Capítulo sem título 6- Natal

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Realmente não voltei na casa do Felipe, e nem conversei com ninguém da família dele desde o dia da missa. Hoje já é dia 23 de dezembro, ou seja, já se passaram 10 dias e eu não falei com ninguém da família dele. Também nunca mais tive aqueles sonhos com ele, acho que era minha cabeça impressionada com a perda e da primeira vez sem dúvidas foi apenas uma coincidência. Horrível, mas nada que não pudesse ser explicado seu eu tentasse entender.

Confesso que além da família do Felipe eu também não vi basicamente ninguém no decorrer desses dias, desde a morte do meu melhor amigo, fiquei muito recruzo. Sempre recebo mensagem dos meus amigos, mas pouco respondo, me sinto mal com tudo que esta acontecendo e não quero sair com ninguém, sei que o assunto vai ser esse maldito acidente, pensei em encontrar a Camila, mas nunca tive coragem.

Sim, acho que esqueci de comentar, ao contrário do que todos pensaram o Felipe e a Camila não estavam juntos na hora do acidente. De fato a menina não estava se sentindo bem naquele dia e Felipe tinha deixado ela em casa depois de passar no mercado, por isso ele estava na região da avenida 9 de julho, bem que eu tinha achado estranho. Na mensagem ele havia me dito que ia ao mercado perto de casa, e essa avenida era uma região bem oposta. Durante um tempo até fiquei com raiva da Camila, se ele não tivesse ido deixar ela lá, nada disso teria acontecido, mas depois de muito conversar com meus pais, tive que concordar, ela não tinha culpa de nada, foi um acidente, se ela imaginasse que algo tão horrível iria acontecer sem dúvidas ela não teria pedido para ele a deixar em casa.

Retorno dos meus pensamentos com minha mãe me chamando, ela estava arrumada e disse para eu tomar um banho e me arrumar, pois ela, eu e meu pai iriamos a casa dos pais de Felipe.

 Já que o natal estava chegando e que seria uma data muito triste para eles e que deveríamos fazer uma visita rápida. Antes de eu falar qualquer coisa, ela já foi logo dizendo que não adiantaria reclamar, pois eu iria de todo jeito, ou ficaria de castigo até completar 32 anos ou mais.

Não achei nada engraçado, mas estava em uma fase de evitar discussão. Tomei meu banho e antes de sair senti a necessidade de levar alguma coisa para eles, só não saberia o que. Então me lembrei que possuía diversas fotos com Felipe em um pendrive, como o computador já estava ligado, abri a pasta fotos e selecionei uma imagem nossa em uma pescaria, acho que devia ter uns dois anos desse acontecimento. Mas era uma foto ótima, Felipe estava segurando a vara onde estava fisgado um pintado lindo.

Ri lembrando que no momento daquela foto eu estava com muito ódio do Felipe, já que ele estava me irritando dizendo que tinha pegado um peixão e eu ainda não tinha pescado nada. Lembro que eu nem queria sair na foto, afinal de contas o peixe era dele, mas ele havia me puxado para um abraço dizendo que para foto ser boa tinha que ser nós dois. Realmente olhando por esse lado ele estava certo. Depois que lembrei que tinha guardado essa foto e nunca tinha enviado para ele. Acho que é porque ela me lembrava de um momento de raiva, o que agora me parecia uma tremenda besteira.

Peguei o pendrive e avisei meus pais que passaríamos em uma fotótica no percurso, eles concordaram sem nenhuma pergunta, paramos na fotótica e eu pedi para revelar a foto e também comprei um porta-retratos, pedindo para a vendedora embrulhar. Voltei para o carro, minha mãe queria saber o que era o embrulho falei que era um porta-retratos, mas não quis dizer qual era a foto, afinal ela viria quando dona Lúcia abrisse o embrulho.

Chegamos na casa da família Guttierrez, até achei engraçado eu pensar assim antes era a casa do Fê, mas, agora o sobrenome deles fazia mais sentido. Entramos e fomos recebidos pelos pais do Felipe que nos levaram até a sala, entrei meu presente e fiquei conversando com eles um pouco. Dona Lucia achou a foto linda, mas teve um pequeno choro, seu António disse que se lembrava desse dia como se fosse ontem e riu, olhei para ele, estava mais velho, embora esboçasse um sorriso dava para perceber que era sem alegria.

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