Capítulo- 29 Karla

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Narrado por Gustavo

Junho já estava chegando em sua metade e eu estava vivendo dias calmos, não posso dizer tão calmos assim, afinal, as provas que antecediam as férias estavam chegando. Essas seriam minhas últimas férias de inverno durante o ensino médio, não tinha planejado muitas coisas, talvez passar uns dias na casa dos meus avós. Desde o dia que eu fui visita-los com Bernardo eu sentia a necessidade de voltar naquele lugar, pode ser que eu não tinha percebido até então, mas eu sentia falta de estar em família.

Não que eu não estivesse todos os com meus pais, só que o clima em casa não era lá grande coisa, minha mãe insistia em viver seu luto por Felipe, meu pai pouco parava em casa, cada vez chegava mais tarde, sempre envolvido em alguma coisa da igreja. Tomás já tinha um tempo que não aparecia visitar meus pais, sempre dizia que com o estágio da faculdade ele acabava tendo só os finais de semana para colocar em dia suas matérias e finalizar seu trabalho de conclusão de curso. Eu até estava gostando da distância que estávamos vivendo, mas sempre sabia alguma coisa dele já que minha mãe me contava.

Minha vida estava se resumindo a aula pela manhã, ir para casa para almoçar e descansar um pouco e voltar para o cursinho pré-vestibular no início da tarde. No meio de tudo isso acabei conhecendo Karla, ela era nova na escola, tinha vindo de São Paulo. E por esse motivo não tinha muitos amigos ali. Acabei me aproximando dela em um dia que cheguei adiantado para o cursinho e até aquele momento só ela estava ali. Karla era uma garota negra, baixinha, devia ter pouco mais de 1,55, era linda assim como seus olhos castanho mel, tinha pernas grossas e uma bunda de chamar atenção de todos por onde ela passava, tinha os cabelos longos muito ondulados e sempre em algum penteado afro.

Fora seu corpo que me excitava o que mais me chamava atenção em Karla era seu jeito inteligente e sua garra, sabe aquela pessoa que demonstra saber o que quer da vida? Ela era assim, já tinha definido que seria médica cardiologista, enquanto isso eu não sabia exatamente o que eu queria da vida. Durante as aulas podia ver que até os professores se encantavam com ela, sempre tinha um comentário que contribuísse com a aula, até mesmo quando ela não dominava o assunto suas perguntas eram tão bem formuladas que  deixavam me sentindo o cara mais burro do mundo.

Então desde o dia que a conheci comecei a destinar uma parte preciosa dos meus dias para estar do lado dela, como estudávamos em salas diferentes, eu acabava falando com ela antes da aula, no intervalo e na saída para o almoço. Embora esses momentos fossem prazerosos eles eram muito curtos, então acabei deixando de sentar com meus amigos durante as aulas para o cursinho e comecei a me sentar junto a ela. Era ótimo estar do lado dela durante as aulas da tarde, mesmo sabendo que pouco conversaríamos já que ela sempre estava concentrada nas aulas.

Fosse elas aulas de história, geografia, física, literatura ou qualquer outra. Mas as suas aulas preferidas eram biologia e química nessas aulas eu tinha até um pouco de raiva de ver o quanto ela era inteligente, não que eu fosse um burro. Estudava em uma boa escola, então entendia da maioria dos assuntos de maneira geral, só que Karla extrapolava o que eu entendia, as vezes até se precipitava durante a aula, querendo saber de conteúdos que segundo os professores eram muito específicos e não era comum serem abordados nos vestibulares.

Depois de toda essa explicação nem preciso dizer que eu estava totalmente apaixonado por aquela mulher, muitas vezes acredita não ter a menor chance com ela, até mesmo por que eu já era bem próximo dela e tinha medo de que ela me enxergasse apenas como um amigo e nunca se interessasse por mim. Esse momento foi um pouco ruim, acabei me sentindo bastante inseguro, embora muito inteligente e legal, Karla não era aquela pessoa popular na escola, não que ela não pudesse, mas porque ela não se interessava por essas coisas, só que sempre a parecia algum garoto interessado nela, muitos garotos populares, alguns até mais velhos que já haviam terminado o ensino médio e só estavam no cursinho.

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