Capítulo 18 Bruno

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Narrado por Matheus

Vocês já notaram que o despertador sempre toca na melhor hora do sono, é incrível como ele nunca desperta durante um pesadelo. Acordo sem a menor vontade de sair da cama, mas hoje já é sexta, e amanhã novamente não irei trabalhar penso comigo. Levanto para tomar meu banho após sentir um cheiro, conheço esse perfume, convivi muito tempo com ele.

Alguém usou malbec e veio até meu quarto. Tomo meu banho enquanto penso no que seria interessante comprar para o aniversário de Diego, sempre fui péssimo com presentes. O que se torna pior ainda quando tenho que presentear alguém que já tem tudo, não que ele fosse um milionário herdeiro de uma infinidade de coisa, mas a situação da família dele sempre foi muito boa e das coisas que um jovem adulto precisa realmente ele tem tudo.

Depois de arrumado desço até a cozinha para tomar meu café da manhã, aproveito para perguntar se alguém teria entrado no meu quarto, o que segundo a minha mãe não aconteceu, estranho mas deixa para lá, já estou atrasado.

O lado bom de se morar próximo ao patrão é que você pode pegar uma carona, o ruim é que você acaba ouvindo alguns assuntos que não são do seu interesse. Minha sorte é que o trabalho não é muito distante de casa. Comprimento Augusto e seu pai assim que o carro para em frente à minha casa, o clima hoje estava mais leve, Otávio dono da loja estava até contando suas péssimas piadas de português.

Augusto está feliz já que voltou com sua ex, está certo que eu nem ligo para isso. Não tem um mês que trabalho na empresa do pai dele e já e é a terceira vez que ele e a namorada terminam.

 Claro que eu me finjo surpreso pelo retorno e digo aquelas frases de apoio que todos dizem. Minha vontade era de falar, não sei quem é mais otário você ou Maria Eliza. Me calo e penso que não tenho nada a ver com isso.

Chegando na empresa fico sabendo que iria auxiliar Augusto o dia todo, preciso aprender a rotina, uma hora Augusto vai entrar de férias e tenho que saber me virar, claro que esse pensamento é muito precipitado, ainda preciso passar na experiência para pensar em alguma coisa do tipo.

Passo a manha toda emitindo algumas notas fiscais e fazendo algumas cobranças, a primeira é legal de se fazer, agora cobrar é bem chato nunca sabemos como a pessoa do outro lado da linha vai reagir. Mas, Augusto apesar de ser um pé no saco com suas histórias de relacionamento é um cara bacana para ensinar, então sempre que tenho alguma dúvida ele está ali para me ajudar.

Na hora do almoço, vou com Augusto em um restaurante que tem bem em frente a loja, como já tem mais de 15 dias de casa (falei como se fosse séculos né?) Já tenho direito ao tíquete refeição. Vejo que algumas pessoas não gostam muito da minha proximidade com Augusto, provavelmente vou ficar com fama de puxa-saco, só que na verdade sempre conheci Augusto. Nunca fomos amigos, mas sempre nos falamos o básico, que era bom dia, boa tarde ou boa noite!

Até tinha me esquecido de olhar minhas mensagens, embora eu possa trabalhar com o celular no bolso eu evito o máximo mexer nele, está certo que nunca fui extremamente viciado nessas coisas. 

 Olhando minhas mensagens tinha algumas de alguns grupos que nem me interessei de ler, outras de bom dia de algumas meninas que eu havia ficado a tempos atrás, as quais eu respondo com boa tarde e saudades, embora na verdade eu não esteja com saudades.

Também observo uma mensagem de Breno perguntando se poderia dormir em casa de sábado para domingo, respondo que sim. Está certo que talvez a gente não durma já que as festas de Diego costumam atravessar a noite. Logo que eu respondo ele visualiza, agradece e diz que precisamos conversar. 

Eu sabia que a conversa seria sobre Bruno. Peço que ele me ligue depois das 20:00 já que até as 18:00 eu estaria trabalhando e depois iria comprar o presente.

Bloqueio o celular ainda com um sorriso no rosto, e Augusto me pergunta se era alguma mulher. Repondo que não que era um amigo e começo a comer, quando sou interrompido com ele falando que eu podia falar, aquele sorriso era de apaixonado e que apesar de não sermos grandes amigos já que ele vivia me falando de Maria Eliza eu poderia falar da menina que eu estava pegando.

Como eu não queria continuar aquela conversa falei que eu ainda estava conhecendo ela, então não era minha namorada. Eu sei, não me julguem. Deveria ter falado a verdade, mas nem eu entendia o que estava acontecendo piorou querer que outra pessoa entendesse.

As horas passam rápido no período da tarde, geralmente de sexta os minutos se arrastam, só que desta vez eles estão a apostar corrida. Claro que isso pode ser justificado com a minha vontade de que eles passem devagar, queria ter tempo de olhar alguma coisa na internet para comprar de presente para Diego.

 Infelizmente não consigo e quando olho no relógio já são 17:50. Arrumamos as coisas e saímos da loja, para mim pelo menos seria até segunda, Augusto trabalha todos os sábados pela manhã, ele diz que gosta se é verdade, nunca saberei.

Como eu iria no shopping aviso Augusto e Otávio que não voltaria com eles.  Como eu sou sortudo Augusto acaba se interessando em ir até ao shopping comigo e assim aproveitaria para comprar algo para a namorada, o lado bom disso é que eu teria quem me ajudasse a comprar o presente. Acabo escolhendo uma caneca do São Paulo, time do coração de Diego. Como Alguma coisa com Augusto na praça de alimentação e vamos para casa.

Alguém estava esperando dar o horário marcado, é o que eu falo quando atendo Breno exatamente as 20:00. Não me surpreendo quando descubro que o assunto de nossa conversa é Bruno.

 Parece que o menino não para de falar de mim, segundo o irmão. Claro que eu fico feliz em ouvir aquilo, também tinha pensado em Bruno, só não entendo o motivo dele não ter entrado em contato comigo esses dias todos, sendo necessário o irmão fazer o meio de campo.

Segundo Breno, o irmão não havia me procurado já que desde a briga com Gustavo eu teria o evitado, mesmo na nossa última tarde em Jundiaí eu não o tinha dado atenção. Provavelmente isso seja verdade, não que eu tenha feito por maldade, só que as palavras de Gustavo tinham me incomodado, e eu não queria ter que passar por aquilo de novo.

Matheus- Eu entendo o que você está me falando Breno, realmente estou sendo um otário com o seu irmão, mas entenda, também não tem sido nada fácil para mim. Tudo isso é muito novo e o que rolou entre nós foram alguns beijos que eu adorei. Não vou negar, só que em momento nenhum cogitei ter algo sério com Bruno, antes de entender o que pode surgir daqueles beijos creio que tenho que me entender.

Depois que eu havia dito aquelas palavras Breno me diz que o telefone está no viva voz e que quem falaria agora é Bruno.

Bruno- Boa noite! Matheus é o seguinte, entendo cada palavra do que você está dizendo. Imaginei que você tinha ficado estranho comigo devido as palavras do seu grande amigo Gustavo e realmente não te julgo. Aquelas palavras também mexeram comigo.

 Não entrei em contato com você esses dias todos porque estava me sentindo inseguro, você é mais velho que eu, sei que você está pensando que é só um ano.

 E pelo que conversamos nem chega a todo esse período, não sei explicar ao certo, o que eu sei é que te vejo tão seguro, tão certo de si e isso me deixa intimidado. Acho que foi até por isso que só tive coragem de te beijar quando achei que ninguém iria ver. Isso não vem ao caso, o que eu quero te dizer mesmo é que te curti e que estou disposto a engatinhar do seu lado já que ainda não estamos prontos para andar.

Caramba, como aquele menino tem a coragem de dizer que o seguro sou eu? Mesmo que eu tivesse montado um texto não teria coragem de falar daquele jeito. Gostaria de falar um monte de coisas, mas tudo o que sai da minha boca são as seguintes palavras.

Matheus-Gostaria muito de engatinhar ao seu lado, encontro vocês amanhã cedo na rodoviária, sei que a festa é só anoite, mas preciso falar com você.

Sinto um sentimento de vergonha imensa tomar conta de meu peito, como pude ser tão idiota ao ponto de ouvir todas aquelas coisas e só conseguir falar que gostaria de engatinhar com ele?

Sempre comigoOnde histórias criam vida. Descubra agora