descemos do carro e agradecemos com um tchauzinho super falso. Do outro lado da rua pude ver minhas amadas irmãs descendo do carro de sua mãe, a minha madrasta, Carli. Ela até que era legal mas eu juro que já não estava conseguindo suportar a cara da bunda das filhas dela para mim e meus irmãos, aquilo já estava me tirando do sério.

Elas não nos receberam bem, no dia seguinte que elas finalmente foram nos conhecer mal trocaram dez palavras conosco. Ninguém insistiu em manter contato, tomamos nosso café e fomos fazer nossas coisas. Se tinha uma coisa que eu e meus irmãos não fazíamos era forçar qualquer tipo de contato com alguém que não nos queria perto.

Percebi a grande intimidade que elas tinham com Francisco, afinal, eles foram criados um pouco juntos, fazia anos que Francisco morava com nosso pai e com elas. A família feliz.

Katarina tinha a minha idade, dezessete, era mimada e isso não escondia de ninguém. Letícia era mais calma, tinha dezesseis, mas também tinha um pouco do gênio da irmã, mas apesar disso senti ela mais aberta a mim e meus irmãos do que sua irmã Letícia.

— Não faço ideia de onde seja nossas salas – Afonso reclamou. — Que saco termos que ficar procurando.

Já fazia quinze minutos que rodávamos aqueles enormes corredores procurando nossas salas de aula ou nossos armários para que pudéssemos guardar nossas coisas. Aquele colégio era enorme e eu não estava acostumada com isso e nem meus irmãos.

Uma garota baixinha de óculos se aproximou de nós com um sorriso nos lábios.

— Vocês são os alunos novos, estou correta?

— Sim – respondi.

Ela sorriu novamente e seu sorriso fez com que seus olhos ficassem pequenininhos, ela era fofa algo me dizia que eu e ela nos daríamos bem.

— Meu nome é Ester, prazer – estendeu a mão para nos e a cumprimentamos.

— Lara Lis, mas pode me chamar só de Lara ou Lis, não sei. Você escolhe.

Ela riu.

— Você é do terceiro ano, certo? – assenti. — Me sigam que vou mostrar a sua sala e logo mostro a dos...

Me olhou, como se pedisse para eu explicar quem eram os meninos ao meu lado.

— Meus irmãos. Afonso e Antenor – apontei para cada um deles.

— E logo mostro a sala dos seus irmãos! Segundo ano? – eles confirmaram. — Ok, vamos nessa.

Atravessamos o colégio praticamente todo para irmos para nossas salas corretas, certamente se Ester não tivesse aparecido tão cedo teríamos achado nossas salas. Estávamos no sentido completamente oposto.

Passamos pelo campo onde um grupo de meninos jogava futebol. Havia um professor apitando feito um maluco e gritando com os meninos, pressupus que era uma aula de Educação Física. Não pude deixar de reparar nos meninos, eram gatinhos. Nada que se compare aos meninos do meu abençoado Rio de Janeiro mas ainda sim eram bonitos.

— Lara Lis, ali é onde você vai...

Não consegui ouvir mais nada, apenas senti um forte impacto na minha cabeça e toda minha visão ficar turva seguida de um barulhinho lá no fundo.

Piiiiiii...........

Falhou.

O Que Dizer De VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora