[4] te cortar fora

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Jimin não gostava daquela mulher, possuía motivos o suficiente para dizer que a senhora Kim não era alguém agradável, mas naquele momento, naquela sala, a agradeceu por intervir. 

Não tinha visto a ômega se aproximando anteriormente, sua cabeça continuava abaixada pela incontrolável vergonha que o corroía.

— Eu não criei o meu primogênito desse modo — a mulher disse firme, manifestando sua irritação em palavras duras.

— Você não deveria se...se meter — falou Namjoon, se atrapalhando em meio as palavras. — O ômega é meu — vociferou irritado, embriagado demais para formular uma resposta decente.

— Você está na minha casa! Sinceramente... se quiser cometer certas libertinagens com o seu ômega, que seja em um lugar privado. — Deu ênfase na palavra ômega, provocando o filho. — O que faria se esses alfas aqui em volta resolvessem atacar ele? — Apontou para Jimin que ainda se mantinha cabisbaixo. — Isso é uma vergonha para a nossa família, suas tias já devem estar comentando sobre o quão depravado o primogênito e o seu ômega são. Por Deus!

Durante um momento, Jimin pensou que a senhora Kim interviu, pois percebeu o seu desconforto, contudo, estava errado. A mulher apenas desejava não se tornar mal falada pela família, ter um filho e um genro depravados seria uma humilhação e tanta para a mesma.

— E para melhorar a situação você está bêbado. — A Kim observou ao redor, satisfeita pela falta de atenção. — Jungkook, tire o ômega daqui. Seu irmão está fora de si, temo pelo que esses alfas fariam com o ômega sem o marido para mostrar dominação sob ele.

Jungkook.

O pequeno imediatamente levantou a cabeça, atordoado pela presença que a tão pouco tempo se deparou. Quando ouviu o nome tão conhecido para si saindo da voz tão áspera da mulher, sentiu seu coração pulsar ligeiramente. As lágrimas de dor e humilhação que antes escorriam pela face delicada, cessaram, abrindo espaço para a surpresa.

Assim como o ômega lhe encarava, Jungkook retribuía o olhar na mesma intensidade, porém os sentimentos transmitidos eram opostos. 

Jimin estava impressionado pela imagem que penetrava suas retinas, já Jungkook, se sentia totalmente apreensivo.

— Jungkook? Não escutou? — indagou a mulher, impaciente. — Vou cuidar do meu filho imprudente enquanto você... tire esse ômega da minha frente e não o deixe sozinho pelo tempo em que ele estiver longe do seu irmão... você sabe como os seus primos são. — A mãe o alertou. Conhecendo os sobrinhos sem respeito que possuía, certamente os mesmos cometeriam atrocidades se encontrassem um ômega atraente igual a Jimin, desacompanhado.

— Não — balbuciou Namjoon. — Quero que o Jimin fique comigo... — Agarrou vigorosamente o punho do marido, o fazendo gemer de dor pela força desnecessariamente aplicada. 

Sem pestanejar, Jungkook tomou uma atitude a respeito da cena desagradável e retirou a mão pesada do punho fino. A dor de Namjoon sendo tão agressivo com o ômega, não afetava apenas a Jimin...

— Assim você machucará o seu ômega — alertou a voz potente, Jungkook se encontrava inexpressivo, escondendo totalmente sua inquietação perante aos familiares. — Eu sei que está bêbado, mas tenha cuidado. — Jungkook fixava o olhar em Namjoon, mas assim que notou o pequeno ômega o encarando admirado com os olhos banhados em lágrimas, se perdeu naquele contato insólito.

Antes que Namjoon pudesse retrucar algo incoerente — graças ao seu estado —, a senhora Kim se manifestou apressada:

— Leve logo o ômega daqui! — Demostrou toda a sua fúria no tom empregado.

Ainda em silêncio, Jimin se levantou cabisbaixo, esperando que o alfa tomasse a iniciativa, mas ao perceber que Jungkook continuava parado, o menor o encarou recebendo um aceno de cabeça para que seguisse em frente, o dando a liberdade de escolher para onde ir.

Porém, Jimin não era mais acostumado com tal atitude vinda de um alfa e por isso não entendeu, até que Jungkook se pronunciasse:

— Você pode ir na frente, Jimin. — O menor um pouco atordoado, se virou, seguindo o caminho para fora da mansão, necessitava sair da grande construção que o passava péssimas energias. Jimin sentia a mesma sensação de estar se afogando quando estava no meio daquelas pessoas, o sufocavam.

No momento em que chegou no amplo quintal da residência, Jimin finalizou os passos, abraçando o próprio corpo ao sentir o vento gelado soprar sobre sua pele. O jovem observou que ninguém estava naquele local, estava sozinho com o alfa.

Fazia um tempo desde que se encontrara com Jungkook pela última vez...

—Jimin... — O ômega paralisou ao escutar voz que costumava ser tão forte, ser direcionada para si em um tom suave. — Então... é assim que ele te trata? — Era possível sentir a amargura transmitida na pergunta.

O menor virou o corpo, assistindo Jungkook abrigar as mãos no bolso do blazer enquanto o fitava profundamente esperando sua resposta.

— Não é tão ruim que nem pareceu... é que... ele fica meio alterado quando bebe — defendeu sem firmeza, o próprio ômega sabia que suas palavras não eram verdadeiras, mas não queria Jungkook com pena de si, de qualquer modo, o alfa não poderia fazer nada para ajudá-lo, então era melhor para ele, achar que estava tudo bem consigo.

— Você não merece ser tratado de modo tão rude. — Jungkook se aproximou do menor, queria tanto abraça-lo, sentir a pele quente do outro contra a sua, era o que mais desejava no momento, porém, percebeu a carranca que Jimin direcionou a si e logo se afastou. — Eu senti a sua falta... — desabafou, analisando o corpo pequeno tensionar sem conseguir esconder o nervosismo.

— Por favor, não começa... a gente tinha um passado, mas agora é o presente e eu estou casado com o seu irmão — disse quase sussurrando, se o alfa não estivesse perto, não poderia escutar.

— Eu sei, mas eu ainda estou preso ao passado, Jimin... e eu sei que você também está.

"Eu preciso, mas não posso te cortar fora."

🥀

The Black | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora