Narrado por Matheus
Finalmente 2016 iria acabar, um ano que tinha começado tão bem, tinha tido um fim tão chato. Já fazia alguns dias que Gustavo estava em casa, apesar de passarmos bastante tempo juntos ele pouco falava. Está certo que tenho minha parcela de culpa nisso, talvez ele estivesse esperando que eu sempre puxasse assunto, mas sou péssimo nisso.Então maratonamos algumas séries na Netflix. Também não fui a confraternização do dia 28, vi umas fotos no grupo parece que foi bem legal.
Como era esperado, o restante da família de Gustavo optou por desistir de passa o ano com a gente no sítio em Jarinu. Saímos de casa na manhã do dia 31 de dezembro era um sábado. O caminho de casa para a chácara onde iriamos comemorar a chega de 2017 era relativamente rápido em pouco mais de uma hora já estaríamos lá.
Para pegarmos a estrada até Jarinu, tínhamos que passar em frente ao cemitério municipal, e quando estávamos bem próximo a ele, o Gustavo perguntou se poderia passar no tumulo do irmão, já que não voltava lá desde o enterro.
Meus pais prontamente concordaram, afinal eles também poderiam passar no tumulo de meu avô materno, já que eles costumavam fazer isso na véspera de Natal, só que naquele não acabaram por não ir. Confesso que detestei a ideia, já não gosto de ir a cemitério, não que tenha medo de algo, afinal de contas não acredito nessas besteiras. O que me incomodava é que sempre nossas lembranças naquele lugar são horríveis e também acho bem inútil ir até um túmulo o morto não recebe visitas.
O tumulo de Felipe era bem próximo a entrada do cemitério, então preferi ir com Gustavo que com meus pais, eles até gostaram afinal como disseram. " Nesses momentos é bom ter alguém do nosso lado". Notei que já haviam colocado sua foto e data de nascimento e morte, é bem injusto alguém morrer tão novo, pelo menos eu acho.
Não estava nada bem ali, então pedi licença ao Gustavo que fazia suas orações e fui para a entrada sentar em um banco esperando eles, que logo chegaram também.
O restante do caminho foi bem chato, todos calados, eu tinha certeza que aquilo ia ser assim, quem visita um cemitério no último dia do ano?
O dia estava bonito, um calor até que abundante para as 9 horas da manhã, logo na entrada da chácara reconheci alguns carros. Finalmente o clima melhorou pelo menos para mim. Como esse já era o sexto ano que passava ali já conhecia grande parte das pessoas, salvo três ou quatro pessoas que nunca tinha visto, mas também não me importei.
Logo fui cumprimentando todos, era bom revê-los, nos encontrávamos basicamente no réveillon e no carnaval, a maioria ali morava na capital e ia para o interior nos feriados prolongados.
Então podíamos nos encontrar mais vezes no ano, só que meu pai preferia ir visitar sua família em São Paulo nessas datas, deixando apenas ano novo e carnaval para irmos a Jarinu. Nunca entendi o fato do meu pai ser tão preso aos seus irmãos, eles nunca se importavam com a gente, só nos que os visitávamos. Mas tudo bem a família é dele,não era eu que ia tirar seus desejos, até porque logo teria 18 anos e não voltaria naquele lugar.
Marcos era o dono da chácara, um sujeito muito gente boa, devia ter uns 45 anos, era viúvo, negro, alto acho que aproximadamente 1,90. Era policial militar na capital, embora pouco falasse sobre isso, o que eu também preferia. Nunca fui muito chegado a ouvir histórias sobre o trabalho dos outros. O que eu gostava dele é que ele tentava nos fazer sentir como se estivéssemos em casa, e muitas vezes conseguia, já que eu nunca queria ir embora quando chegava o dia de voltar para casa.
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Sempre comigo
RomanceEsse livro traz a historia de um menino de 17 anos, chamado Matheus. E tudo o que acontece depois da morte de seu amigo Felipe. A historia relata o sofrimento e o aprendizado de que a vida é só uma etapa de algo muito maior, mas aqueles que ainda e...