Capítulo 33- Reconciliação

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Narrado por Gustavo

Os dias que se seguiram após a descoberta que meu pai estava traindo a minha mãe, foram extremamente cansativos, tive que ser forte por mim e por ela. Minha mãe pouco saia do quarto e sempre que saia era apenas para comer ou organizar alguma coisa muito necessária. Acho que foi nesse período que eu aprendi a cozinhar, já que me tornei o responsável pela alimentação da minha mãe. Ainda bem que ela sempre gostou de massa, pois eu basicamente aprendi a fazer macarronada, macarrão alho e óleo e arroz.

Karla teve um papel especial naqueles dias, como em casa eu tinha que me fazer de forte e fingir que estava tudo bem, então era para minha ficante que eu desabafava. Karla foi meu ombro amigo nesse momento tão delicado da minha vida, aprendi que não preciso guardar tudo para mim e que as vezes é preciso chorar no colo de alguém, sua presença me fazia mais forte mesmo quando ela não dizia nada, apenas segurava minha mão.

Recebi uma ligação do meu pai logo depois do ocorrido, ele se desculpava por tudo o que tinha acontecido e afirmava que continuaria cumprindo com suas obrigações, e que eu meu irmão e minha mãe poderíamos ficar tranquilo que ele não iria nos deixar faltar nada.

A casa estava mais vazia do que eu já tinha visto algum dia, como já não aguentava mais ver o sofrimento da minha mãe, resolvi ligar para minha tia Verônica e pedir para que ela nos fizesse uma "visita". No sábado de manhã dois carros pararam em frente à minha casa e de lá saíram meus tios e meus primos, como sempre minha mãe estava no quarto. Logo que abri a porta minha tia já foi ao encontro da minha mãe, fiquei na sala com meu tio e meus primos, o clima estava pesado, sabia que eles queriam me dizer palavras bonitas, mas também sabia que nem eles sabiam o que dizer.

Logo despertei dos meus pensamentos quando tia Verônica pediu para que eu me arrumasse já que iriamos ao sítio, parte de mim se animou com aquela ideia, mesmo sabendo que provavelmente o clima não seria tão bom como da última vez. Em poucos minutos estávamos no caminho do Sítio "Bom Pasto". Fui no carro com os meus primos e minha mãe com meus tios, queria ficar com ela, mas entendi que eles precisavam ter assuntos que não gostariam que eu ouvisse.

O dia estava frio e nublado, não sei vocês mas para mim os dias frios são ainda mais tristes, no caminho não segurei as lagrimas em alguns momentos, João Pedro e Aline, foram ótimos amigos nesse momento, sempre dizendo que eu poderia contar com eles, que apesar de termos estado distantes durante muito tempo agora tudo seria diferente, também falaram que com as férias da faculdade iriam destinar um pouco do tempo deles para mim. É engraçado como tentamos suprir toda nossa distância em momentos tristes, não sei o motivo, mas nunca nos aproximamos nos momentos alegre, sempre essa aproximação acontece em momentos tristes, é como se a vida se encarregasse desses momentos para nos mostrar o que realmente importa.

Como da vez anterior logo que avistei o sítio minha avó já nos esperava na porta de entrada, mas dessa vez ela estava acompanhada do meu avô. Meu coração era uma mescla de sentimentos, dor e alegria. Dor pelo que eu estava passando e alegria por saber que existiam pessoas que se importavam comigo e minha mãe. Assim que descemos do carro fomos recebidos por um forte abraço de meus avos, como sou grato por ter esses senhores por perto. Quem têm avós possui um tesouro que não se pode medir o valor.

A mesa da cozinha estava como sempre servida com muita comida e muito amor o que é o ingrediente mais importante para tudo. Tomamos nosso café com poucas palavras, era mais um momento como se todos nos dissessem de maneira calada "estamos aqui por vocês". Quando terminamos de comer meus primos me chamaram para andar um pouco pelo sítio, sabia que eles queriam dar espeço para que os mais velhos conversassem. E eu também queria ficar um pouco longe daquela conversa, sabia que aquilo só me faria me sentir pior.

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