Capítulo sem título 12- De volta a realidade

8 2 2
                                    


Narrado por Matheus 

A viagem de volta foi bem calma, dormi o voo todo. Chegamos em Campinas no início da madrugada de domingo, como era esperado meus pais estavam me esperando, mas a surpresa foi Gustavo estar ali também, cumprimentei todos com um abraço.

 E antes mesmo de eu perguntar o motivo dele estar no aeroporto, Gustavo me responde que tinha pedido para meus pais para ir, já que estava curioso para saber as novidades. Diego voltou com a gente, como para ir até minha casa teria que passar nas proximidades da dele, combinei a carona um dia antes com meu pai.

Quando chegamos em casa, meu pai, minha mãe e Gustavo estavam ansiosos para saber de tudo, só que eu estava quebrado, só fiz ir até o meu quarto tomar um banho e me deitar, embora fosse janeiro essa madrugada estava gelada, adoro o verão do estado de São Paulo, pensei ironicamente.

Gustavo já estava deitado na minha cama enrolado em um cobertor quando me deitei, conversei algumas besteiras com ele e logo disse que iria dormir. Antes de me responder o boa noite ele me diz que sentiu saudades, respondi que também tinha sentido saudades o que era verdade. 

No meio da noite acordei com um pouco de frio, e instintivamente me aproximo de Gustavo e o puxo para um abraço, noto que ele meio que se desperta mas também não reclama, apenas fica quieto.

Na manhã seguinte quando eu acordo estou sozinho no quarto, olho no celular e já são mais de 10:00, mas a vontade que impera é a de ficar na cama.

 Me lembro de alguma coisa da viagem e envio uma mensagem no grupo perguntando se todos chegaram bem, todos começam a conversar no grupo e enviar fotos, tinha foto de tudo, algumas ótimas e outras horríveis, como do dia que Rebeca passou mal no barzinho.

 Fico rindo até que minha mãe bate na porta e entra no meu quarto, conversamos um pouco e ela pede para eu tirar as roupas da mala para lavar. Aproveito também para entregar minha lembrança que era uma camiseta e uma canga com a bandeira da paraíba.

Encontro Gustavo na mesa do café da manhã, acho que ele não tinha descido a muito tempo. Ficamos conversando sobre muitas coisas, ele ria de alguns comentários e em outro fazia umas caras engraçadas como se estivesse imaginando a situação.

 Minha mãe corta nossa conversa mostrando seus presentes, Gustavo começa a me fitar como se perguntasse cadê o meu, me finjo de desentendido e ele faz uma carinha de triste, digo que estava sem grana para isso e embora chateado ele demonstra entender. 

Termino meu café da manhã e voltamos para o meu quarto, quando chego ali, entrego a ele um embrulho. Que ele pega com a maior felicidade, abrindo e encontrando uma camisa e um chaveiro, ele se levanta da cama e me dá um abraço, dizendo que tinha certeza que eu não teria esquecido dele. Só respondo que nem que eu quisesse eu conseguiria, já que ele tinha me mandado mensagens todos os dias. Vejo seu rosto corar de vergonha, mas dou um tapinha e saio do quarto sentido cozinha.

Chegando na cozinha minha mãe estava vindo da lavanderia, me perguntando o que eu queria para o almoço, respondo que o que ela fizesse estaria bom. Então ela me diz que precisava conversar comigo, me dá aquele gelo e minha vida toda passa pela minha cabeça, até coisas que eu nunca tinha feito surgem em meus pensamentos. 

Gustavo que estava com a gente naquele momento pergunta se precisa sair da cozinha, minha mãe apenas responde que não.

Depois de ter me preocupado atoa a conversa da minha mãe era para saber quais seriam meus planos, já que os vestibulares não tinham dado certo e minha nota do ENEM não era muito alta. Falei para ela que iria procurar um trabalho e iria continuar estudando só que desta vez em casa mesmo, não estava com cabeça para mais um ano de cursinho.

Ela me sugere uma universidade privada, dizendo que iria voltar a trabalhar depois do carnaval, e que ela e meu pai pagariam a mensalidade numa boa. Fiquei feliz em saber que ela ia voltar a trabalhar, eu sabia que ela sentia falta. Sobre a ideia deles me pagarem a mensalidade eu apenas recusei, primeiro devido a eu sempre querer fazer uma estadual e segundo eu era muito novo, tirar um ano livre de salas de aulas não iria me prejudicar. Anoite tive a mesma conversa com meu pai e ele aceitou de uma boa.

Os dias foram se passando e eu já estava com currículo pronto e já enviava para o e-mail de empresas e agencias de trabalho, alguns eu cheguei a entregar em mãos nas empresas, fiquei imaginando antes que todos eram entregados daquela maneira.

Vez ou outra encontrava o pessoal da escola, alguns já estavam se matriculando em universidades públicas ou privadas, alguns colegas tinham decidido passar um tempo fazendo cursos ou trabalhando. Tinha momentos que eu pensava que talvez o certo seria aceitar a oferta da minha mãe e estudar em uma universidade privada mesmo, logo o pensamento ia embora, não era tão ruim assim também me dedicar a outras coisas, o problema é que eu não estava me dedicando a nada.

 Meu pai até me chamou uma vez para perguntar se eu gostaria de trabalhar na concessionária que ele conduzia, a ideia era até interessante, só que eu seria sempre a sombra do meu pai.

No fim de janeiro um vizinho ficou sabendo que eu estava procurando emprego e por ter amizade com os meus pais me chamou para trabalhar em sua loja de materiais para construção. Não era assim o melhor dos cenários, mas poucas pessoas começam em um trabalho maravilhoso não é mesmo? 

 Conversei com ele, eu iria trabalhar na venda e ajudar em alguma coisa na parte da administração que era a função do seu filho Augusto.

Comecei a trabalhar na primeira semana de fevereiro, trabalhava em horário comercial de segunda a sexta das 8 às 18:00 com duas horas de almoço e sábado até as 13:00. O que eu gostei que Randerson que era o nome do dono da loja, disse que os horários de sábado seriam flexíveis já que o movimento era menor e eles montavam uma escala, então eu iria trabalhar sábado sim e sábado não.

Assim fui criando uma nova rotina, e conhecendo novas pessoas. Está certo que a maioria era bem mais velha do que eu mas tinham algumas de uma faixa etária próxima.

 Augusto é gente boa, me ajuda em bastante coisa e me ensinava a rotina administrativa, confesso que até achava aquilo mais interessante que a parte de venda, nunca fui assim muito bom com pessoas, e vendedor tem que ter uma certa lábia, claro que todos falavam que era porque eu ainda estava aprendendo e logo seria tão bom quanto eles se não até melhor.

 O salário não era nada de maravilhoso, mas para um jovem solteiro que tinha todas as contas pagas pelos pais era mais que o suficiente para eu pagar minhas besteiras e guardar grande parte, uma coisa boa que minha mãe sempre me ensinou poupar parte de meu dinheiro, então isso não era problema para mim.

Falava todos os dias com Gustavo, só não tinha o visto desde que comecei a trabalhar, no carnaval como de costume fomos para a chácara em Jarinu, resolvi chamar ele ja que eu trabalharia só até sexta e voltaria na quarta. Os pais deles nem ligavam mais dele passar tempo comigo, de certa forma eles até gostavam, já que me conheciam a muito tempo e sabia que meus pais estariam juntos então se sentiam seguros.

Sempre comigoOnde histórias criam vida. Descubra agora