Narrado por Gustavo
A noite anterior foi bem legal, tive um momento de descontração com Matheus e suas amigas Rebeca e Yasmim. Acredito que aquilo foi programado para ser um esquema, mas como eu não vi ele avançar com Rebeca, me senti intimidado para ficar com Yasmim, embora ela seja uma gatinha.
Peguei o número dela mais tarde vou trocar mensagens e marcar alguma coisa por esses dias, estou precisando beijar, acho que nem me lembro como se faz isso.
No café da manhã D. Elizabete, foi muito simpática, até ofereceu para eu ficar em sua casa alguns dias. Gostei bastante da ideia realmente preciso sair um pouco de casa, o problema é que Matheus tinha um compromisso e que não poderia me levar. Não sei se isso realmente é verdade ou se ele me queria fora dali, mas de todo jeito ele está certo, o garoto já tem toda uma vida esquematizada, não tem motivos para ter que suportar o irmão caçula do seu amigo morto.
Credo, até depois de morto Felipe comanda minha vida, o pior é que sinto tanto sua falta, podíamos não ser aqueles irmãos inseparáveis, mas sempre nos demos muito bem em casa, ao contrário do idiota do Tomás, acho que só meus pais e o Felipe para aguentar ele mesmo. A namorada deve ter problemas mentais, pois não tem condições nem bonito ele é.
O almoço na casa de dona Elizabete foi bom, arroz, feijão bife, batata frita e um creme de espinafre. Nunca gostei de folhas, mas até que naquele molho ficou muito bom, não sei se é por causa do queijo, vou pedir para minha mãe fazer para gente também certeza que meu pai vai gostar.
Depois do almoço me arrumei e solicitei um carro para me trazer para minha casa, me despedi de Matheus e sua mãe, acho que seu Cezar estava no trabalho, nem todo lugar tira recesso no fim do ano.
Quando ia saindo percebi uma cara estranha em Matheus, acho que foi vergonha por não poder me chamar para onde vai ir, só que para falar a verdade, talvez tenha sido melhor assim, se fosse um encontro não ia querer segurar vela e nem ser empata foda de ninguém.
O caminho até em casa foi bem tranquilo, se bem que é muito perto realmente, se não fosse esse sol de dezembro acho que eu faria a pé em menos de 20 minutos. Chego em casa, beijo minha mãe como de costume, não sei como é na família de vocês, mas aqui sempre rola beijinho antes de sair ou quando chegamos. Antes sentia vergonha, mas agora nem ligo mais tem coisas mais importante para me preocupar que fazer graça para não beijar minha mãe.
Me dirijo até meu quarto abro minha mochila para pegar umas roupas sujas que estavam ali, o clima em casa está cada vez mais quieto, exceto pelo som do quarto de Tomás. Me dirijo até a lavanderia onde coloco minhas roupas sujas na máquina de lavar, passo pela cozinha para beber um pouco de água. São 14:07 faz uma tarde bonita, gostaria de sair passear como fiz ontem, mas a maioria dos meus amigos já estão viajando, de fato nem são tantas pessoas assim, sou um cara de muitos colegas, mas poucos amigos.Talvez todos sejam assim, só que disfarçam melhor e aproveitam mais o tempo com seus colegas.
Pensei em me deitar, dormir não é uma opção, já que noite passada dormi muito bem, talvez ler um livro seria uma boa opção. Antes de chegar no meu quarto entro no quarto que era de Felipe, tudo aqui ainda está do jeito que ele deixou, acredito que só eu tenho entrado nesse cômodo nos últimos dias.
Olho fotos e troféus e medalhas espalhadas pela mesa do quarto. Está certo meu irmão nunca foi um atleta de ponta, mas sempre jogou bem e participou da maior quantidade de competições que podia. Sei que o futebol era sua paixão, mas ele já tinha se desafiado na natação, voleibol, e no ciclismo, sempre sendo um atleta mediano.
Enquanto estou mexendo em suas coisas vejo a porta se abrir e Tomás entrando, ele parece estar bravo de eu estar olhando as coisas de Felipe, não entendo muito bem isso ele também é meu irmão, tenho tanto direito quanto ele de entrar naquele quarto.
Talvez até mais, nos últimos três anos quem fez companhia para Felipe fui eu, já que Tomás estava na faculdade em Lavras MG.
Começamos uma discussão devido eu ter entrado no quarto, para ser sincero nem entendo o motivo de tal falatório, não fiz nada de errado. Mas como ele não cala a boca retruco dizendo que eu iria entrar no quarto quantas vezes quisesse e que ele não era ninguém para me dizer o que fazer, já que nos últimos anos ele nem tem feito parte da família,mal para em casa mesmo nas férias, está sempre passeando com os amigos e para ser sincero talvez se ele não tivesse levado Felipe naquela festa ou se não permitisse que um menor dirigisse, talvez meu irmão estivesse vivo e para falar a verdade quem deveria ter morrido era ele.
Nesse momento sou silenciado por um murro na barriga, aquele maldito não deveria ter batido em mim nunca. Revido com um soco na sua cara, depois disso a briga estava feita, trocamos alguns socos, apanhei, mas também deixei marcas na cara desse imbecil.
Minha mãe entra desesperada no quarto, nunca fui muito próximo a Tomás, mas nunca brigamos também, então consigo entender o desespero da minha mãe nos pedindo para parar.
Ela nos dizia que deveríamos respeitar a sua dor, pois sabíamos que ela não estava bem e que principalmente deveríamos respeitar a memória do nosso irmão. Ela estava certa, realmente tínhamos excedido, só que eu estava totalmente descontrolado com aquilo e acabei respondendo que eu sentia muito por desrespeitar ela e a Felipe, mas se ela não prendesse o pit-bull dela talvez ela perdesse outro filho.
Devo ter pegado pesado, já que ela gritou mandando cada um ir para seu quarto, dessa vez não ouve cobranças nem por pedido de desculpas. Do meu quarto conseguia ouvir o choro da minha mãe. Deveria ir até ela e pedir desculpas, mesmo eu tendo sido atacado por um idiota, só que não farei isso, não desta vez.
Também estou cansado dessa situação, sei que é triste o que estamos passando, mas meus pais têm que acordar, a vida continua e meu irmão não vai voltar. Adoraria que voltasse, mas sei que não vai acontecer.
Pouco tempo depois minha mãe vem até mim, pedindo para eu arrumar a mala. Ela tinha conversado com D. Elizabete e tinham decido que era melhor eu passar um tempo por lá. Talvez fosse até melhor eu ir para a casa de algum parente em outra cidade, mas por enquanto na casa de Matheus eu poderia refletir, até ela ver um local para eu passar o restante das férias e esfriar a cabeça.
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Sempre comigo
RomanceEsse livro traz a historia de um menino de 17 anos, chamado Matheus. E tudo o que acontece depois da morte de seu amigo Felipe. A historia relata o sofrimento e o aprendizado de que a vida é só uma etapa de algo muito maior, mas aqueles que ainda e...