Capítulo- 35 Tiradentes

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Narrado por Matheus

Chegamos na cidade de Tiradentes-MG, no início da madrugada, nossa pousada era bem próxima ao centro da cidade, então não tivemos dificuldade para encontra-la, logo que estacionamos fomos recebidos por uma mulher muito simpática, seu nome era Cristina e ela gerenciava a pousada, nos desculpamos por estarmos chegando naquele horário, mas ela pareceu não se incomodar.

A pousada era um casarão, muito bonito por sinal, conservada com muitos móveis rústicos, estava apaixonado pelo local, mas também estava com muito sono. Aos poucos fomos nos dirigindo para nossos quartos, nesse momento eu me lembrei que Diego estava sem um quarto para dormir, então resolvi ir até ele e o convidar para dormir no meu quarto, ele não fingiu nenhuma tristeza com o convite, pelo contrário, abriu um sorriso sapeca.

O quarto possuía uma decoração bem simples, com uma cama de casal, um criado-mudo de cada lado da cama, confesso que desses moveis eu gostei, gosto de móveis antigos, pena que geralmente são tão caros. Além disso o quarto possuía uma TV na parede , um quadro da cidade de Tiradentes antiga, e claro o quarto possuía um banheiro. Enquanto eu reparava no local, Diego foi logo tomando banho eu fiquei um tempo sentado na cama até que recebo uma mensagem de Bruno pedindo para eu abrir a porta. Lembro que Diego estava no Banheiro, mas também não me importei muito com aquilo e fui logo deixando que Bruno entrasse no quarto.

Fui recebido com um abraço forte e um beijo no pescoço, fiquei perdido com aquilo, se a algum tempo ele me ignorou, agora ele estava ali me abraçando e com ar de que queria ficar ali comigo e quem sabe intensificar o momento. Notando minha cara de perdido ele se senta na cama e pede para eu sentar ao seu lado, para que ele pudesse me explicar o que estava acontecendo.

Bruno- Eu sei que você está confuso com tudo isso, mas eu estou com medo dos meus pais desconfiarem de alguma coisa, e na lanchonete você estava muito próximo, então evitei muito contato.

Matheus- Continuo sem entender nada, Bruno. Até onde eu me lembro eu tentei conversar com você, não tentei te agarrar na frente de todos, e sempre conversei muito com você e seu irmão nas vezes que nos encontramos, então não vejo motivo dessa preocupação só agora.

Bruno- Esse é o problema, realmente não estávamos fazendo nada de errado, só que talvez algumas coisas tenham mudado nesse tempo que não nos vemos e meu pai esta desconfiado de mim.

Matheus- Bruno, me explica isso, você está sendo muito confuso, o que mudou? E seu pai estaria desconfiado de você por qual motivo?

Bruno- Olha essa conversa é longa mas vou fazer um resumo rápido, outra hora falamos sobre isso, agora eu quero te beijar.

Bruno- Resumindo tudo, desde que começamos a ficar eu estou diferente cara, tenho pensando muito em garotos, sinto sua falta, meio que deixei muitas coisas de lado, me afastei de alguns amigos com ideias que hoje em dia parecem me incomodar muito mais do que antes. E meu pai está estranho, desconfiado, tem feitos muitas perguntas, sobre amigas namoradas, até me perguntou se eu não tenho interesse por meninos, o que eu neguei.

As palavras de Bruno me faziam total sentido, eu também estava passando por tudo aquilo, a descoberta do interesse por indivíduos do mesmo sexo, insegurança quanto a meus pensamentos, incomodo com brincadeiras que até a pouco tempo eram normais, medo do que meus pais pensariam, tudo aquilo também tinha feito parte da minha vida. Está certo agora meus pais já estavam cientes, mas a verdade é que eu também era um LGBT não assumido, tinha contado para um número restrito de pessoas, e não que eu acredite que deveria sair por ai falando aos quatro ventos, o real motivo do meu incomodo é que talvez eu ainda estivesse com vergonha. Existe uma grande diferença em se assumir e se aceitar, e a segunda parte ainda me era confusa.

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