1. Urban Jungle

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NOVA YORK estava perfeita, estava no final do verão, as folhas começavam a cair, as pessoas estavam mais calma com a chegada do frio. Temperatura perfeira.
Hoje era um dos poucos dias livres que eu tinha. Então peguei minha câmera e sai pra fazer o que mais amava em NY: fotografa-la.
Sai sem rumo, graças a Deus nesses 5 anos que estou aqui aprendi a não me perder. No primeiro ano era com o GPS e um mapa na mão, me virando nas ruas e no metrô. Teve um dia que quase desisto e cogitei pedir a polícia pra me deixar em casa.
Hoje moro em manhattan, mais perto dos trabalhos, pego menos metrô, então parei de ficar perdida. Senso de direção não é pra mim.

Tudo que envolva imagens eu crio. Atualmente sou fotógrafa e desiner da revista Elle. Também tenho alguns trabalhos free lancer com alguns sites de moda e música.
Uma brasileira em um país estrangeiro, falando um idioma sem fluência, passar por dificuldades e chegar onde estou é uma realização de um sonho, estou vivendo meu sonho.
Mas como hoje é domingo saí para almoçar em algum restaurante perto do cental park e dar uma volta pela cidade enquanto o inverno não chegava.
Andei pelas lojas de roupas comprei algumas peças de inverno, que eu ia precisar. E fui a caminho em busca de um restaurante.
Distraída olhando o celular em uma mão e as sacolas na outra, subtamente sou fortemente barrada contra alguém e caio no chão me apoiando com a mão que segurava o celular.

- Droga! Olha por onde anda, idiota.- também aprendi a xingar, aqui era necessário.

-Me desculpa!

Olhei pro cara a minha frente que tentava me ajudar a levantar, ele estava de boné e contra o sol não consegui ver seu rosto direito.

-Me perdoe, não vi você quando sai da loja.- ele falou enquanto me ajudava a levandar.

Minha mão ardia e vi que estava arranhada na lateral e nos dedos e sangrava um pouquinho. E o cara continuava a minha frente olhando pra minha mão.

-Droga, desculpa mesmo.

-Você não é daqui né?- perguntei, nova iorquino não se desculpa mais de uma vez, e quando pede desculpa.- Tudo bem, acontece.

Ia saindo deixando ele lá, mas lembrei do meu celular e procurei pelo chão onde havia caído. O achei com a tela toda quebrada e sem ligar. Como uma quedinha acabou com um celular novo?

-Meu celular era novo.- falei com ódio mostrando o mesmo pro cara a minha frente.

-Não se preocupe, eu te dou o meu... Eu não posso te dar o meu mas compro um novo pra você.

Olhei bem pra ele, e percebi que era asiático,os olhos puxados e o sotaque não negava(não que eu não tenha, mas dava pra saber quando não é americano), com certeza não era daqui. Coitado não deve estar acostumado com NY.

-Não precisa, vou indo.

-Não, a culpa é minha, vou te comprar. Tem alguma loja por aqui?- ele me acompanhou enquanto desviava das pessoas na rua.- E sua mão também esta machucada. Vamos em alguma farmácia.

- Não precisa, foi só um arranhão.

Quando olho pra minha mão vejo o sangue pingando, paro imediatamente e a encaro começando a ficar gelada. Meu pai, é melhor eu limpar isso antes que eu desmaie.

-Ta vendo, tem que limpar isso, antes que piore.

-Acho que vou passar mal- falei paralisada olhando pro sangue na minha mão.

-O que? Fique aqui que eu vou naquela farmácia comprar alguma coisa.

Eu me sentei em um banco ali perto, sentindo minhas pernas fracas, me concentrando em não olhar pro sangue enquanto o desconhecido corria pra farmácia. Quem era esse doido? Acho melhor eu ir pra casa, seria mais sensato.
Antes que eu me levante pra ir embora ele volta com uma sacola. Graças a Deus.

- Limpe logo isso, por que esse sangue todo parece que vou perder minha mão.- Eu falei com a respiração acelerada, e olhando pro céu.

-Você não vai perder sua mão- ele falou rindo.

Depois que ele limpou tudo e pôs um curativo, me acalmei. Não lembrava que eu era tão paranóica com sangue.

-Tem mais curativo na sacola, pra você trocar depois...

- Ah obrigada.- disse suspirando de alívio.

- E sobre o seu celular, se você puder esperar eu posso comprar outro agora mesmo.

-Não precisa, você já foi gentil em cuidar da minha mão.

- Por favor, eu faço questão, de qualquer forma, a culpa foi minha. Deveria ter prestado mais atenção.

- Humm, ok, depois você me da, agora eu vou almoçar...- tentei me livrar dele. Gentileza não é comum por aqui.

-Ótimo!- ele me cortou animado- Eu te pago um almoço. Eu já tava indo pra um restaurante aqui nessa rua mesmo. Vamos, enquanto almoçamos providencio seu celular.

-Okay...

Entramos no restaurante ali perto e fizemos nossos pedidos. Prestando mais atenção nele, até que é bem bonito.

- Então, você é de onde?- quebrei o silêncio.

- Sou da China. Mas moro na Koreia.

- Sério? E o que faz por aqui? Veio a passeio?

-Ah não, vim a trabalho. Você é daqui?

-Moro aqui, mas sou brasileira. Me mudei faz 5 anos.

- Uma grande diversidade aqui.- ele sorriu sem graça, inclinando a cabeça.

Que fofo.

-Sim, NY sempre acontece isso. Gente do mundo todo em uma cidade do mundo.

Ele sorri puxando um pouco o boné pra cima, facilitando a visão pro seu rosto.

- Ta melhor? Ainda acha que vai perder sua mão?- continuou sorrindo mas agora com deboche, me fazendo rir.

-Engraçadinho. Eu fico um pouco nervosa quando vejo sangue.

-Hum... Pratica esgrima?

-Sim, como você sabe?

-Vi as marcas e calos na sua mão, eu também tenho.- disse me mostrando sua mão.

-Ah, é só um hobie.

-Essas marcas não é de só um hobie. Eu já competi na liga júnior da China.

-Sério? Eu faço desde pequena, nunca parei, meu avô competia e sempre me levava.

Falamos sobre esgrima por mais um tempo até seu celular tocar e ele se afastar pra atender. O observei de longe, ele parecia ser uma boa pessoa, além de bonito.

-Desculpa, eu vou ter que sair agora, apareceu uma emergência.- ele retornou.

-Tudo bem, sem problemas.

-Estou hospedado no Peninsula Hotel. Vá às 20hs lá que eu te entrego seu celular. Me espere no bar lounge.

-Peninsula? Okay irei lá.

-Peço desculpas novamente, mas é uma urgência.

-Sem problemas, você ainda me deve um celular, te vejo às 20hs.

Sorri com o mesmo deboche dele e nos despedimos. Peninsula?  Sério? Ele é rico?  Aquele hotel é caríssimo, tava me sentindo mal por faze-lo comprar outro celular, mas mudei meus pensamentos.
Enfim almoçei e na hora de pagar a conta ele já tinha pago.

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Espero que gostem.❤

Vv.

Don't Lose Your Focus || Jackson Wang Onde histórias criam vida. Descubra agora